Capítulo 4

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Naquela noite Caroline chegou mais cedo ao bordel. Tentaria adiantar tudo que podia para chegar mais cedo em casa, pois sua mãe não passara bem durante o dia. Pediu para sua amiga Tânia ficar de olho nela caso piorasse, explicou que cuidaria de uma senhora naquela noite, mas que sua mãe não deveria saber , pois dizia que estava trabalhando muito. 

Foi a dispensa pegar seus equipamentos de trabalho e começou  a cantarolar distraída uma canção que sempre ouvia sua mãe cantar quando era menina.

Só depois de alguns minutos percebeu que era observada. Madame Benett estava apenas de robe, como de costume, com os cabelos grisalhos soltos e um cigarro entre os dedos.

- Você tem uma bela voz criança, disse ela séria, me fez lembrar da minha mãe, ela era lavadeira, como a sua. Todas as manhãs íamos ao riacho perto do nosso casebre e ela passava o dia cantando, como se não houvessem problemas a enfrentar.

Caroline observou aquela mulher que sempre se mostrou tão confiante, deixando por alguns segundos transparecer uma alma ferida. Sorriu ao imagina-la menina, ajudando a mãe em seus afazeres.

- Devem ter sido momento muito felizes.

- Sim, alguns foram sim, porém, minha querida, como você bem sabe, a vida não é nada fácil para as mulheres, principalmente para as pobres.

Caroline apenas assentiu, sabia que era verdade, a vida era sim, cruel as vezes.

- Mas não vou mais te atrapalhar, por favor continue seus afazeres, você está se saindo muito bem, todas estão te elogiando, inclusive a Senhora Talbot, o que devo dizer, não é nada fácil.

Carol continuou a trabalhar tranquila e feliz por saber que estava se saindo bem. Os minutos se transformaram em horas que passavam voando.
Ao acabar de arrumar um quarto, onde demorou quase uma hora para deixa-lo impecável novamente, devido a euforia dos amantes ficou exausta e toda suja.

No final do corredor havia um quarto que era pouco utilizado, devido seu custo extra, pois segundo rumores, o próprio rei havia estado em uma reunião muito íntima ali mesmo. Então Carol se lembrou que lá havia uma bacia com água fresca e materiais para higiene, que ela mesma colocara no incio da noite. Foi até lá e entrou cuidadosamente, só queria se limpar e logo voltaria ao trabalho.

Abriu os primeiros botões de sua camisa, deixando o colo a mostra, pegou um pano branco de algodão sob a mesinha lateral e o molhou na água fresca que estava em uma bacia de porcelana ao lado. Soltou um leve gemido de satisfação ao sentir o frescor da água. Deslizou o pano pelo pescoço e desceu novamente para o colo nu, quando se assustou ao ouvir um barulho no quarto escuro. Apenas uma pequena vela queimava na mesinha que Carol utilizava.

- Quem está ai? Ela perguntou.

A cama fez um leve ruído e uma sombra enorme veio em sua direção. Por instinto se afastou, mas ficou barrada devido a mesa atrás de si.

A sombra se aproximou mais, até que a tímida chama da vela começou a ilumina-lo e a forma de.um homem surgiu. Deus, como era lindo, pensou Carol, cabelos louros, presos por uma tira de couro na altura do pescoço. Os olhos pareciam ser castanhos, mas não era possível ter certeza. Usava uma camisa branca aberta, deixando uma amostra nítida de sua boa forma. A calça preta justa, como ditavam as regras da sociedade, moldavam os músculos das pernas.
Em sua mão havia um copo com uma bebida escura, parecia ser Whisky. Ele se aproximou mais e mais, até que Carol pode sentir seu hálito quente mesclado com a bebida.

- Pensei ter solicitado Lady Kate, disse ele a olhando dos pés a cabeça, mas... você deve servir, para começar.

Nenhum dos dois esperava pelo que aconteceu em seguida, Carol o acertou com um tapa na face e saiu correndo do quarto.

Uma Lady e nada mais - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora