A Noiva | Ezequiel 16 [CONCLUÍDO]

3 | À Beira da Morte •

"eis que ajuntarei todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também todos os que amaste, com todos os que aborreceste; ajuntá-los-ei de todas as partes contra ti e descobrirei as tuas vergonhas diante deles, para que todos as vejam."
‭‭Ezequiel‬ ‭16:37‬

   Cada vez mais distante do Rei, cada vez mais fiel aos estranhos, cada vez mais impura decidiu ornamentar sua tenda.
   Com os vestidos que o amado lhe dera fez tendas. Usou de cores para as enfeita-las, tirando a pureza de suas vestes; os tingiu das mais diversas cores para chamar a atenção dos homens que por ali passavam. Fez tendas como nunca vistas antes. Ela sujou o que o Amado havia limpado. Se entregou como nunca antes, e ali não lembrava mais de sua aliança. Ela desejou o mundo lá fora. Ela esqueceu o Amado.

   Pode uma noiva esquecer de seus enfeites nupciais? Pode uma jovem se esquecer de suas joias as quais se enfeita? Porém o Amado jamais esquecerá da aliança que com ela fez. Jamais esquecerá sua amada.

   Ela tinha tudo o que o Rei lhe dera, mas dEle não se lembrava mais. Os vestidos, as jóias, o óleo; todas essas coisas usou longe dEle. Pois dEle não se lembrava mais. Ela não se lembrava do dia em que ele limpou suas feridas, não lembrava do dia em que recebeu seus adornos. Ela não se lembrava.

   Com suas jóias de ouro e prata, as jóias que o Amado lhe deu, derreteu. E com elas fez estátuas de homens. Homens que não eram o Noivo, Ele não tinha necessidade de tal pois ela o tinha por inteiro, mas ela não se lembrava mais dEle.

— Tome, faça mais. —Dizia ela entregando mais de suas jóias para que fossem derretidas e feitas mais estátuas. Seus ídolos. A noiva se entregou para seus deuses falsos.

   Pegou seus vestidos bordados e colocou diante das estátuas.

   Ah, Jerusalém, por que feristes o Noivo?

  Diante das estátuas também colocou os perfumes e o óleo, estes também dados pelo Rei. E assim o fez. Do Rei ela com certeza não se lembrava mais.

   Onde guardastes as memórias daqueles tempos, amada? Onde as escondestes? Por que não lembras da compaixão e do carinho? Mas o amado jamais se esquecerá da aliança que com ela fez. Ele não esquecerá do casamento.

— Viajarei —Dizia aos homens que ali estavam enquanto ela desarmava as tendas — Não posso ficar aqui, irei para terras distantes.

   Então assim o fez. Viajou para outras terras e lá armava suas tendas e repetia todos os processos feitos antes. Continuava a não se lembrar do Noivo. Foi para terras distantes, se distanciava cada vez mais e mais; mas mesmo assim não se fartava sua ansiedade. Agia como uma meretriz, Jerusalém! Como podes ser tão fraca?

   Armava sua tenta em cada rua que estivesse disponível. Coração fraco que se entregou aos próprios desejos, que se aproveitou da fama vinda do Rei, da formosura vinda do Rei. Ela se vendeu, ela esqueceu do noivo que dela cuidava com tanta graça; preferiu os homens que dela não sentiam amor algum. Como fostes tão fraca?

   Chegou a rejeitar o dinheiro dos outros. Foi tão fraca, e essa tua fraqueza a levou para tão distante do noivo. E ao invés do teu Amado, preferiu deleitar-se com estranhos. Deu todos os presentes que o Amado lhe dera para estranhos. E mesmo assim não se fartava.

    Deu suas sandálias de couro, ficando assim descalça. Seus vestidos, sujos, usava para enfeitar seus deuses. Suas jóias dava aos homens que em sua tenda entravam.

    Nas praças começou a erguer altares aos deuses que fizera com suas jóias e lá lançavam tudo que tinham de mais precioso. No meio de todos estes atos não lembrou nenhuma vez de sua mocidade.
    Construiu um templo para seus deuses falsos, e lá você cuidava deles. Oferecia seus perfumes, suas jóias e seu óleo para eles. A cada momento manchava cada vez mais sua beleza.