1808, Cotswolds, Inglaterra.
Amélia Willians estava escondida atrás de uma árvore olhando sua pequena casa sendo engolida pelas chamas. Nunca havia se sentido tão desolada desde que seu pai, o conde de Westminter a havia expulsado de casa por se apaixonar por um simples camponês. Mas antes ela tinha John, e sabia que seria feliz ao seu lado, e ela foi muito feliz, até aquela noite.
Os dois fugiram dos olhos de seu pai vingativo, mudaram de nome e passaram a viver em uma região bastante isolada.
Tudo estava perfeito, John era perfeito e quando nada mais podia melhorar, ela engravidou e uma linda menininha de cabelos louros e olhos verdes nasceu, Caroline era seu nome.
Amélia olhou para a filha em seus braços que dormia tranquilamente. Limpou uma sujeira de fuligem de sua bochecha e lembrou-se de John, pois eram muito parecidos. Lágrimas despencaram de seus olhos e um aperto invadiu seu ser. Sentou-se na grama e chorou silenciosamente, não poderia ser descoberta ou ela e sua pequena filha teriam o mesmo destino de John, que morreu lutando para defende-las.
Naquela noite tudo estava calmo, nem mesmo podia-se ouvir o vento. Amélia colocou Caroline no berço, após embala-la com uma bela canção de ninar e foi se deitar aconchegada a John que a esperava lendo um livro. Permaneceram assim por alguns minutos, enquando Amélia observava seu belo marido. Nunca havia conhecido homem mais bonito na vida, por dentro e por fora.
Seus pensamentos foram interrompidos pelos cachorros que começaram a latir muito alto. Uma pedra quebrou o vidro da janela do pequeno cômodo e em seguida uma flecha flamejante invadiu o local, parando bem próximo ao berço de Caroline.
- Nos acharam Amélia, disse John correndo e pegando Caroline nos braços enquanto Amélia vestia seu robe e pegava sua trouxa de roupas que já ficava pronta em caso de emergências.
-Você sabe o que fazer querida, vá na frente que estarei logo atrás. Primeiro irei atrasa-los.
- Não John, não posso sem você, não consigo...
Ele se aproximou, entregou Caroline a Amélia e beijou ambas na testa, acariciando a pequena bochecha da filha que dormia.
- Sim, você irá, logo nos encontraremos. A beijou levemente nos lábios e continuou, Eu amo muito vocês, mas agora deve ir, vá.
Amélia assentiu e correu para a sala, onde havia uma passagem no chão escondida por um pesado tapete. Com a ajuda de John, desceu a pequena escada e ascendeu uma vela. Deu uma última olhada para o marido e disse:
- Eu te amo John, te amo pra sempre. Dizendo isso correu em direção a saída que dava no bosque. Ninguém nunca suspeitaria que ela conseguiu sair da casa, pois somente o antigo dono e eles sabiam sobre aquela passagem.
Fechou os olhos e lembrou-se da última visão do marido se despedindo. Uma onde de ódio a invadiu e jurou que jamais perdoaria o pai pelo que havia feito. Teria que criar a filha sozinha e recomeçar longe daquele lugar, longe de seu amor.
Respirou fundo, limpou as últimas lágrimas, ajeitou sua trouxa nas costas e se afastou sem olhar para trás.
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Uma Lady e nada mais - DEGUSTAÇÃO
RomanceTudo o que Caroline Willians queria era ajudar sua mãe com seus problemas financeiros, porém, não contava com imprevistos do destino que de um jeito nada convencional, a tornaram uma lady. Albert Frederick Harper, 10° Duque de Somerset, vivia seus...