P U R P L E S H O W E R

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O céu roxo cor de neon se confunde com a nova cor do teu cabelo. Chove tanto lá fora e dentro de mim um imenso vazio ressonando teu nome. Um mantra ecoando pelas planíces do meu coração. Ela estava só e com as pernas de fora. A chuva fina molhava seus pés brancos com as unhas pintadas de roxo. Usava uma fina bruzinha. O short branco molhou e também deu pra ver a cor da sua calcinha. Também era roxa como o céu dos meus sonhos. Braços cruzados. Olhar assustado como se esperasse alguém que nunca chega. O medo de ter medo de ter medo de ter medo faz eu me manter afastado dela. Faz eu escrever sobre ela. Faz eu esquecer por um microssegundo quem eu sou enquanto tento criar um significante que não existe. Apenas para chamar teu nome dentro de mim sem que nem eu mesmo saiba disso. Por outro microssegundo teu olhar cruza com meus olhos fixos que saem do transe quando lembro que cada escolha é uma renuncia e de que não podemos ter tudo mas tentamos em vão. As vezes acho que sofremos apenas por diversão. Indo pra casa, a imagem e o som do céu roxo continua ressonando dentro de mim pelas curvas da estrada molhada e eu só consigo pensar na cor da calcinha dela. Cara, eu não valho nada! Nada! Chegando em casa sigilizei teu nome na palma da mão e toquei guitarra a noite toda. Sonhei que ela era chuva e quando acordei compus essa canção.

P U R P L E S H O W E RWhere stories live. Discover now