Nat

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  "Quem era na ligação?" Perguntou minha mãe sem disfarçar a curiosidade em sua voz, não conseguir segurar o riso, enquanto seus olhos percorriam meu rosto em busca de alguma pista. "Era o Jack mãe, ele só queria me desejar um bom dia e boa sorte", disse sem conseguir disfarçar o aborrecimento que estava sentindo "O que está acontecendo meu amor?" com certeza minha mãe era enxerida demais quando o assunto era minha vida, o que sempre me irritou muito.
  Sentei na cadeira a analisando por alguns minutos, estava bonita como sempre, cabelos castanhos com mechas loiras platinadas caiam sobre o ombro, usava um vestido estampado cheio de flores e uma sapatilha azul com um laço na ponta, uma maquiagem leve e uma expressão questionadora "Não é nada demais, sério, só to um pouco cansada dele, a gente dá um pouco de corda e já vem todo meloso sufocando, credo" falei mais do que pretendia, mas me senti melhor, aliviada eu diria. Peguei uma xícara que estava na mesa e enchi com café, fiz um sanduíche e comi em silêncio sentindo o olhar de julgamento de minha mãe.
  Sai de casa para pegar o ônibus que me levaria até a escola, e eu estava cada vez mais nervosa e ansiosa, ir para uma escola onde não se conhece ninguém não era novidade para mim, mas nem por isso tornava a experiência menos apavorante. À espera pelo ônibus pareceu durar uma eternidade e por muitos momentos me peguei pensando nos meus colegas do 9º, como estariam se saindo na escola para qual decidiram ir? Eu esperava que fosse maravilhoso, e pode parecer egoísmo da minha parte, mas queria que eles sentissem minha falta como eu sentia a deles...
  O ônibus chegou e eu entrei logo, sentei na quarta fileira com uma amiga que já estava no 2º ano, conversamos sobre muitas coisas, principalmente sobre o colégio que logo se tornaria parte dos meus dias, os minutos foram se passando até que um menino entrou no ônibus, ele tinha olhos castanhos escuros, pele morena e cabelo castanho, tinha estatura mediana e um sorriso cativante, e quando percebeu meu olhar o analisando, me encarou por alguns poucos segundos e desviou o olhar.
  O restante do trajeto até a escola passou rápido, e quando vi estava em minha sala com a minha nova turma, e me peguei olhando ao redor esperando ver um rosto familiar, mas não tinha ninguém. A manhã passou voando, alguns professores apresentaram-se, falaram como a matéria era, métodos de avaliação, seu planejamento didático, e como nossa vida iria mudar, disso eu não tinha a menor dúvida.
  Às 17:20 o sinal tocou e fomos todos embora, eu fui lentamente em direção ao ônibus e quando entrei sentei no mesmo lugar de antes, o menino de cabelo castanho sentou nos bancos da fileira ao lado, e conversou a volta toda, nos fazendo rir sem parar, e quando cheguei em casa me peguei desejando conhecer mais sobre aquele menino tagarela e engraçado.

Girls Don't CryWhere stories live. Discover now