Capítulo 5 - Let Me Entertain You

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O público gritava e batia palmas no ritmo da bateria. O coração de Marina acelerou tanto que parecia que ia pular de seu peito. Presenciar um show do Queen era seu sonho e estava se tornando realidade.

Mary entrelaçou seu braço com o da brasileira e ela não tinha certeza se foi pela expressão de pura admiração em seu rosto ou se era porque ela parecia prestes a desmaiar a qualquer momento.

Quando o choque inicial passou, Marina teve que se segurar muito para não cantar junto. Ela compensava isso, é claro, dançando e gritando. Mais de uma vez, os meninos a viram pulando de mãos dadas com Mary e seus gritos podiam ser ouvidos em diversos momentos, como por exemplo enquanto John fazia seu solo em Liar, o que acabou arrancando uma pequena risada do próprio baixista. Eles acharam engraçada sua empolgação sendo que era seu primeiro show do Queen.

Quando começaram a tocar The Night Comes Down e o clima do show se acalmou foi que a ficha de Marina caiu. Ela pensou em todos os momentos em que se sentia triste, colocava os fones no ouvido e dançava pelo seu quarto, ou até mesmo quando seu pai costumava tocar violão e ela o acompanhava cantando.

Inconscientemente, lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas, isso, não passou despercebido por Roger, que mesmo de cima do palco e não enxergando direito, conseguiu distinguir os rastros molhados nas bochechas da menina.

O resto do set passou bem rápido e quando se deu conta, Marina estava se afastando da lateral do palco, dando passagem para os meninos e os seguindo novamente para o camarim.

"E então Mar, o que achou?" Perguntou Freddie, enxugando o suor do rosto com uma toalha. A menina riu com o apelido.

"Foi...incrível, maravilhoso, estupendo!" Respondeu. Palavras nunca seriam suficientes para descrever o misto de emoções que ela sentia.

"Você pareceu bem emocionada uma hora lá, tá tudo bem?" Perguntou Roger pegando uma garrafa de água em um frigobar e tomando quase ela inteira em alguns goles. Marina se olhou no espelho e viu que com o choro, sua maquiagem havia borrado. Ela passou as mãos pelo rosto tentando limpar as manchas.

"Sorry, eu me emocionei. A música de vocês é...eu nem sei como descrever, ela faz a gente sentir uma explosão de emoções. E a forma com a qual Freddie se porta no palco, você coloca seus sentimentos em cada palavra, é mágico." Disse, já sentindo as lágrimas voltarem aos seus olhos. Freddie andou até ela e a envolveu em um abraço, depois fez um sinal com a mão para que Mary se juntasse a ele, os outros rapazes se juntaram a eles logo depois no abraço em grupo.

"Não sabia que nossa música era capaz de causar essa reação em alguém" Disse Brian com uma risada enquanto guardava a guitarra.

"Já podemos te considerar nossa fã número um?" Disse Roger limpando a maquiagem com um lenço. Marina corou.

Os rapazes tiraram os restos de maquiagem e se trocaram. Roger voltou para o palco para desmontar a bateria enquanto o resto do grupo se sentou em volta de uma mesa, Freddie pediu uma rodada de chopp para todos eles. Enquanto riam e bebiam, Marina se sentia acolhida, como se os conhecesse a anos. Teoricamente, ela conhecia.

Assim que Roger se juntou a eles, Freddie pigarreou, chamando a atenção de todos.

"Então, eu estive pensando..."

"Bem, isso é perigoso" Brincou Brian, tomando um gole de sua cerveja. Freddie revirou os olhos.

"Anyway, como eu dizia, eu estive pensando. Marina, querida, o que acha de trabalhar com a gente?" Perguntou.

"É...o que?" Ela pensou ter ouvido errado por um momento. Era bom demais pra ser verdade.

"Nós estamos crescendo e precisamos de um assistente, alguém para nos ajudar nos ensaios, distribuir cartazes, marcar shows, promover a banda, esse tipo de coisa."

Marina ficou pasma. Muita coisa havia acontecido em um dia só, era demais para ela absorver.

"Fala sério? Mas por que?" Perguntou, olhando para os outros membros da banda. Mary a olhava com um sorriso encorajador.

"Eu vejo algo em você, não sei bem o que é, mas confio em você." Disse Freddie.

"Pense nisso como um acordo, você mora conosco e em troca nos ajuda. Assim todos saímos ganhando." Continuou. Realmente era tentador, mas Marina ainda assim estava em dúvida.

"Mas deve ter tanta gente mais capaz do que eu." Disse.

"Nunca vimos ninguém reagir a nossa música da mesma forma que você. Quer dizer, você chorou e não foi por ter achado uma merda." Brincou Brian, fazendo a menina rir.

"Vocês estão todos de acordo com isso?" Perguntou novamente, ainda desacreditada.

Freddie, Brian e Roger olharam para John, que não havia se pronunciado até agora.

"Bem, você foi a única pessoa até hoje que pareceu se importar com o meu solo, então porque não?"

Os olhos de Marina se encheram novamente com lágrimas e ela deu uma pequena risada. Por impulso, ela abraçou a pessoa mais próximo a ela, no caso John. Vendo o rapaz ficar tenso com o toque ela se lembrou que ele não parecia gostar de muito contato físico.

"E-eu...desculpa, me empolguei." Se desculpou enquanto se afastava enxugando as lágrimas, o rapaz riu.

"Não, tudo bem" Marina relaxou um pouco.

Freddie bateu palmas, fazendo todos se virarem para ele.

"Que tal um brinde? A mais nova assistente do Queen!" Exclamou. Todos levantaram seus copos e Mary passou o braço pelos ombros da menina.

"A Marina!" Gritou Roger, atraindo olhares de estranhamento das pessoas ao redor do grupo.

O resto da noite foi de comemorações e envolveu muita bebida e o desaparecimento de Roger junto de uma loira com uma roupa tão curta que Marina se perguntou se realmente valia a pena estar sexy e congelar até a morte.

Vendo a demora do baterista em voltar para a mesa, os amigos resolveram pedir a conta e ir pra casa, alegando que quando Roger sumia assim é porque não pretendia passar a noite em casa.

Os 5 saíram para o estacionamento, cambaleando por causa da bebida, e deram de cara com a área vazia.

"...E ele levou a van" Murmurou Brian, passando a mão pelos cabelos cacheados.

E foi assim que o grupo acabou indo embora de metrô. Nada glamuroso. Pensou Marina tentando não fazer cara de nojo quando o cheiro de urina da estação invadiu suas narinas.

Brian e Marina desceram na estação próximo ao apartamento dos rapazes, enquanto Freddie e Mary seguiram para o apartamento da moça e John para seu dormitório.

"Amanhã às 10 temos ensaio na universidade de John, está mais que convidada a se juntar a nós." Disse Freddie, enquanto se despedia.

Brian e Marina foram para casa quase que se apoiando um no outro até chegarem ao prédio. Depois de alguns segundos tentando encaixar a chave na fechadura, fazendo Marina rir, Brian abriu a porta.

O rapaz deu alguns passos até o sofá e se jogou de qualquer jeito. Marina ainda tentava tirar os sapatos sem se desequilibrar quando notou os leves roncos de Brian. Ela tampou a boca levemente para abafar uma risada e caminhou na ponta dos pés para o quarto de Freddie e trocou de roupa, colocando novamente o pijama que ele lhe havia emprestado.

Ela voltou para a sala, cutucando o braço do guitarrista.

"Brian não é melhor você ir pra sua cama?" Perguntou em um sussurro. O rapaz nem se mexeu.

Vendo que Brian não iria levantar, ela andou até seu quarto, e pegou a coberta da cama e levou até o rapaz, o cobrindo.

Ela apagou a luz do cômodo e foi para o quarto, se deitando na cama e adormecendo quase que instantaneamente. 

You Make Me Live || John DeaconOnde histórias criam vida. Descubra agora