Apontador

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No verão do início de 2008, nossa história começou.

Já havia passado do horário do almoço quando a jovem Isabela Oliveira chegou ao Hospital C.F.C (Com Fraterno Carinho), atrasada. Sua mãe, a renomada médica Franci, deveria estar esganando-a mentalmente, pois precisava com urgência dos documentos que a filha estava trazendo. Por isso, a garota se apressou em direção a entrada e esbarrou em alguém, uma garota da mesma idade, e todas as folhas se espalharam pelo chão.

- Ah! Sinto muito! Você está bem? - perguntou a jovem, chamada Nathalia Ramos, ajudando a outra a se levantar.

- Está tudo bem. Acidentes acontecem. - Isabela respondeu com um sorriso educado e ambas as garotas começaram a recolher as folhas. Quando já haviam terminado, uma louca, por assim dizer, vestida com as roupas dos pacientes do hospital, ia correndo em direção a elas com um segurança logo atrás.

- Vocês duas! Segurem-na! - o homem gritou. Elas o fizeram mas, infelizmente, devido ao impacto, as folhas, novamente, se espalharam por todo o saguão quando elas caíram, estateladas, no chão.

- Suas encapetadas! Porque me impediram?! - a fugitiva Rebeca Maciel protestou.

- Senhoritas! Todas as três terão de me acompanhar até a sala de suas mães agora mesmo! - o segurança mandou, deixando as meninas confusas.

- O que vocês aprontaram? - as três mulheres, as sócias, donas do Hospital perguntam assim que elas entram acompanhadas pelo segurança.

- VOCÊS?! É tudo culpa dela! - Nathalia e Isabela gritaram em protesto apontando pra terceira.

- Filha, querida? Você não deveria estar no quarto se recuperando? - a Sra. Carmem Maciel, uma famosa psicóloga, questiona atenciosamente.

- Ela?! - as duas meninas exclamaram juntas novamente, surpresas.

- Essa capetinha em forma de gente é sua filha, Sra. Carmen? - diz Isabela.

- Filha! Olhe seus modos! - repreende Sra. Franci olhando para a filha.

- Dicupa, mãe. - pede a jovem num sussurro fofo, envergonhada pela bronca.

- Só por isso as três irão estudar juntas a partir deste ano. - fala seria a Sra. Cristiane Ramos, uma grande e conhecida pediatra e nutricionista.

- Não! - as três meninas reclamam.

- Mãe! Tudo, menos isso! Me manda de volta pro reformatório! - pede Rebeca recebendo olhares assustados das outras duas.

- Não. Você vai estudar com elas para ver se prende bons modos, já que nenhum dos cinco reformatórios que você frequentou deu jeito. - a mãe respondeu.

Com isso, dado um ponto final no assunto, todas saem da sala irritadas, com muito raiva, pois odiavam ser contrariadas, e seguiram cada uma por uma direção.

No primeiro dia de aula do quinto ano do fundamental do Colégio Olívio Frontelli , os motoristas de cada família deixou as jovens em frente ao portão as 7:00 em ponto. Por mais que tenham se encontrado se ignoraram completamente. E para a sorte delas, ou não, o primeiro tempo era Matemática, que por mais que duas delas até gostassem da matéria, a professora era insuportável. E por conta dessa insatisfação e revolta delas, resolvem pegar a primeira coisa que virem e atirar na professora, que por acaso, em todos os casos, foi um apontador.

- Ai - a professora arfa pela dor. - Quem foi que fez isso?

A turma inteira ficou em silêncio, e por conta disso a professora contrariada sai de sala, para ir, provavelmente, a diretoria. Então Rebeca levanta e se pronuncia.

- Quem falar vai se arrepender de ter nascido. - ameaça. Deixando o clima e os colegas tensos, pois todos sabiam quem ela era e que ela já havia passado por vários reformatórios.

- É melhor ninguém dizer nada mesmo, pois se o fizerem vão sofrer as consequências. - Nathalia diz também de pé, reforçando a ameaça.

- Alguém vai ter que levar a culpa, seus merdinhas. - manda Isabela com um sorriso, sabendo de dessa vez ninguém iria contrariar sua vontade.

Depois disso, as três se olharam e sorriram maliciosamente, pois sabiam que juntas formavam um grupo muito imponente e de certa forma imprevisível, para elas, porque nunca haviam imaginado que fossem virar cúmplices e, com certeza, mais tarde, boas amigas.

Vidas Apimentadas e PerigosasOnde histórias criam vida. Descubra agora