Aparição

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Caminhava pela rua despreocupada, talvez até "viajando" por assim se dizer, mas isso nunca importou pra mim, já é comum, a brisa leve da noite batendo em meu rosto é algo de que sempre gostei, isso virou algo que eu repito todos os dias quando acabo meus afazeres, como uma rotina.

A rua estava bem ocupada e bem iluminada, casais passavam abraçados, crianças em carrinhos sendo puxados por suas mães, famílias inteiras e solteiros passeando com seus cachorros e fazendo compras, claro, isso tudo se devia ao fato de que no dia um festival estava na cidade. Eu até que gostei, observar as pessoas era algo de que gostava, além disso a cidade estava muito bonita e alegre e talvez eu até passasse para pegar um lamên em uma das barracas de comida.

Em um dos cartazes pendurados em um fio entre duas tendas pude ler "festival de alimentos exóticos de diferentes culturas ! Venha provar !"
Parei e analisei a situação ....eu não tinha nada para fazer mesmo, o festival parecia realmente muito interessante, chamou minha atenção, então, por curiosidade, resolvi que iria atravessar a rua e dar uma olhada.

Pisei na rua e olhei para os dois lados, embora estivesse tendo o evento poucos carros passavam, a maioria deveria ter vindo a pé para aproveitar a noite e o clima, como eu, tudo parecia calmo e ao mesmo tempo divertido em um ar "novo".

Aproveitei a brecha em que nenhum carro passava e comecei a atravessar, ouvia o barulho de minhas botas estalarem no asfalto e o borburinho do festival a frente.

Quando algo me fez parar e olhar assustada para o lado, um carro, não ele, o barulho, estava vindo em alta velocidade, não iria parar, muito menos desviar, o som começou a se aproximar e eu comecei a correr, um barulho ensurdecedor.

Eu me joguei pra frente com o intuito de não ser atropelada e ele me cortou com muita rapidez, passando por mim. Eu nem cheguei a vê-lo, apenas flashes.

Ainda atirada no chão, do outro lado da rua, olhei na direção do carro, ele já se fora, tão rápido quanto chegara.

Eu não podia acreditar, olhei o asfalto e em seguida minhas mãos. Meus olhos tentando encontrar alguma imagem fixa, sem ser confusa para mim.

Aparentemente eu não estava ferida, apenas atordoada, a situação quebrara todo o ar calmo e agora vários olhares me observavam, tudo congelara. Os outros carros da rua que vinham tranquilos pararam, e tudo ficou tenso, pelo menos para mim, eu realmente não entendia oque acabara de acontecer, bati uma das minhas mãos cerrada em punho no asfalto em sinal de protesto, estava frustrada. Então percebi que tinha me enganado, eu estava ferida, minha mão ardeu, uma dor aguda, me sentei no chão e observei minhas mãos, as duas estavam bem vermelhas e inchadas, arranhadas, eu devia tê-las usado para amenizar o impacto.

"Mas que droga ! Oque tinha acabado de acontecer ?" Eu me levantei vagarosa ainda confusa, também um pouco nervosa, na verdade. "Quem era o maluco que perto de um festival estava andando nessa velocidade ?!?" Eu não me feri tanto porque sabia oque fazer, treino diversos tipos de artes de luta e além disso tive sorte de minhas roupas reforçadas me ajudarem a me proteger, mas e uma criança ?!? "Ele teria atropelado a criança ! Maldito !"

Respirei fundo e me acalmei, o vento da noite me ajudou nisso, não foi nada grave, e eu precisava manter a calma, e o foco. Juntei minhas mãos junto ao corpo e fui andando em direção ao festival, precisava achar gelo e alguma coisa para elas, e depois disso comer o meu lamên ! Eu realmente precisava dele agora, depois de tudo isso eu merecia, e minha barriga roncava como se a adrenalina da situação tivesse tirado todas as minhas forças.

Algumas pessoas me perguntaram se eu estava bem e eu apenas assenti mantendo meu caminho, logo as coisas voltaram ao normal e todos voltaram a aproveitar o festival. Assim como os carros que vendo a situação controlada retornaram ao seu caminho.

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