Convite

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  A tão sonhada Terra da Felicidade. Muitas pessoas queriam ir para lá.

  O local ficava em algum lugar desconhecido. Era necessário encontrar um bilhete que daria a localização exata.

  Nesta terra, todos os moradores eram felizes e tinham um bom convívio. Nada lhes afetava.

  Joana estava lendo o seu jornal como costumava fazer pela manhã. A principal notícia dizia: "Eu, o renomado Dr. Balestrin, vos convido para a Terra da Felicidade! Como já se sabe, prometemos entregar a fórmula para ser eternamente feliz. Para vir, precisa encontrar o único convite que está em algum lugar da cidade Rio da Luz. Com ele em mãos, mais informações serão dadas. Boa sorte!".
Mesmo com uma oferta tão tentadora, a garota não tinha interesse em buscar um local com a felicidade eterna. Pouco importava. Para ela, isso não se encontrava numa fórmula mágica.

  Em casa, Joana estava olhando pela janela, não observando nada em específico. O tempo só passava. Esse era o mundo solitário dela.

  Durante esse momento, a garota ouviu a mãe chamar. Joana desceu as escadas da casa com passos curtos e leves. Sua mãe então falou:
— Querida, você pode ir ao mercadinho? Estou tentando fazer um bolo que sua tia me ensinou, mas os ovos acabaram.

  Ela apenas confirmou com a cabeça, pegou o dinheiro e seguiu caminho.
O trajeto era curto, Joana chegou rápido. No mercadinho alguns conversavam e, em sua maioria, jovens. Certos grupos falavam sobre como as casas da Terra da Felicidade poderiam ser, se o aluguel era barato e a distância que teriam da família.

  De repente, ela encontrou dentro da cesta de compras, o convite que Dr. Balestrin falou no jornal. Joana tentou entregá-lo à mulher do caixa, que recusou quase imediatamente, dizendo:
— Guarde… não vou muito com a cara desse doutor aí.

  O convite foi levado para a casa e nele dizia: "Perceba os mínimos detalhes de sua vida, converse mais, procure, observe. Uma hora você irá encontrar uma chave secreta que terá o endereço da Terra da Felicidade".

  Ela achou o convite curioso. Era engraçado imaginar uma chave secreta por aí, mas a moça pensou: "Se está por aí, alguém pode encontrá-la antes de mim, mesmo sem o bilhete! Isso é injusto".

  Agora era questão de honra. Ela iria procurar a todo custo (uma atitude até egoísta). Decidiu então seguir as dicas e daí em diante percebeu a vida nos mínimos detalhes, conversou mais com os pais, amigos, observou a natureza, a rua, a casa e a escola.

  Vários anos se passaram e nada da chave secreta. Joana, agora adulta e uma pessoa melhor, pensava consigo mesma e ria: "Bem, talvez a Terra da Felicidade não existisse, quem sabe era bastante secreta ou sempre esteve dentro de cada um".

  O mais engraçado para ela durante esse tempo foi ver várias pessoas com o convite na mão, mesmo o jornal dizendo que só havia um.

  Os pensamentos dela foram interrompidos por um de seus alunos. Sim, ela agora era professora.
— Professora, achei o convite do Dr. Balestrin. Pode ficar, não quero.
— Guarde... não vou muito com a cara desse doutor aí.

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