É um monocromático entardecer de Domingo.
Estou no quarto, arrumando algumas coisas. O celular toca. Atendo sem verificar o número:
— Alô?
— Oi, Anee? — É Pedro.
— Ah, oi Pedro, e aí, como está? — Eu me deito à cama.
— Estou ótimo e acho que um pouco nervoso. Espero que esteja bem também – Sua voz está agitada.
— Nervoso? Aconteceu alguma coisa?
— Não, vai acontecer. É amanhã, você vai? — Ele parece ansioso.
— Se eu vou... — Para aonde? Ah sim! — À feira, né? — Te peguei!
— Olha só, que legal, você lembrou! Sim, será pela manhã. Começa às nove.
— Sim Pedro, eu irei. Mas por que está nervoso?
— Terá uma bancada do meu grupo e essa é a minha vez como orador para apresentar o projeto. Não sei, pensar nisso me deixa nervoso — Ele recua na voz.
— Ah, você vai se sair bem! É um cara inteligente. Estarei lá para dar o apoio de amiga que você merece!
— Ah... Claro, amiga... — Ele pausa brevemente. Tocar nesse assunto o deixa sem jeito.
— Então, nos vemos amanhã, certo? — Falo em tom animado, tentando compensar minhas últimas palavras.
— Sim, nos vemos! Até!
— Tchau!
Um sorriso surge no meu rosto. Pedro é tão educado e generoso. Acredito muito que ele vá encontrar alguém que o admire e que compartilhe dos mesmos sentimentos e.... Pokémons.
...
Estou sozinha.
Vou até a cozinha, preparar um café para relaxar um pouco. Olho para o relógio de parede, e passam das dezessete. Beth deve chegar tarde, ou nem chegar.
O tempo passa tão devagar quando se está só — principalmente no fim de semana. Talvez eu devesse ser igual à ela — Penso, colocando o pó de café na cafeteira. — Ela toda hora troca de namorado. Ela chama isso de "rolo. " — Isso é para mim? — Me conhecendo bem, não. Mas mesmo assim estou curiosa. Onde ela arranja tantos encontros? — Penso por um instante — a cafeteira está processando. Ah sim, o aplicativo de encontro! Ela deve ter um monte de rapazes bonitos atrás dela. Ela é linda, se veste bem, loiríssima e o mais importante, gostosa. Até eu, se fosse homem, ficaria afim dela. O chato é que ela não dura com ninguém, então, nunca dá tempo de eu conhecer o sortudo.
O café desliza prazerosamente pela minha garganta. Está quente e doce. Com o notebook em mãos, sento à mesa da cozinha e procuro revisar meu TCC. Admiro-me com o bom trabalho que fiz. Eu desejo muito alcançar uma nota alta. Meus pais com certeza sentirão orgulho de mim.
Ouço barulho de chaves do lado de fora da porta. Beth entra. A porta é aberta com certa força. Ela passa por mim sem dizer uma palavra e vai direto ao banheiro. Eu fico em silêncio. Olho para o relógio e são... Nove e meia? Não me dei conta das horas passando. Ela voltou cedo. — Faço uma observação.
Estou preocupada, — O que deve ter acontecido? — Franzo o cenho. De repente, fico com raiva. Será que esse filho da mãe fez alguma coisa com ela? — Então a ficha cai e corro para o banheiro.
Bato repetidas vezes à porta, ao mesmo tempo em que giro a maçaneta, tentado abri-la, sendo que está trancada.
— Beth, abra a porta! — Eu digo, bastante preocupada. Consigo ouvir seu choro. Ela chora copiosamente. — Vamos Beth, abra! — Eu suplico.
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Em Presto
RomanceAo fim de seu último ano de faculdade, Alane, uma jovem de vinte e poucos anos, é surpreendida por uma proposta inusitada de sua professora que estava há um passo de reprová-la. Mas quais são os reais interesses escondidos por detrás desse simples a...