- Por que você está me obrigando a fazer isso? – Ella estava completamente indignada de passar o sábado em um jogo de escape.
- Porque a Bea está estudando e você não pode beber!
- Nem me lembre disso! Por que mesmo eu fui fazer o exame sexta? Agora eu só quero encher a cara e você não me deixa!
Ignorei a pergunta para a qual eu não sabia a resposta e a puxei pelo braço. Ela estava esperneando igual a uma criança, tanto que entrei na sala de costas para puxá-la com mais força.
- Acho que mudei de ideia. Olha que gato! - até a expressão no rosto dela mudou.
Olhei para a direção que ela estava olhando e vi um homem alto e esguio. Estava com uma camisa social, calça cáqui e tinha um sorriso muito bonito. O cabelo na altura dos ombros e um sotaque estrangeiro.
- Francês? – Escutei Ella perguntar.
Não soube responder e a puxei para os nossos lugares.
- Olá, eu sou o Vlad, - é russo então, - eu vou acompanha-los no jogo de hoje. Tomarei notas a fim de melhorar a experiência em encontros futuros. Preciso os informar que o jogo não é recomendado para quem tem claustrofobia, epilepsia, problemas cardíacos ou respiratórios. É um jogo colaborativo, no qual não existem vencedores ou perdedores, só existe o tempo que vocês demorarão em resolver os enigmas. Caso alguém se sinta mal, por favor, se reporte a mim e use a palavra chave: Lua.
Ao fim de todo aquele discurso nenhum de nós teve coragem de falar nada. Ele encarou todos na sala esperando por dúvidas. Elas não vieram. Então uma porta se abriu e ele nos convidou a entrar.
Era uma sala com três portas, um enigma simples. Uma cadeira estava ao centro dela. As paredes eram claras e tanto o piso quanto o teto eram escuros e manchados. A porta pela qual entramos se fechou e o jogo começou. Pessoas sentaram na cadeira. Tentaram movê-la. Alguns insistiam que a porta correta era a central, porque estava alinhada com a cadeira. Foi quando uma mulher subiu na cadeira e, ao tocar o teto bem acima de sua cabeça caiu uma chave.
A porta da direita era a correta. Na sala seguinte não pareciam ter portas além da de entrada. Algumas pessoas sugeriram que estávamos no lugar errado, era somente uma sala vazia. Então eu enxerguei um padrão no piso e apontei para isso. Um senhor disse que era só o piso, mas Ella viu que em um ponto específico o piso estava invertido. Alguém tentou movê-lo e encontrou uma escada.
As pessoas desceram com pressa. Pareciam estar começando a se envolver no jogo. Vi Ella ir atrás deles e a segui. O local seguinte era úmido e apertado. As pessoas estavam investigando uma irregularidade na parede quando uma moça desmaiou ao meu lado. As pessoas estavam tão absortas que poucas perceberam. Eu estava raciocinando na pista e fui pega de surpresa, por isso demorei alguns segundos para ver que era Ella.
Por sorte Vlad estava perto de nós e nos levou para fora no caminho por onde viemos. Paramos na enfermaria. A moça gentil que nos atendeu perguntou se Ella tinha histórico de claustrofobia ou qualquer uma daquelas doenças sobre as quais fomos avisados no início. Com a negativa ela ofereceu um remédio para o enjoo. Minha amiga já tinha aceitado quando eu lembrei.
- Tem problema uma grávida tomar esse remédio?
Vlad arregalou os olhos e Ella corou. Acho que ela não queria que ele soubesse. Mas não liguei. A saúde dela e do meu potencial afilhado eram mais importantes que um flerte.
- Ela está grávida? – Perguntou a enfermeira.
- É só uma suspeita. - Ella tratou de explicar.
A enfermeira ofereceu outro remédio e nos mandou para casa.
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Conto numero 1
RomanceLuara faz faculdade de administração e se encontra perdida em relação ao seu futuro, ao mesmo tempo ela aprende a lidar com os problemas de suas amigas e os homens ao seu redor parecem tentar deixá-la louca.