Capítulo único

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Por que...amor?


A tarde já ia se esvaindo, os tons de laranja ultrapassavam as persianas e refletiam no tampo de vidro da suntuosa mesa da sala de reuniões. Seus dedos tamborilavam desinteressadamente enquanto encarava sem interesse nenhum o seu reflexo no vidro. Miserável, era o sentimento que lhe corroía por dentro, uma sensação ruim que ia até a boca do seu estômago. O belo e bem-sucedido homem, com seus cabelos negros e lindos par de olhos acinzentados intrigantes. Era rico e invejado por muitos, mas a palavra “miserável” era a única definição que encontrava para si mesmo.

– Levi! – Chamou com a voz embargada cheia de fúria, a mulher de olhos cor de mel lhe encarava com os olhos marejados.

– Foda-se, Petra. Leve o que você quiser. Não me importo. – Dito isso, assinou rapidamente os papéis que selavam o tumultuado divórcio de um casamento que durou dois anos. Casamento que, no final das contas, não passava de um inferno de contrato, que resultou em uma relação cheia de mágoas e traições. Saiu em direção a sua própria sala, passando pelos longos corredores de carpete preto e móveis em tom de mogno. 

Ser um dos advogados mais famosos do país lhe dava privilégios. Dentre eles era que poderia tramitar todo seu divórcio no mais absoluto sigilo. Dividia a sociedade da firma com seus melhores amigos Hanji e Erwin, o último seguia logo atrás dele preocupado cada vez mais com o ar sombrio que tomava de conta do outro.

Chegando na enorme sala, via-se uma janela de vidro que ocupava uma parede inteira, seu carpete era igualmente escuro, sendo a diferença para o resto do escritório era que toda decoração do ambiente ficava nas tonalidades de preto, prata e cinza. Erwin observou silenciosamente Levi abri sua última gaveta e tirar de lá um frasco de comprimidos e uma garrafa de Johnnie Walker Blue Label Ghost and Rare, jogou cinco comprimidos na mão tomando junto com whisky se reclinou na cadeira de olhos fechados.

– O que você quer sobrancelhas? Pretende ficar quanto tempo aí parado me encarando? – falou azedo.

– Fazer algo que melhore esse seu humor que anda mais diabólico que de costume. Vamos Levi, sei que divórcio é uma coisa difícil. Sabe como fiquei mal quando me separei da Marie.

– Sim, um enorme bebê chorão me alugando os ouvidos às três da madrugada.

Erwin fechou a cara ao mesmo passo que Hanji entra na sala.

– Olá meus gostosos e tesudos! O que faremos hoje? Já são quase 18:00 de uma sexta-feiraaaaaa! Sabem que dia é hoje, ein ein? –  Falava animada dando pulinhos - Dia da maldaaadeeeee – Fez uma voz completamente estridente e viu Erwin dando uma risadinha envergonhada e Levi revirando os olhos. Cultivavam uma amizade longa e duradoura, desde os tempos de faculdade.

– Onde planeja passar vergonha hoje, quatro olhos? – Indagou Levi virando a garrafa de whisky na boca.

– Bem, como você já está no esquenta pensei na boate nova que abriu na avenida principal. O que vocês acham?

– Para mim tanto faz, é open bar? – Nesse momento Levi tinha terminado de secar a garrafa.

– Mas é claaaro meu querido! E com uns barmens bem gostosos. E você Erwin, o que acha? -

– Onde vocês forem eu vou. – Declarou o loiro dando de ombros.

– Yaaaaaaay – Comemorou em um grito...


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Depositou a folha em cima da mesa, gesto que lhe tirou um peso imaginário das costas, que fizeram seus ombros relaxarem automaticamente. Era a última prova do semestre e estaria livre. Cumprimentou brevemente o professor e saiu da sala.

Porque... amor? Ereri | RirenOnde histórias criam vida. Descubra agora