Capítulo único - One shot

727 88 33
                                    

Kim Seokjin torcia as mãos no colo, nervoso demais para conseguir prestar atenção na decoração elegante da sala de espera. Ele olhou em volta, os demais candidatos à vaga de emprego parecendo tão ou mais ansiosos do que ele, mas isso não lhe trazia alívio nenhum.

Jin, como era chamado pelos amigos, estudara muito para chegar até ali. Foram quatro anos de faculdade e algumas especializações. Depois de trabalhar para algumas lojas de departamento, ele finalmente estava ali, prestes a ser entrevistado pela estilista em ascensão, que há pouco mais de seis meses abrira sua filial na Coréia.

A vaga não era a que ele almejava, mas ele sabia que precisava começar de baixo. Não se importava de começar como assistente e depois ganhar a confiança da estilista e ter a chance de um dia mostrar seus desenhos e ideias. Só queria muito a chance de trabalhar com ela.

Havia pelo menos trinta pessoas naquela sala. E ela os estava chamando em trios para dentro de uma espécie de mini auditório. O que estava incomodando Jin eram as fofocas maldosas que corriam em voz baixa pelo ambiente.

Alguns ali, na maioria, infelizmente, estavam dizendo que a secretária da estilista era gorda demais para trabalhar em uma empresa de moda. E que ela deveria ser demitida ou ir para o ocidente, trabalhar na filial nos Estados Unidos, onde havia pessoas como ela.

Jin ficou muito irritado. Odiava que medissem a beleza ou a competência de uma mulher pelo tamanho de seu manequim. Ele não conhecia a estilista pessoalmente, muito menos sua secretaria, pois elas não apareciam nas mídias. Mas ele acreditava que a moça devia ser competente.

Jin estava curioso sobre a estilista. Seu rosto era um mistério. Apenas seus funcionários a conheciam de fato, e jamais revelavam fotos ou fofocas sobre ela.

S/N preferia assim, pois dessa maneira ainda conseguia privacidade nas ruas. Pelo menos foi a explicação que Jin lera em uma revista, numa entrevista dada por ela, em que apareceu apenas no escuro, e de costas.

O rapaz ficara admirado com a inteligência da divertida mulher, que ele não sabia sequer a idade. Jin viu a porta se abrir e desta vez mais pessoas foram chamadas. Ele começou a ter esperanças de não passar a manhã toda ali.

Ele percebia o olhar insistente de algumas mulheres sobre si, mas fingia não perceber, afinal não estava ali para isso. Esse emprego era importante demais para ele e não o arriscaria por nada, nem ninguém. Sem falsa modéstia, ele sabia que era bonito, muito bonito na verdade.

A porta foi aberta novamente e outro grupo de pessoas foi chamado, e finalmente Jin ouviu seu nome. Ele se levantou ajeitando o blazer e a gravata.

Entrando na sala, o rapaz sentiu seu sangue gelar, o nervoso atingindo outro patamar. Havia várias pessoas ali, com certeza executivos da empresa. Uma mulher em especial chamou sua atenção. Ela estava em pé ao lado de uma outra, provavelmente a estilista, e ambas conferiam alguns papéis, possivelmente os currículos dos que haviam entrado ali.

Jin quase ficou boquiaberto. Na mesma hora ele se lembrou dos comentários maldosos sobre a secretária da estilista. A mulher, alvo dos comentários maldosos, era a mulher mais linda presente na sala.

Ela era alta e curvilínea, com uma boca carnuda que exibia um sorriso ao falar com quem parecia ser sua chefe. Uma das assistentes o levou até uma das cadeiras em volta da enorme mesa. Jin se sentou e cumprimentou os demais candidatos com um gesto de cabeça. Eles estavam em cinco homens e cinco mulheres.

Respirando fundo para tentar diminuir seu nervosismo ele olhou discretamente para a mulher na ponta da mesa. Era uma coreana magra e alta, muito simpática. Jin se perguntava se ela teria sido criada no exterior, pois não entendia porque a chamavam de estrangeira.

ExuberanceOnde histórias criam vida. Descubra agora