No princípio era o caos...

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Eu não faço a mais remota ideia do que está acontecendo entre mim e P'Tew e não gosto disso.

Faz meses que nós nos vemos todos os dias. Ligamos um para o outro entre os meus intervalos da faculdade, almoçamos juntos. Quando saiu do estágio ele já está me esperando. Essa se tornou a nossa rotina.

Ouviu o que eu falei? ''Nossa rotina''.

Nunca havia olhado para um garoto dessa forma, nem para nenhuma garota ou qualquer um, sinceramente eu sempre considerei a maioria das pessoas muito desinteressantes. Minha mãe costuma dizer que nasci velho e carrancudo, ela tem razão.

Não é que eu seja sempre assim, eu riu e me divirto, do meu jeito, mas geralmente não tenho muita paciência, o que me faz uma pessoa difícil de se conviver. Quando entrei na faculdade tentei fazer as coisas diferentes, conhecer pessoas e toda essa porcaria que todo mundo costuma fazer, por um tempo deu certo e fiz alguns colegas, então me colocaram como tesoureiro da turma, eu fiquei responsável pelo dinheiro do nosso fardamento e acabei perdendo, não sei como, mas ninguém quis saber o meu lado, ninguém se importou comigo, começaram a me julgar, a falar pelas minhas costas, mesmo quando meu pai reembolsou todo o valor, todas as pessoas que eu teria de conviver por anos me viraram as costas, então achei melhor pedir a transferência de universidade e esquecer tudo aquilo.

Vim para essa faculdade com o único intuito de passar despercebido, mas já no meu primeiro dia percebi que teria problemas com o modo de agir dos meus veteranos e sua recepção ridícula, cheia de gritos e ordens, como se estivéssemos no exercito, me deram um caderno e mandaram que eu recolhesse assinaturas pelo campus. Faça-me o favor né.

O caderno permaneceria intocado em minha mochila não fosse a aproximação de P'Tew, daquele momento em diante ele parecia surgir onde quer que eu estivesse, confesso que lá pela décima vez sua presença já não me causava tanta aversão quanto antes, chegava a ser divertido [mesmo que eu não demonstrasse isso], ele parecia sempre tão animado em me ver, era como se minhas ofensas entrassem por um ouvido e saíssem pelo outro sem que ele tomasse conhecimento delas, ou talvez de alguma forma miraculosa ele tenha percebido que esse é meu jeito de manter as pessoas afastadas.

Mas não funcionou, nenhuma vez sequer, ele continuou me convidando para participar das atividades dos calouros, me fez amarrar aquele cordão ridículo no pulso, me acompanhava todos os dias na van quando eu visitava minha vó no hospital e mesmo quando ele já não precisava ir para o estágio continuou me acompanhando e até conheceu minha vó, que até hoje pergunta por ele.

Inicialmente eu não entendia o motivo dele querer estar sempre comigo, mas ai fui levado a força para um barzinho onde encontramos um ex aluno e acabei descobrindo que nós temos o mesmo número de matrícula

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Inicialmente eu não entendia o motivo dele querer estar sempre comigo, mas ai fui levado a força para um barzinho onde encontramos um ex aluno e acabei descobrindo que nós temos o mesmo número de matrícula. Então sendo meu veterano e meu sênior de matrícula imaginei que ele se sentisse na obrigação de cuidar de mim e isso doeu, doeu de uma forma que não pudi compreender naquele momento e permaneceu doendo por um longo tempo.

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