V

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-Bom dia.- Ava surgiu do corredor com a roupa que estava usando ontem.

-Bom dia. Dormiu bem?-

-Até demais. Sua cama é uma delicia.- veio até mim e me deu um beijo na bochecha.

Essa intimidade que nos criamos em tão pouco tempo é incrível. Eu amo isso.

-Vamos tomar café fora tudo bem? Podemos ir a algum café ou alguma coisa assim.- sugeri.

-Ah claro, não tem problema para você?- neguei com a cabeça e apanhei as chaves do carro de cima do balcão.

-Vamos?-

-Espere, deixe-me pegar meu celular lá dentro.- correu de volta para o quarto e voltou, dessa vez com o celular na mão.

Dobrei meu braço, como se fosse um cavalheiro de filme de muito tempo atrás, para que ela entrelaçasse seu braço no meu. Rindo, ela faz.

Eu não consegui segurar a risada também. Sua risada é a melhor melodia que eu já escutei.

Fomos o caminho inteiro até o café ouvindo música e cantando as mesmas.

Não é todo dia que acordo de bom humor assim. Parece que Ava também não, porque de vez em quando interrompia sua cantoria para bocejar. Eu gosto da sua companhia de manhã.

Chegamos a um café pouco movimentado, o qual venho aqui desde que era menor. O lugar é bem arrumado e moderno. Tem a parte interna, onde você faz o pedido e tem algumas mesas também, mas a maioria estão do lado de fora, onde tem varias plantas e mesas. A maioria dos clientes, que não eram muitos se encontravam do lado de fora.

-O que você vai querer?- perguntei a mostrando o cardápio.

-Vou querer um donut tradicional com cobertura de chocolate e um chá de matcha gelado.- pediu e a atendente apenas anotava seus pedidos.

-Eu vou querer um macchiato de caramelo.- pedi e fomos nós sentar.

-Como foi a noite no sofá?- debochou.

Escolhemos um lugar mais reservado para nós, uma mesa onde ficava bem no canto.

-Você sabe que eu podia ter dormido no sofá, a cama e sua afinal e...- toquei em sua mão e a calei.

-Você é muito insistente. Da próxima vez vai dormir no sofá mesmo.- nunca deixaria ela dormir no sofá, mas também não aguentaria dormir na mesma cama que ela.

Ela apenas riu. A maior parte do tempo ficamos rindo de coisas aleatórias no nosso celular e mostrando um para o outro. Parecia mais uma disputa de memes.

-Owwwnnn que gatinho fofo.- falei vendo pela primeira vez seu papel de parede. É um gatinho bem gordinho e fofinho com a pelagem clara. Ele está com as patinhas em um bolinho e mordendo-o.

-Amo gatos.-

-Sério?- assenti.

-Uma vez a minha vó adotou um gatinho de rua e ele gostava de deitar no motor do carro porque é quentinho, uma vez ela foi sair com o carro e ele estava lá.- não vi expressão alguma no seu rosto.

Por mais que a história não fosse engraçada eu pensei que a faria rir.

-Isso é trágico, Harry...- continuou séria, mas logo depois riu da minha cara de bobo olhando para ela, o que me fez rir também. -Como era o nome dele?

-Miau.-

-Sério?- assenti. -Uma vez eu tive um gato chamado Meleca. O nome dele era para ser outro, só que meu pai só o chamava de Meleca, então ficou esse nome.- ri.

-Meleca? Quem da o nome de um gato de Meleca?- ri mais ainda quando ouvi a frase sair pela minha boca.

-Ei, eu amava ele. Ele era tão carinhoso comigo.-

A forma como os olhos dela brilham ao falar e relembrar do passado é linda.

Não demorou muito para nossos pedidos chegarem. Comemos e, teve até um momento em que precisei tirar meus óculos de sol para eles não caírem sozinhos. Ava contou uma história antiga com seu irmão que me fez engasgar de rir, quase que eu me joguei no chão de tanto rir.

-Vamos?- a chamei depois de ter a conta paga. Fomos embora.

-Espere só um minuto, preciso ir ao banheiro.- se levantou e entrou pela porta que levava até o lado de dentro.

Ouvi meu celular tocar e logo o atendi, sem nem mesmo ver quem estava ligando.

-Harry, querido?-

-Mãe?-

-Sim amor, sou eu. Você avisou que viria para cá, já está aqui?- murmurei um "umhum". -Deveria ter avisado, assim seu pai ia te buscar para almoçarmos juntos ou alguma coisa.-

-O que acha de irmos comer hoje?-

-Perfeito. Vou fazer seu prato preferido. Estamos te esperando tudo bem? Beijo.

-Beijo.- ouvi a ligação encerrar.

Não avisei minha mãe quando cheguei porque queria a fazer uma surpresa, mas durante o dia todinho ontem minha mente estava ocupada com Ava. Me esqueci totalmente de todos os meus outros planos.

Dentro do carro, enquanto ouvíamos uma musica aleatória ela ia indicando o caminho para a sua casa.

Quando paramos a frente de sua casa, percebi que não era muito chique. Uma casa simples com um jardim pequeno na frente, parecia antigo e ao mesmo tempo moderno.

-Tchau, Harry.- se certificou que seu celular estava em seu bolso e foi saindo, mas antes eu a puxei.

Fiz com que seu corpo despencasse de volta no banco e a beijei.

-Tchau, Ava.- sorri e a soltei.

Vi a mulher ir embora e entrar em casa, mas antes olhar para trás, para mim, com um sorriso no rosto.

Florence Ava- HSOnde histórias criam vida. Descubra agora