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Oi, minha gente! Resolvi que vou postar capítulos toda quarta-feira, mas qual é o melhor horário para vocês? Me contem, por favor.
Aproveitem o de hoje!
Um cheiro,
Luiza
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• A. P. •

"Então, ouvi dizer que você é o novato" Alice pergunta ao se aproximar da mesa onde estou sentado sozinho. Vi ela e os amigos olhando para cá e depois a vi se aproximar. Suas bochechas naturalmente rosadas estão realçadas pelo batom vermelho vibrante em seus lábios. Não me lembro dela estar o usando na aula mais cedo.
Problema, Tony! Minha consciência grita e quase posso ouvir todos os alarmes soando para que eu mantenha distância.
"Ah, sim. Anthony" estendo a mão para ela, que ignora e encosta na mesa.
"Você é britânico" Alice pergunta com um olhar intrigado e um pouco surpreso.
"Sim " sorrio.
"O que um garoto britânico está fazendo aqui no Brasil?"
"Meu o pai é um diplomata, então estamos morando aqui agora"
"Um diplomata inglês? Interessante. Então você é só mais um garoto rico e mimado?"
"Bem que eu queria" dou risada do tom debochado que ela usa, a fazendo sorrir. É um dos sorrisos mais bonitos que já vi. Sinto minhas bochechas corarem e olho para a mesa tentando disfarçar.
"Bom, você está estudando em uma das melhores escolas da cidade..."
"Sim, foi o que fiquei sabendo, mas não sou rico e acho que não sou mimado" ela faz uma careta e ri.
"Qual é a sua impressão até agora?"
"Boa. É bem diferente da Inglaterra e de outros lugares que já morei, mas não é ruim. Pelo menos consigo me comunicar com a maioria das pessoas aqui no colégio. Quando morei na China foi bem mais complicado" ela me olha como se fosse perguntar algo mais, mas um menino loiro e alto acena em sua direção. Ele parece um jogador de futebol.
"Alice, você vem?" ele grita.
"Sim, espera ai!" ela acena e depois se volta para mim. "Bom, tenho que ir. Foi um prazer, Tony" ela para mim e estende a mão sorrindo.
"Digo o mesmo, Alice" aperto sua mão e retribuo o sorriso.

• A. L. •

"Por um momento não achei que você conseguiria, mas já avisei a Fátima para deixar a bolsa separada" Tiago passa um dos braços por meus ombros e eu dou risada.
"Ah, querido Tiago, você ainda não aprendeu? I want it, I get it!" respondo e Camilla dá risada.
"Foi tão bonitinho ele olhando para baixo tentando disfarçar a vergonha!" Paulo ri e olha para mim "Mas qual é a fofoca que você tem para mim? Descobriu alguma coisa interessante? Ele namora?" ele sorri com malícia e levanta as sobrancelhas.
"Paulo!" repreendo meu amigo, que dá risada "Ele é inglês, o pai é diplomata, por isso está morando aqui e, pelo que entendi, já morou até na China"
"Huuum, menino viajado. OK, já quero ser amigo dele!"
"Amigo, sei... Ele é bem o seu tipinho, cara de menino bonzinho" Camilla revira os olhos me fazendo rir.
"É verdade, Paulo. Mas não acho que ele seja gay"
"Garota, olha pra esse bombomzinho aqui. Você acha que alguém resiste?" ele aponta para si mesmo e nós gargalhamos.
"Você tenta ficar comigo desde o 8º ano e eu resisti" Tiago comenta e Paulo revira os olhos.
"Já aceitei que você é hetero top, Tiago. Eu dou em cima de você só para não perder o costume" meu amigo rebate e volta a olhar para mim "Mas fora isso, qual é a sua opinião sobre o novato? Vamos deixar ele em paz ou vamos fazer da estadia dele aqui um pequeno inferno?"
"Ah, não sei se vale a pena pegar no pé dele. Ele foi bem simpático"
"Concordo. Ele não parece do tipo que enfrentaria a briga" Camilla comenta e Paulo acena em concordância.
"Tem um novato na minha turma que vai ser mais merecedor da nossa atenção" Tiago começa a falar sobre o aluno 'insuportável e nerd' que já chegou tentando sentar na janelinha, mas não presto atenção. Vejo Fernanda, uma das meninas do 3C que se jogam para todos os meninos dessa escola, se aproximar de Anthony.
"AH! Você é novo por aqui?" Escuto sua voz irritante de longe. Anthony responde alguma coisa que não consigo ouvir e ela sorri. "Eu sou a Fernanda! Alguém já te mostrou o colégio?"
Ah, não. Todo mundo nesse lugar conhece os famosos "tours" da Fernanda e como ela tenta finalizar todos eles atrás do ginásio, geralmente com a boca nos países baixos dos meninos. Anthony não parece ser desse tipo de macho, mas me aproximo deles de qualquer forma.
"Ainda não" escuto ele responder e ela abre aquele sorriso de víbora. Como eu tenho ranço dessa garota.
"Então, acho que posso assumir a tarefa" ela fala e vejo ele quase aceitar.
"Anthony! Eu esqueci de te falar, mas a professora Gabriela me pediu para te mostrar onde ficam os livros de literatura brasileira na biblioteca" intervenho com a primeira desculpa que vem na minha cabeça.
Ele me olha com curiosidade e tento passar a mensagem 'essa é a maior piranha do colégio' com o olhar. Acho que ele entende porque acena com a cabeça e se vira para ela, que está me fuzilando.
"Acho que o tour vai ter que ficar para outro dia" ele levanta pegando a mochila. Me coloco ao seu lado e dou um sorrisinho para a víbora.
"Claro! Quando quiser, é só me procurar" ela responde em tom afetado. Seguro o braço de Anthony e nos afasto da maluca.
"A professora realmente te pediu isso ou foi só uma desculpa?"
"Você vai me agradecer. Essa aí é uma das piranhas do colégio. Ela é famosa por dar esses 'tours' e terminar agarrando os meninos atrás do ginásio"
"Talvez eu devesse voltar, então" ele debocha, me fazendo revirar os olhos.
"Claro. Se quiser pegar herpes ou coisas piores no seu brinquedinho, sinta-se à vontade" rebato e ele gargalha.
"Estou tranquilo" Anthony sorri e nós continuamos andando pelo colégio. Alguns momentos depois, ele pergunta: "Seus amigos não vão se importar de você estar comigo?"
"Estudo com eles desde que tínhamos 2 anos e nós moramos na mesma quadra por boa parte das nossas vidas, então acho que se eu passar um intervalo longe eles não vão nem sentir minha falta"
"Mas com certeza vão comentar e perguntar os detalhes do 'tour da Alice'" ele comenta olhando pra mim e sinto minhas bochechas esquentarem.
"Ah, eu não saio atacando novatos nos corredores do colégio" respondo e ele ri "E você não faz meu tipo, então está seguro comigo"
"Ouch! Essa doeu" Anthony coloca a mão no peito e finge ter sido acertado por algo.
"Ah, tenho certeza que eu também não sou seu tipo. Você parece ser todo certinho" arrumo sua gravata e ele sorri.
"Prefiro loiras" ele entra na onda, me fazendo dar risada.
"Por isso você deu corda para a Fernanda" faço careta lembrando daquela cobra.
"Qual é a sua história com ela? Você não parece do tipo que se importa com novatos"
"Não me importo" olho para frente e vejo que estamos chegando no ginásio "Mas minha história com a Fernanda se resume à: nós éramos amigas, ela fez merda e agora nós nos odiamos"
"Ódio é uma palavra um pouco forte, não?"
"Não quando ela fez o que fez. Mas agora eu vou fazer o seu tour" pego sua mão e entro no ginásio.

• A. P. •

Esse ginásio é enorme. Por fora parece pequeno, mas existem varias salas, para vários esportes.
"Nosso colégio valoriza e muito a prática de esportes. Eles dizem que contribui com o crescimento pessoal e social dos alunos blá-blá-blá" Alice vai explicando enquanto passamos pelas salas "Nós temos aulas dos quatro esportes físicos e coletivos comuns, futebol, vôlei, handebol e basquete durante o ano, mas temos que escolher um esporte obrigatório. A escola oferece de quase tudo, desde natação à xadrez. Eu, Camilla, Sofia, Paulo, Carol e a babaca da Fernanda somos do time de dança. Ela só está lá porque é boa e se eu souber que você falou para qualquer um que eu te disse isso, vai ser sua morte!"
"Minha boca é um túmulo! Mas deixa eu adivinhar, você é a capitã?" pergunto e ela faz careta.
"Sim, mas só porque a Fernanda tinha entrado para a disputa na época e eu me recuso a receber ordens dela, e porque meu pai investe alto no departamento esportivo desse colégio"
"Então quem é uma daquelas garotas ricas e mimadas é você?" pergunto lembrando da nossa conversa hoje mais cedo.
"Mais ou menos. Rica? Sim. Mimada? Talvez" ela ri e abre uma das portas "Essa aqui é a minha sala"
Dou uma olhada na sala, que é enorme, as paredes de espelho, com um equipamento de som no canto e teto com isolamento acústico aparente. Ela fecha a sala de novo e continua andando. Vejo os nomes de cada modalidade nas placas ao lado das portas. Boxe, luta livre, judô, karatê, ginástica olímpica, ballet, xadrez, damas e capoeira.
"Dentro do ginásio tem 4 quadras, uma para cada esporte e lá fora nós temos mais 3 campos, um para futebol, um para futebol americano e o outro para rugby, além das 2 piscinas olímpicas. Como eu disse, temos quase tudo. A escola quer oferecer oportunidades internacionais para todos, então temos convênios com universidades dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Portugal"
"Para onde você quer ir?"
"MIT. Meu pai é dono e presidente da WL Tech, então eu e meus irmãos iremos seguir no ramo. Meu irmão mais velho faz Administração na UnB, meu outro irmão mais velho, Engenharia Mecatrônica também na UnB" ela responde como se fosse a coisa mais normal do mundo e essa é a única coisa que me impede de surtar. O pai dela é William D'Luca, dono de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, que é conveniada com milhares de empresas dos 4 cantos do planeta. Ela foi bem modesta quando falou que é "rica". A família dela tem um patrimônio bilionário.
"Por que você não quer UnB também?"
"Porque eu quero e posso ser mais. Meus irmãos não gostam de estudar, eles só querem saber de transar e gastar dinheiro com festas e bebidas. Eles não têm essa visão. Se meu pai perdesse tudo hoje..." algo bem improvável porque a administração da WL é uma das melhores do mundo "... eu quero poder ter oportunidades de construir um império igual o meu avô fez. Claro, minha família sempre foi rica e teve condições de investir para que a empresa se tornasse o que é hoje, mas ele era inteligente pra caralho. Se formou na MIT em engenharia mecânica, estudou muito para que nós fossemos os melhores. Ele tentava participar de todos os projetos possíveis e, depois que aposentou, montou uma oficina em casa para consertar carros" ela sorri, com certeza lembrando de algum momento especial "Quero poder construir ao lado da minha equipe, não ser só mais um presidente que nem sabe o que a sua empresa cria"
"Essa é uma visão muito interessante, Alice" comento e ela sorri para mim.
"Eu sei. Por isso eu era a neta preferida dele. Meus irmãos nunca deram muita bola para a empresa, mas eu sempre quis trabalhar lá"
Penso em responder, mas o sinal para nós voltarmos para a sala toca.
"Vamos. O professor de física é um babaca e não deixa ninguém entrar se a gente não estiver lá na porta quando ele chegar" Alice me avisa e sai correndo na frente.

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