1 - Príncipe da chuva

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Ressuscitando essa fic pq estava com saudades do plot.

A chuva tinha um significado especial para Eijiro, trazia-lhe sensações que não conseguia descrever em palavras e pensamentos, que o deixavam entorpecido, fossem bons ou ruins

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A chuva tinha um significado especial para Eijiro, trazia-lhe sensações que não conseguia descrever em palavras e pensamentos, que o deixavam entorpecido, fossem bons ou ruins. E, principalmente, lhe dava a certeza de estar vivo o suficiente para se reerguer a cada queda ou se rejubilar frente as promessas de um destino recheado de surpresas, pronto a ser desbravado e vivenciado em toda a sua plenitude. 

Fato era que a chuva sempre estava lá em todos os momentos importantes de sua vida, agindo como um consolo, felicitação ou alerta. Sua mãe lhe contou que choveu quando ele nasceu embora o céu, estranhamente, se apresentasse ensolarado e quase limpo de nuvens, o que a fez considerar um sinal divino, a promessa de que ele seria uma pessoa importante e feliz, com um futuro cheio de realizações e um destino pleno, ao passo que sua tia materna — pela qual não nutria muita afeição — considerou como mal presságio e agouro de que provavelmente ele passaria a vida chorando por planos mal sucedidos e frustrações dantescas.

Raros foram os aniversários em que não chovia, mesmo que por poucos minutos. Certa vez uma querida amiga lhe disse que gostava de sua companhia porque ele trazia a chuva, e o chamava de filho do "deus nuvem". Um príncipe, pois não desconhecia a classificação semi-deus.

Hana era sua vizinha, e foi sua primeira e melhor amiga. A afeição que dividiam era tão forte quem Eijiro afirmava que iriam se casar quando mais velhos. Aos oito anos ela não podia se render a muitas das brincadeiras infantis que entretinha a molecada de sua idade, tampouco passar muito tempo fora de casa, arriscando sua já frágil e debilitada saúde em meio aos demais, a salvo raros momentos em que os pais ou avó a acompanhavam, sempre zelosos e atentos aos sinais.

No fundo do coração, Eijiro sempre soube que aquele corpo mirrado, frágil e enfermo era um invólucro débil, incapaz de conter a alma sonhadora que vivia presa dentro da amiga. 

— Eu gosto da chuva, Eijiro. É gostosa e deixa o meu coração feliz. Meu sonho é poder dançar na chuva por horas sem ninguém me atrapalhar — mantinha um olhar sonhador, atenta a cada gota que se chocava contra o vidro da janela. 

Ela realmente o fez, em um dia de tempestade, bailando sozinha no meio do gramado, batendo os pezinhos, feliz em meio as gotas gélidas que fustigavam seu pequeno e frágil corpo. Eijiro jamais se esqueceria do sorriso do tamanho do mundo que enfeitava seu rosto ainda seus lábios trepidassem pelo frio.

Eijiro a viu quando se aproximou da janela para a fechar. A princípio, ele não a reconheceu por causa da cortina criada pela chuva. Aos poucos, o reconhecimento se apoderou dele o deixando em frenesi, e por alguns segundos ele apenas a assistiu se divertir, recebendo de bom grado os pingos frios que o vento jogava em seu rosto. Sorria de volta para a amiga, intimamente desejando estar em seu lugar, invejando sua liberdade.

Bastou um dedo em sua direção, convocando-o para que ele se propusesse a se juntar a ela. Sem hesitar, Eijiro pulou a janela e correu para o gramado dela, ansioso para brincar. Era como um sonho poder finalmente aproveitar com ela aquele momento.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2022 ⏰

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