II

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-Vamos fazer um jogo de perguntas?-

-Como seria esse jogo?-

-Eu faço uma pergunta, e nós dois respondemos. Depois você faz uma e assim vai.-

-Okay.- ela deu de ombros.

Tenho sim a intenção de conhecer melhor Ava e criar um laço com ela. De alguma forma eu sinto que eu preciso estar perto dela agora. Se fosse alguém contado isso pra mim eu tenho certeza que eu estaria rindo.

-Eu começo. Quando anos tens?- ela perguntou e começou a brincar com um pacotinho de sal que estava dentro do recipiente na mesa.

-25-

-Meu Deus tudo isso? Caraca, ontem eu escutava 1D e você era adolescente, tinha aquele cabelo maravilhoso longo e tal. Não que agora não esteja maravilhoso, está lindo com o cabelo curto, é que... ai meu Deus.- atropelou as palavras o que me fez rir. Ela não se aguentou e começou a rir também.

-E você, quantos anos tem?- perguntei quando parei de rir. A mesma respirou fundo para comprimir a vontade de rir mais.

-18-

-18?-

-Sim, 18. Não te incomoda sair com uma menina de 18, certo? Até porque final do ano eu faço 19.- ela deu de ombros.

-Não, não. É que eu estou surpreso. Você é tão nova e pinta tão bem.

-Desde quando eu era pequena eu gostava de pintar, segundo meu irmão. Minha irmã mais nova também é igual. Acho que é um dom das mulheres da nossa família.- riu.

Já disse o quão gostosa a sua risada é?

-Okay, minha vez. Tem alguma alergia?-

-Oh, você vai gostar desta história. Eu tenho alergia à anti-alérgicos.- começou a rir, a história em si não é engraçada, mas só de ouvir sua risada eu sinto uma extrema vontade de rir.

-Porque está rindo?- e assim continuamos, fazendo perguntas um para o outro até nossos pedidos chegarem.

Descobri que sua cor favorita é verde e amarelo, mas ela não gosta das duas cores juntas. As vezes sai de pantufa porque simplesmente se esquece que está usando, assim como põe calça jeans por cima de shorts de pijama, pelo simples fato de se esquecer que está usando. Sua comida favorita é comida japonesa e odeia laranja, não a cor mas sim a fruta.

-Sério? Nunca vi ninguém não gostar de laranja.- falei enquanto mordia um pedaço do hambúrguer que havia em minhas mãos.

-E meu suco favorito é suco de uva, minha irmã odeia. O favorito dela é de laranja. Engraçado não?- mais uma vez começou a rir, mesmo eu não vendo graça nenhuma no seu comentário.

Terminamos de comer e paguei a conta. Esperava que ela relutasse ou então brigasse comigo para pagar a conta, mas ela só aceitou e assentiu. Entramos no carro, coloquei uma musica do Queen para ouvirmos e arranquei daquele restaurante.

-Para onde quer ir?- ela pensou, colocou o cinto de segurança, do qual parecia ter esquecido de colocar quando entrou.

-Para onde você quer me levar?-

-Não quer voltar para a galeria?- negou, parecia pensar no motivo para não querer voltar para lá.

-O que acha de irmos a sua casa?- engoli em seco. -Oh meu Deus, eu não quis dizer naquele sentindo. Eu pensei que na sua casa fosse o único lugar em que iria ter privacidade e poderia fazer o que quisesse.- se explicou rapidamente. Eu percebi no seu tom de voz que ela não tinha maldade alguma, o que me fez rir um pouco.

-Tudo bem, então vamos para a minha casa.- fiz a volta em uma rua e voltei em direção a minha casa. -O que quer fazer quando chegar lá?

-Podemos ver um filme? Ou então podemos ficar conversando. Ouvir música. Você pode me falar algumas experiências malucas que você já teve.- rio só de pensar em quantas experiências malucas eu já tive na minha carreira.

-Seus pais não irão ficar preocupados? Você pode usar meu celular se...- me interrompeu.

-Harry, eu não tenho horário para voltar para casa. Sou bem grandinha, já sei me cuidar.- novamente em seu tom de voz era perceptível que não havia malicia alguma nas suas palavras. Ava fala de um jeito tão tranquilo e suave.

Fomos o caminho todo em silêncio. Chegamos a minha casa.

-O que achou?- perguntei assim que abri a porta de entrada.

Depois de visualizar a sala de estar que se junta com a cozinha, ela abriu a boca.

-Sua casa é linda.- sorriu.

-Quer ver o resto?- assentiu. Sai a puxando por toda a casa. Mostrei os dois quartos, os banheiros, o meu escritório que uso para escrever quando estou aqui e a área da piscina. O que eu acho muito legal e que não sei porque tenho uma piscina, quase não a uso.

No final acabamos deitados no sofá vendo um filme qualquer na Netflix.

-Isso e tão estranho.- riu baixo.

-O que?-

-Te conheço a tipo... menos de 24 horas e sinto como se te conhecesse a mais de um ano.-

-Eu também sinto o mesmo. É estranho né?- ri.

De repente seu celular toca. Ela pede licença e se levanta para atender enquanto eu observo seu corpo andar até o outro lado da sala. Sua forma de andar parece única, a forma como cruza os braços enquanto segura o telefone contra a orelha é fofo, assim como como fica andando em círculos enquanto fala com alguém.

-Eu sinto em perguntar isso, Harry, mas posso dormir aqui? Só hoje, é que aparentemente eu esqueci a chave de casa com meu irmão e ele sempre põe dentro do carro dele, mas ele trancou o carro com a chave dentro e...- comecei a rir do seu desespero. A mesma parou e me encarou, indignada. -Do que está rindo?

-De você desesperada.- respirei fundo para parar de rir. -Okay, pode dormir aqui sim.- ela sorriu, eu entendi seu gesto como uma forma de agradecimento. -Acho que posso te emprestar algumas roupas e tenho algumas escovas de dente reservas.

Passamos o resto da tarde conversando sobre coisas totalmente sem noção.

Nunca havia acontecido isso comigo. Digo... conhecer uma pessoa e no mesmo instante me sentir totalmente próximo dela. Ava com toda certeza é diferente, não é preciso de muito esforço para descobrir. Basta olhar para a forma como sorri, ou então a forma como anda, ou como fala.

Mal sabia eu que Ava iria mudar a minha vida.

Florence Ava- HSOnde histórias criam vida. Descubra agora