CUTSLUT

3.

JINX
O fedor do sangue de outro homem permeia meus sentidos enquanto eu trago novamente meu cigarro. Mesmo na escuridão, posso distinguir as manchas escuras nas minhas mãos. Eu deveria ter matado aqueles filhos da puta. Mas eu sabia que meu clube diria que não valeria a pena. Eu acho que valeria. E isso vem do homem que odeia aquela vadia mais do que ninguém.
Winter Tews me destruiu. O que ela levou pode ter sido apenas alguns centavos para ela, mas para mim era um novo começo. Uma tábua de salvação. Uma maneira de eu dar o fora dos becos escuros que eu corro à noite, lidar com toda a merda terrível que eu fiz e finalmente encontrar alguma aparência de paz em uma vida cheia de arrependimento.
Talvez seja por isso que eu bati. Porque ninguém tem o direito de machucá-la mais do que eu. Isso explicaria por que ver o cara de Jimmy colocar as mãos sobre ela, chacoalhou a gaiola da minha fera. Mas quando o pedaço de merda se referiu a Winter, a fera dentro de mim rasgou a gaiola de ferro onde eu o mantive trancado.
Eu com certeza espero que não foi porque eu queria ser o único a quebrar sua alma. Isso me faria ser como um deles. Um monstro. Eu pensei que tinha deixado essa vida há muito tempo. Que eu estava melhor. Mas não estou querendo machucá-la, testemunhar sua queda, vê-la despida de todas aquelas jóias extravagantes e roupas de merda que ela provavelmente comprou com o meu dinheiro e isso não me faz um monstro também?
Mesmo agora, quando ela está amarrada, amordaçada, inconsciente e descalça, sinto alguma sensação de satisfação. Assim, aos meus cuidados, à minha mercê, é fácil imaginar como ela estará nas próximas semanas. Como ela vai agir como uma criança mimada - preocupada com sua falta de luxo. Desempenhando o papel de princesa autoritária e exigindo que ela seja tratada com respeito. Ameaçando-me com seu namorado grande e ruim. Eu fico excitado com a imagem quebrada dela - sem banho. Despenteada. Imperfeita.
Mas eu não a vi como uma cortesã privilegiada que caiu em desgraça nos braços daquele homem. Ela não era uma cadela de coração frio que tinha sido deixada inconsciente e atirada sobre o ombro do Sargento de Armas de Cain. E não foi satisfação que eu senti ao vê-la assim também. Foi simpatia.
Quando fiz meu caminho até eles, minha simpatia se transformou em raiva. Quando cheguei lá, minha ira me consumiu. Então eu dei a eles um gostinho do que eles tiraram dela. Eles ainda podem estar respirando, mas não sem dor.
Sua cabeça balança de um lado para o outro e ela choraminga - me arrastando de volta ao presente. Para o que tem que ser feito. Para o que eu esperei pra caralho. Ela puxa os laços que prendem suas mãos e eu olho para baixo para encontrá-los visivelmente pálidos na escuridão. Meu polegar passa por cima dos dedos dela. Eles estão frios.
Eu pego uma faca no bolso e calço as luvas. Depois de libertá-la, eu esfrego o calor de volta em suas mãos enquanto ela continua a dormir. Ouvindo seus gemidos suaves quando eu faço. Seu murmúrio de palavras ininteligíveis. Olhando para o cabelo longo e loiro que está emaranhado em volta do rosto. Seus braços finos e tatuados que estão frouxos e sem vida. Seu robe de cetim que mal cobre o topo de suas coxas e oferece uma visão impressionante de seu decote.
"Cain", ela murmura, gritando por esse filho da puta. É só o que eu precisava ouvir para recolocar a cabeça no jogo.
Imediatamente, qualquer calor que eu possa sentir por ela desaparece. Eu sorrio enquanto meus planos para ela ressurgem. Claro que ela terá a opção de facilitar isso para si mesma. Mas não é isso que Winter é.
Ela testará minha paciência e testará todos nós. E ela não fala nada sobre a destruição que ela deixará para trás. Esta deusa egoísta, fria, bela e traidora fará o que for preciso para chegar à frente. Ou pelo menos ela vai tentar. Há apenas um pequeno problema.
Uma coisa que ela não considerou.
Uma peça que ela não previu.
Uma pessoa que ela nem conhece a existência.
Eu.