Tuliba esteve montado no seu cavalo por 3 dias enfrentando as dificuldades do deserto. Era tão quente que o cenário ficava trêmulo, o ar fazia arder a pele dos dois e o turbante ficava ensopado de suor.
Na sua mochila restava apenas uma garrafa de água com 500 mL, algumas moedas de bronze e uns panos.
Depois de um longo caminho percorrido, Tuliba avistou um mercador numa tenda e cavalgou até lá. Quando desceu do cavalo, andou com muita dificuldade até lá. O calor e a sede já estavam tirando as forças do homem.
Na tenda, o mercador parecia um tanto apático, tinha uma barba sinistra e um olhar horripilante. Seu nome era Raj, um homem bastante misterioso. Estava ele sentado na areia quente do deserto, olhando parao horizonte com sua barba balançando ao vento.
Várias coisas estavam à venda, observou Tuliba.
— Você tem muitas coisas aqui.
— …
— É… por quanto está a água?
— Cavalo.
— Como assim, senhor?
— Água por cavalo.
— Não posso. Ele é muito precioso para mim. Andamos por todo o deserto.
— Não andaram. Ele andou.
Raj não olhava para Tuliba. Seu olhar estava sempre fixo em outro lugar como se ninguém estivesse ali.
— Homens só pensam neles mesmos — comentou Raj.
— Não é verdade. Bem, vou continuar por aí.
Ele continuou olhando o deserto. Tuliba se aborreceu, voltou para o cavalo, seguiu caminho e cuspiu perto da tenda.
O animal já tinha cavalgado muito. Estava fraco e não aguentava mais o peso do homem. Ele então desceu e caminhou ao lado do cavalo, procurando uma saída daquele lugar maldito. Após algum tempo, ambos não aguentavam mais a sede. Tuliba caiu de joelhos e tirou a garrafa da mochila. Tomou a água que restava e levantou.
Não foi o suficiente e a fraqueza ainda tomava conta dele. Por alguns minutos ele pensou e teve a decisão de entregar o cavalo para o mercador. Fora 22 anos com o animal e tudo acabaria por necessidade.
— Que se dane! Vou morrer se não entregá-lo. Posso conseguir outro depois.
Para Tuliba, Raj parecia uma pessoa ruim, mas o problema atual era maior. Voltaram então para a tenda. O animal não estava aguentando ficar de pé devido à falta de água. Tuliba o trocou sem pensar duas vezes e continuou o percurso.
Num campo não muito longe dali, Raj levou o cavalo para dar água e fazê-lo descansar. Acariciou a crina e deu comida. Era mais uma conquista para este comerciante. Ele queria livrar o máximo de animais das pessoas ruins. Afinal, um cavalo não deveria estar num deserto.
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Amontoado de Contos
Short StoryContos escritos durante minhas fases de inspiração. Espero tirar-lhe um sorriso ou ponderação. Considere avaliar e dar sua opinião. Aproveite!