— Klara, vem pra cá! — Madison chamou a filha, que correu até à mãe e, com um sorriso envergonhado, a abraçou com a pouca força que tinha.
Um caminhão enorme parou na calçada que rodeava o jardim da casa, dois homens desceram do veículo e começaram a tirar, aos poucos, os itens contidos na parte de trás do veículo. Madison entregou as chaves da casa ao homem mais velho e os acompanhou para dentro do imóvel, indicando onde deveriam colocar cada coisa.
— Senhora Morris, onde coloco isso? — o mais novo perguntou.
— Ali, por favor. — Madison respondeu, apontando para o canto da sala. O homem pousou a mesa no local, voltado à saída da casa para pegar mais alguma coisa.
— Obrigada, James. — Madison respondeu, e nesse momento ouviu seu celular tocar.
Era o marido, Sean. Passaria aquela noite em Los Angeles, supostamente a trabalho e, as encontraria na casa em Washington D.C no dia seguinte.
Madison acabou ficando encarregada de fazer a mudança sozinha com a filha, já que não podiam mais adiar o evento, uma vez que os compradores da antiga casa queriam as chaves o mais rápido possível.O casamento de Madison e Sean ia de mal a pior nos últimos meses. Rodeado de brigas, desentendimentos, dias sem se falar e até suspeita de traição, o casal acabara achando que se mudar poderia ser um recomeço, e assim, poderiam dar à família a esperança de se recompor. Mas, apesar de tudo, Sean continuava sendo pouco presente no dia-a-dia da família, e aquilo prejudicava a relação com a esposa e mais ainda, diminuía cada vez mais a confiança que tinha da filha de apenas três anos.
— Mamãe, o papai não vem? — Klara perguntou, se esforçando para esboçar uma feição não tão triste.
— Hoje não vai dar, meu amor. — acariciou os cabelos da filha — Mas ele vai estar aqui amanhã de manhã! Eu prometo.
— Você jura de dedinho? — a criança perguntou, levantando apenas o dedo mindinho e o apontando para a mãe.
— De dedinho! — Madison entrelaçou seu dedo no da filha e deu um beijo na testa da menina.
A morena pegou a filha no colo e seguiu com a criança até o andar superior da casa.
— Carl, as fotos da organização da mobília estão em cima da lareira. A Klara tem alergia à poeira e a equipe de limpeza ainda vai vir. Quando chegarem, por favor, acompanhe-as por todos os cômodos e qualquer coisa que aconteça, não hesite em me ligar, estarei no shopping. — disse ao chefe da equipe de mudança.
— Sem problemas, senhora Morris. Pode ir tranquila. — o homem respondeu, dando um tchauzinho à criança no colo da mulher.
As duas foram até à parte de fora da casa e entraram no carro. Madison apertou o cinto da cadeirinha infantil da menina e se dirigiu até o banco do motorista. Deu partida no carro e dirigiu até o shopping.
— Você está com fome? — perguntou à filha, que assentiu com a cabeça sem dar muita atenção à mãe e correu até uma loja de brinquedos, onde logo se encantou com a quantidade de brinquedos e cores na vitrine.
— Mamãe, olha aquele urso! É azul! — Klara apontou ao bicho de pelúcia. Era realmente fofo. Seus pelos tinham um tom diferente de azul claro e seus olhos eram grandes e redondos.
— Depois, Klara. Eu estou morrendo de fome. Vou pensar no seu caso e quando estivermos indo embora eu vejo se compro ou não, ok? — Madison explicou sorrindo, e, por mais incrível que parecesse, a menina aceitou.
Geralmente, Klara insistia até que conseguisse aquilo que queria. Era raro chegar ao ponto de se jogar no chão e chorar a fim de ganhar o brinquedo ou doce que queria, mas embora fosse uma criança muito bem educada, Klara costumava tentar ganhar as coisas na conversa. Mas naquele dia foi diferente. Naquele dia, Klara aceitou como se entendesse perfeitamente o porquê de ter que esperar. Segurou a mão da mãe e as duas andaram até à praça de alimentação.
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Suddenly
Mystery / ThrillerAté onde alguém iria para recuperar a própria filha? Madison nunca tinha parado para se fazer aquela pergunta. Pelo menos não até aquele dia. E depois de um acontecimento que tirou dela o bem mais precioso que tinha, a mulher prometeu a si mesma qu...