A Jornalista

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A faculdade não era tão boa quanto esperava, já pensara em desistir tantas vezes que tinha medo que seu pai já tivesse descoberto sua má vontade em fazer isso, e seu medo de decepcionar era mais forte que seu desejo de viajar o mundo, então permaneceria nessa rotina por mais um tempo, quem sabe tal ocupação não a levasse para viajar pelo globo, então tentava se animar a cada dia que chegava cheia de sono na sala de aula.

Sua rotina tinha mudado de forma abrupta nos últimos meses, um amigo do seu pai tinha lhe arranjado um estágio na rádio da cidade, então começou a trabalhar no período da noite/madrugada como assistente do apresentador de um programa sertanejo que passava de madrugada e ninguém nunca ouvia, mas ele era dono da rádio afinal, amigos de todas as pessoas velhas da cidade, fez fama com seu sensacionalismo em que todos acreditavam, mesmo depois de apurações mais específicas.

Então de uma forma estranha, rapidamente teve uma oportunidade de apresentar o programa que era antes do sertanejo, antes mesmo que pudesse negar o projeto, seu pai já tivera feito uma festa de comemoração. Logo teve um programa totalmente diferenciado, mas que ainda tocava sertanejo por pedido do dono da rádio.

Aproveitou essa oportunidade para tornar o programa mais seu, então trouxe algumas novidades que pareciam dar certo, sua interação com pessoas que moravam fora do país, nos lugares que ela sempre quis visitar, atraiu um novo público e era sua chance de conhecer mais sobre o mundo, então as músicas com traduções simultâneas voltaram a se tornar uma sensação entre os jovens da cidade tanto que seus colegas de faculdade não faziam ideia de que ela odiava sua rotina.

Não dormia bem, estudava em outra cidade, tinha que viajar por quase 2h horas e ainda chegava atrasada no primeiro horário, pois mesmo que a van fosse lhe buscar na porta da rádio assim que terminava seu programa, ainda assim tinham outros passageiros a serem pegos pela cidade, e isso a atrasava, e não podia nem ao menos cochilar no caminho, sempre se sentiu mal viajando e nem seu cansaço conseguia vencer sua ansiedade em estar ali, então geralmente dormia nos intervalos das aulas e durante a tarde quando chegava em casa e nem mesmo almoçava.

Demorou a se acostumar com essa rotina, ou talvez nunca tenha se acostumado, mas era necessário, tentava manter esse pensamento sempre que não tinha mais ânimo. Assim, estava ela, exausta, em frente ao microfone, quando subitamente falta energia, o gerador resolveria logo, não resolveu, detestava o escuro, chamou pelo segurança que não atendeu. Tentou se acalmar, nem percebeu que dormiu, mas quando acordou, a energia oscilava, mas os monitores estavam ligados, a rádio transmitia em uma frequência que ela desconhecia.

Alguém hackeou o sistema, chamou pelo segurança, a porta que era eletrônica não abria,começou a elevar o tom de voz, até que gritava em desespero, a energia continuava oscilando as luzes das lâmpadas, seu celular não mostrava nada,sabia que estava transmitindo algo pelo que aparecia nos monitores. Ouve o segurança pedindo para ela se acalmar, mas juntamente a voz do vigilante,também chegava ao seu ouvido muitas outras vozes, inaudíveis a princípio, masque ela reconheceu em alguns momentos. "Isso não é uma invasão, é uma salvação

Invasão/SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora