Ruggero Pasquarelli

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Lembro de sempre gostar de fotos.

Achar e capturar um momento especifico, seja por ser bonito, especial ou até mesmo triste e que a maioria das pessoas gostaria de não ter nada que lembrasse esse momento. Fotos existem para isso: guardar lembranças. A mente humana esquece das coisas muito fácil, mas com o auxilio de uma imagem, lembramos de momentos que de inicio não conseguíamos visualizar.

Não lembro o que me levou a gostar de fotografia ou como cheguei a essas conclusões. É algo que sempre tive.

Ganhei minha primeira câmera com dez anos; não era muito boa e a maioria das fotos saiam tremidas (talvez parte da culpa tenha sido minha, já que eu era bem imperativo na infância e quase nunca ficava quieto) e com baixa qualidade, mas eu as adorava e tenho algumas guardadas até hoje. Quando fiz 13 anos, minha mãe notou que a fotografia realmente era algo importante para mim, então em deu uma câmera profissional e deixou eu fazer um curso de fotografia (era toda quinta a tarde e isso me deu um semestre inteiro de permissão de saída do internato).

Desde então, eu sou o cara com a câmera do grupo; sempre tem o cara com a câmera.

Quando escolhi fotografia como curso superior, choquei um total de zero pessoas. Minha mãe ficou um pouco preocupada, mas depois que (quase numa apresentação de powerpoint) mostrei a ela todas as oportunidades que eu teria com a fotografia, ela se acalmou um pouco. Apenas um pouco. Algumas vezes, nas varias ligações que fazemos por mês, ela pergunta, sem dar muito na cara (ela acha), se eu estou vivo e não passando necessidades, como todos os pais fazem com os filhos que não fizeram Direito ou Medicina ou, sei la, Engenharia.

Entre trabalhar (porque ninguém aqui é rico), sair com meus amigos, resolver alguns problemas e fazer vários nadas, a fotografia ainda é meu hobby, minha válvula da escape. Ainda me fascina capturar momentos, sejam paisagens ou pessoas (meus amigos me exploram por isso). Me trás, de alguma forma, uma certa paz.

Em dias como hoje, quando todo o resto do mundo parece programado e dedicado a me irritar, minha câmera é a unica que me entende. Geralmente, eu pego o carro e dirijo até um lugar histórico, turístico ou até mais ao sul onde as paisagens são mais bonitas para passar horas e horas tirando fotos, para depois trata-las e revela-las. As vezes, passo dias fazendo isso e esquecendo do resto do mundo (o que já gerou meus amigos quase irem na policia porquê achavam que eu tinha desaparecido. Agustin fez tanto drama esse dia que eu devia ter gravado para ouvir sempre que tiver com insonia. Depois ele fala que eu sou dramático).

Como tenho que terminar hoje mesmo os planejamentos de uma exposição em uma galeria que só vai ser daqui há dois meses, resolvi vir ao parque próximo ao meu apartamento. Quase nunca venho aqui e é bem bonito. Perfeito para eu tirar algumas fotos, relaxar e esquecer esse dia estressante.

Agustin diz que eu ainda vou adoecer por me irritar tanto com coisas do trabalho. Com a minha vida pessoal, eu sou muito mais bem resolvido. Qualquer problema eu cuido na hora que se inicia. Infelizmente, não posso fazer isso no trabalho. É um saco e me irrita. Muito. Agus é minha orelha quando preciso reclamar, sempre foi. Mesmo quando estou reclamando pela milésima vez do mesmo assunto, eu sei que ele está prestando atenção, pois é importante para mim.

Sem ele aqui, eu tenho me estressado mais.

Eu poderia simplesmente ligar, mas não seria a mesma coisa. E, também, ele foi para casa dos pais para se desligar dos problemas daqui. Não seria justo levar tudo de volta para ele só porque eu não sei lidar com isso sozinho.

Na verdade sei, só que não é tão produtivo quanto conversar com o meu melhor amigo. Inclusive, estou tentando lidar com os meus problemas agora. Por isso, estou tentando me acalmar, pois nunca consigo resolver nada se estiver estressado. Ninguém consegue realmente.

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2019 ⏰

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