Um assassinato sem nenhum culpado.
Uma loucura que cresce e contagia.
Um poder descontrolado que assusta a todos.
A escuridão vai tomando conta aos poucos do corpo das pessoas, a cada ano que passa, a cada aniversário que se comemora. A pergunta ce...
O som de suas botas pretas na rua molhada se mistura com as batidas do bar Touro Louco. Sua capa, molhada e pesada pela chuva fina que insiste em cair, mistura-se com a escuridão que já chegou faz tempo. As madeixas brancas, herança única da família materna, movem-se dentro do capuz com o vento frio que chegou no fim da tarde.
As mãos, cobertas por luvas vinho aveludadas, abrem a porta do estabelecimento que tanto ouviu falar. Os olhos acizentados varrem o local como a vassoura da mulher de roupa pornográfica. Homens de todas as idades preenchem o local olhando para as funcionárias semi nuas que servem drinks voando ou dançam para sobreviver. Ajeitando o capuz para não mostrar a face, ela se direciona ao balcão movimentado, conseguindo por sorte sentar em um banquinho de madeira. A maioria dos barmans servia no ar com suas asas das mais variadas cores. Porém, o único que não possuía asas veio lhe servir.
"Um humano", pensa.
- O que deseja, rapaz? — Puxando mais o capuz e engrossando a voz, ela pede um whiskey com muito gelo. Sua bebida preferida.
Logo que ele se afasta um pouco, repara em seus fios loiro escuro presos em um coque samurai feito às pressas. Observa, então, seus braços cheios de tatuagens prepararem habilmente a bebida (o que não é difícil) e seus dentes superiores prenderem o piercing com o lábio inferior ao verem uma mulher de cabelo negro longo entrando no local.
- Aqui está sua bebida.
E sai, deixando-a na privacidade que ela sempre gosta. E depois, no momento que esvazia seu copo, deixa um bract* sobre o balcão e levanta do banquinho para ir em direção à porta.
Passo após passo Emilie se afastava mais daquele bar que certamente não iria voltar tão cedo.
As luzes dos postes piscam e as gotas acumuladas em árvores caem sobre sua capa negra que nem secara completamente. Finalmente, quando não há mais sinal de humanos/místicos ela a retira, — colocando dobrada no braço direito — deixando suas asas estreladas como a noite à mostra. As asas, com formato das de borboleta, são pretas com detalhes em variações leves de roxo e azul e pontos brancos, deixando-as com a aparência de galáxia. Por isso Emilie sempre gostou de astrologia, ficando horas e horas checando seu telescópio para aprender algo novo. Dando um impulso com o pé direito ao mesmo tempo que bate as asas medianas, começa a flutuar cada vez mais alto. Assim, curva-se para frente e aproveita o vento frio batendo em sua face.
Não demora muito e Emilie avista a janela aberta de seu quarto. Curva-se para baixo, como se fosse dar um mergulho, e pousa no seu tapete branco felpudo. Rapidamente, ao ouvir passos apressados vindo do corredor, deixa sua capa na poltrona cinza e se joga embaixo dos lençóis de sua cama grande.
-Senhorita Emily Louise? Desculpe lhe acordar no seu momento do seu descanso, mas creio que seja uma notícia muito importante. — A criada se aproxima receosa — O Rei foi encontrado queimado em uma cabana abandonada no meio de uma floresta humana. Acreditam que possa ter sido um ataque rebelde... — Ela dá uma pausa, um pouco animada até — A Senhorita irá assumir o trono de Marjorie.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Bract: moeda de prata cintilante
Oii galera!! Gostaram do primeiro capítulo?? Espero que sim!! Esse foi pequeno para introduzir só, os outros terão mais ou menos o dobro ou o triplo de palavras, dependendo do capítulo.
