A primeira coisa que Marina notou quando acordou era o cheiro de éter característico de um ambiente hospitalar. Ela podia ouvir vozes baixas, talvez em outro cômodo e uma respiração baixa. Depois de alguns minutos, ela conseguiu abrir os olhos, sendo tomada com a claridade das lâmpadas brancas da sala.
Ela estava realmente em um hospital como imaginava, o quarto era pequeno, com uma bancada ao lado da cama onde estava deitada, presa no soro e oxigênio, do lado oposto havia um pequeno sofá, e nele John estava adormecido, encolhido sobre a superfície acolchoada. Aos poucos ela foi se lembrando da ligação que havia feito para John no meio da noite e dos acontecimentos que a fizeram ser hospitalizada. Seus batimentos cardíacos começaram a se acelerar.
"John..." Murmurou. O rapaz instantaneamente abriu os olhos, alerta, se levantando e andando para seu lado, segurando sua mão.
"Estou aqui. Como você está?" Perguntou. Ela piscou mais algumas vezes, ainda ajustando os olhos para a claridade repentina.
"Não sei, não sinto nada" Disse. John olhou para um monitor ligado aos fios conectados a sua pele.
"Não me surpreende, tiveram que te dar morfina" Disse. Ela se pegou recordando do sangue, dela ao telefone e de alguns flashes de uma ambulância.
"O que aconteceu?" John pareceu ponderar um pouco, suspirando.
"Acho melhor chamar o médico, já volto" Disse, dando um aperto reconfortante em sua mão e saindo rapidamente da sala. Se ele não podia simplesmente contar para ela não podia ser bom.
Logo John retornou para a sala, dessa vez com um senhor de meia idade, vestindo um jaleco branco e uma enfermeira. O homem abriu um pequeno sorriso quando a viu.
"Senhorita Costa, bom vê-la acordada. Como se sente?"
"Eu não sei, normal eu acho, meio dormente" Respondeu. O médico anotou algo em uma prancheta.
"Isso é bom, não iríamos querer você sentindo dor agora"
Marina sentiu um calafrio na espinha com a forma que ele disse.
"Doutor, o que aconteceu?" Perguntou.
Ele trocou olhares com a enfermeira e John, que apenas balançou a cabeça.
"Minha querida, você se lembra de alguma coisa antes de ser trazida para o hospital?"
"Eu liguei pra John mas não lembro de mais nada depois disso, apenas do que eu acho que era uma ambulância."
O doutor puxou um banquinho de baixo da cama e se sentou ao seu lado, ficando no mesmo nível dos olhos de Marina, que permanecia deitada.
"Você teve sangramento do endométrio e perdeu muito sangue, a gente teve que intervir e fazer uma cirurgia de emergência" Ela pode notar a forma cautelosa com a qual ele escolhia as palavras.
Ela permanecia em silêncio, absorvendo tudo que o médico dizia.
"...você teve sorte que o rapaz aqui ligou para ambulância, poderia ter sido bem pior para você" Disse apontando para John que permanecia de pé próximo a cama.
Já esperando o pior, Marina respirou fundo.
"E minha filha?" Perguntou. O doutor pegou em sua mão e naquele momento ela sabia que não eram boas notícias.
"A gente tentou o possível"
As lágrimas se formaram rapidamente e desceram como cascatas pelas bochechas de Marina.
"Mas...os exames estavam normais..." Murmurou.
"Algumas vezes ocorre sem motivo aparente. Não é incomum, eu sinto muito"
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You Make Me Live || John Deacon
FanfictionMarina, 21 anos, brasileira e fã de carteirinha da banda Queen. Nunca em seus sonhos mais remotos ela imaginaria que iria voltar no tempo para os anos 70. "O tempo leva tudo. O que você quer e o que não." - Stephen King