Vidas Apimentadas e Perigosas

Aprontando

Narrado por Rebeca

Bom... Sou Rebecca, mais conhecida como Beca. Vou falar como e a aparência da encapetada do grupo, ou seja, eu. Tenho cabelos cacheados preto, olhos castanho claro, sou magra. Meu único amor verdadeiro é o meu Diamante Negro, além de tocar violão. Sou o mau-humor em pessoa, se me virem na rua ou em qualquer lugar, não mexam comigo, vai tomar um fora logo de cara, só aviso.

Já era sexta, último dia de aula. Eu e as meninas chegamos mais cedo no colégio para arrumar as coisas. Eu, como a "aluna dedicada" que sou,  fui tacar fogo no histórico do colégio, já a Isa foi colocar bombinhas nos banheiros e a Nath foi colocar pó de mico nos ventiladores da secretaria. Sério, eu A-M-E-I essas ideias! Isso sim é acabar o ano letivo com estilo. Então após termos terminado os preparativos, saímos sem sermos notadas, tipo as "Três Espiãs Demais", e esperamos até o horário normal de entrada chegar e tudo acontecer sem estarmos lá. Porque somos inocentes, sabe? Não temos nada haver com isso.
Quando, enfim, bateu o sinal teve um breve silêncio, logo seguido por gritos e sirenes de incêndio. Sorrimos  vitoriosas e fomos andando em direção ao colégio como se nada houvesse e estivesse acontecendo. Logo vimos nossos pais, no pátio em frente ao colégio, rindo muito. Não gostei disso. Tomara que o motivo dos risos não seja o que aprontamos. Porque só a gente podia rir disso! Mais ninguém! Rum! Agora to revoltada.

-Por que  estão rindo tanto?-pergunto incomodada com isso.

-Você ainda pergunta?-responde meu pai sem parar de rir.

-Foi a melhor ideia que já tiveram! Que foda! -fala o pai de Isa animado. Nos fazendo rir sem graça e surpresas por ele ter aprovado a bagunça.

-Tenho orgulho de ter presenciado isso! -diz o pai de Nath orgulhoso. Ok. Definitivamente nossos pais não são desse planeta. Acho que eles são de Marte.

Depois disso ouvimos nossos nomes sendo chamados pelo interfone pela voz da diretora Niara, ou como eu chamo, a diretora "Diaba".

-"Senhoritas Oliveira, Maciel, Ramos compareçam na secretária, urgentemente! Nem ousem fugir, mocinhas!"

-Fudeu! -exclamamos juntas, engolindo em seco.

-Mais uma escola que saio fazendo merda, me sinto realizada, já não gostava daqui mesmo. -digo orgulhosa, dando os ombros.

Chegando na secretária, nossas mães nos olham com uma cara furiosa, nos fazendo se encolher e querer nos escondermos apenas da porta de tanto medo que dava.

-O que vocês tem na cabeça de fazer uma merda dessas!? -repreende minha mãe

-Calme-se, Senhora Carmem. Pode deixar que irei resolver isso. -fala a diretora tentando acalmar minha mãe. Tarefa impossível na minha opinião, conclui isso através dos anos. Logo chegaram nossos pais na secretária, com uma cara de deboche. O que com certeza não ajudou nada, na verdade, acho que só piorou, pois a aura de raiva e decepção vinda das nossas mães aumentou.

-Isa, foi você que colocou bombinha no banheiro, né? -diz o pai de Isa com um sorrisinho de lado.

-Eu sou inocente! -contradiz Isa fazendo cara de anjinho e levantando as mãos.

-Bom... Nós todos sabemos que foram elas três que aprontaram, já que as câmeras no colégio as flagraram. Eu as expulsaria, porém como nosso ano letivo acabou e vocês passaram com destaque, não posso fazer nada. Então seus pais apenas terão de pagar pelo estrago.-conclui a velha da diretora, parecendo um tanto desapontada por não poder fazer mais nada com a gente.

Depois de levar um belo de um esporro das três mães, que pareciam uns demônios de tão bravas, porque tava assustando muito. E os pais só rindo muito, como sempre. Eu e as meninas fomos pra casa da Isa pra comer chocolate, comemorar a nossa saída com estilo do verdadeiro inferno. Só gostei dessa escola porque virei amiga da Nath e da Isa. Amo elas, foram minhas únicas amigas. Sempre fui anti-social e amo ser expulsa, meio óbvio né? Mas, vamos combinar, é muito foda sair de cinco reformatórios, aí você para em uma escola nova e as pessoas já ficam com medo.

Chegando lá, corremos pro enorme quarto da Isa e começamos a festejar.

-Isa, vai pegar a tequila! -peço animada.

-Já? -fala Nath espantada.

-Lógico né? Temos que comemorar!-Isa fala trazendo a tequila.

-Mas... Ah, foda-se!-diz Nath pegando os copos, estilo aqueles de festas americanas.

Começamos a beber e colocamos música eletrônica pra tocar até que Isa  tem uma idéia:

-Bora fazer um vídeo?

-Happy!-sugere Nath super animada, já colocando a música.

Pego a câmera e coloco ela pra filmar a gente dançando. Tiramos nossas blusas na animação e ficamos só de top, girando a blusa e com um copo na mão. Até que a música acaba,e já começamos a cantar outra que seguiu:

-"Joga o copo pro alto,vamos beber! Eu to cheio de dinheiro, vamos beber!"-estávamos pulando com o copo na mão e gritando.

Aí eu pego a segunda garafa de tequila e começo a nos servir, até que a porta se abre e o pai da Nath entra falando:

-Meninas as mães de vocês querem... -ele não consegue terminar a frase surpreso, ficando com a boca aberta que nem um bocó.

-Puta merda e agora? -pergunta o pai da Isa entrando no quarto também.

-Já sei! -diz meu pai com um sorriso, já com todos no quarto.

Os pais se olham e dão um sorriso malicioso. Pegam nós três pelos cabelos e tacam a gente na hidromassagem da suíte da Isa pra cortar o efeito do álcool, depois do banho gelado a força, colocaram roupa na gente e levaram a gente pra baixo segurando nossos braços com força.

Nos sentamos no sofá e minha mãe pergunta:

-Filha, você está bêbada?-diz preocupada e brava.

-Não, mãe, to com sono... -falo lerda com a voz arrastada.

-Meninas, precisamos conversar. -fala a mãe de Nath séria.

-Como punição pelo que aprontaram... -diz minha mãe fazendo um suspense.

-Vocês vão pra um colégio interno.-conclui a mãe de Isa.

-Tá, tá... Vocês estão certas. Tchau. -fala meio grogue Isa saiu meio tonta.

-Quer ajuda? -perguntou Nath saindo rindo, e as duas subiram as escadas abraçadas, quase capotando.

-Já acabaram? Vou subir porque to com sono. -digo e subo as escadas até o quarto da Isa.

Elas já estão dormindo, parece uns anjos. Pena que estão jogadas na cama. Caio no tapete, aproveito e pego uma almofada e rapidamente apago.