Capítulo 3

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Olhos. Mãos. Lábios. Cheiro. Volume. Suor. Música. Proximidade. Despertador.

Acordei e revirei os olhos. Mais um sonho com aquele sujeito da festa. "Ele provavelmente é de longe, não trocamos nenhum contato, ele sumiu, nunca mais vou ver aqueles olhos." Repeti meu novo mantra matinal e levantei. A vida me aguarda!

Primeira aula e já estou me arrependendo de pegar essa matéria de escrita ficcional, às sete horas da manhã. Sento no fundo, com meu moletom quentinho e espero que o professor não apareça. Pedido negado. Sete e quinze ele entra na sala pedindo desculpas pelo atraso e pergunta quais alunos não são do curso de letras para ele poder aplicar uma avaliação de nivelamento. Eu e mais umas quatro pessoas levantamos a mão e ele nos avisa para entrar em contato com o monitor.

- Senhor Manoel, gentileza sua se juntar a nós. Essa é o que? A quarta ou quinta vez que faz essa matéria?

Olho para o lado e reconheço os olhos castanhos e o sorriso charmoso.

- Obrigado pela recepção, professor. É a terceira, mas eu só repito de propósito porque gosto muito da sua aula. – disse ele ironicamente.

Percebi uma pequena movimentação das meninas que pareciam mais novas e estavam nas primeiras carteiras. Uma comentou algo com as outras e deu tchauzinho para o Manoel, ele sorriu de lado e bateu uma continência de dois dedos. Conquistador.

- Hey! Eu não te conheço de algum lugar?

Estava quase na porta da sala, ao término da aula, quando percebi que ele estava falando comigo. Prendi a respiração e olhei para ele.

- Se você me imaginar com glitter em todos os lugares possíveis e imagináveis talvez me reconheça.

- Festival de verão de Arraial? Era você?

- Uma das muitas, provavelmente. – Ele deu o mesmo sorriso de lado e não respondeu. Estava indo embora quando estupidamente falei: - Hey, é verdade aquilo sobre a terceira vez que faz a matéria?

- É sim. – disse rindo, enquanto se afastava.

Conto numero 1Onde histórias criam vida. Descubra agora