Enviados

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— Perfeito. Agora sim você parece um mero mortal. Então, vamos repassar as regras. — Bakugo mexia no colarinho do paletó que Eijirou vestia, arrumando as roupas recém compradas para que o disfarce de humano fosse perfeito.  

— Nada de poderes, nada de falar que é um Deus, nada de punir algum aluno ou usar qualquer artifício que um mortal não usaria. Eu já sei de tudo, Katsuki. Mas, você tem certeza que eu preciso fazer isso? Ser professor? — Eijirou se encarava no espelho posto à sua frente, mexia os ombros sem parar, trajes humanos eram apertados demais. 

— Kirishima! Você sabe que sim! Você está aqui já tem UM MÊS  e nunca sai da taberna, as pessoas já começaram a achar que você é um foragido da polícia e querem te denunciar. Explicar que você não é um criminoso pode ser mais fácil que explicar que é um Deus mas mesmo assim, colabora.  — Bakugo arrumou alguns detalhes e então largou as roupas do outro, sinalizando que estava pronto.  

Os dois saíram juntos da taberna onde Eijirou "morava", em direção à escola de Bakugo, na saída passaram por Ochaco e Izuku, que brincava com a quase inexistente barriga da grávida, os dois firmaram laços rapidamente, pareciam quase feitos um para o outro, seriam o casal ideal, se ela não fosse uma deusa. Eijirou se despediu com um beijo na testa da irmã e um carinho rápido em sua barriga, era um tio babão.  

Kirishima e Katuski andaram juntos até à escola, conversando sobre como proceder em emergências com as crianças e como fingir ser um humano. Ao chegar na escola, se separaram e cada um adentrou em uma sala, Kirishima ficara parado ao lado da porta enquanto a professora do período anterior ainda ocupava a sala. Quando a mulher saiu, Eijirou fez questão de estender a mão em cumprimento, mas não foi respondido, ergueu os olhos até o rosto da mulher e pode perceber que a conhecia. 

— MOMO? MAS? IRMÃ? VOCÊ? POR? AHN? MAS COMO? E O PAI? VOCÊ VEIO PRA ME BUSCAR? — Kirishima estava assustado e seu corpo tomou a posição de um ataque de judô, ele estava pronto para atacar a irmã quando a mesma caiu na risada.   

— Não, idiota, eu tenho vindo ao mundo dos mortais durante alguns dias da semana, descobri que gosto de ensinar as crianças sobre ciências e sobre história, elas são adoráveis e cá entre nos, já tem anos que fazemos isso. Não é exclusividade sua e da Ochaco, irmão. — A mulher se aproximou do irmão, o tomando em um abraço apertado, quase que o sufocando.  

— Mas e o Shoto? O pai? Eles sabem? — Eijirou cheirou o cabelo da irmã, sentia falta do cheiro de flores que a mesma emanava, a deusa da primavera era perfeita. 

— O pai nunca descobriu de nenhum de nós, até agora, Eijirou, o mundo dos mortais tem estado em desequilíbrio com vocês aqui, ele notou a ausência e tem mandado os enviados dele para cá, a fim de levar você e Ochaco para o local onde vocês pertencem. E o Shoto, bem, depois da aula vá até esse endereço, já está na hora de eu voltar pra Faramus. — Momo falou entregando um papel nas mãos do irmão, levou as mãos ao rosto do outro e sorriu, no instante seguinte ela já não estava mais lá.   

Eijirou entrou na sala sorrindo, reparou nas crianças que o olhavam com curiosidade, afinal, era a primeira vez que o viam. Os pequenos se encantaram com os cabelos vermelhos e o sorriso pontiagudo do professor e lhe fizeram um milhão de perguntas sobre o motivo dos dentes dele serem daquele jeito. Eijirou inventou alguma história sobre e seguiu a aula, o homem levava o maior jeito com crianças e foi respeitado por elas, ao final do dia, a turma se levantou e fez fila para abraçar e beijar o novo profissional. Kirishima estava ainda mais encantado pelo mundo mortal.   

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O ruivo saiu antes de Bakugo, na frente da escola ficou encarando o endereço que sua irmã lhe entregara mais cedo. Decidiu então ir, não se importando com perigos já que envolvia o irmão, Shoto.  

Para conseguir chegar ao destino,  a casa esquina Eijirou pedia informação para uma pessoa, foi guiado então até uma clínica veterinária. Ao adentrar o estabelecimento, viu os cabelos bicolores do irmão no balcão, Shoto estava vestindo branco e tinha em suas mãos um hamster que usava uma gravatinha. O Deus do inverno se surpreendeu ao ver o irmão ali, mas ficou aliviado de vê-lo bem.

— E então você estava aqui esse tempo todo... sabia que nosso pai está louco? Que o mundo mortal tá em desequilíbrio? Que tem enviados de alto escalão te procurando aqui? Você tá lou...— Shoto foi interrompido por um abraço do irmão, que o fez sorrir e esquecer o sermão, a saudade dos dois tomou conta de seus corações e algumas lágrimas foram derrubadas.  

Kirishima explicou toda a situação para o irmão, que lhe deu um soco na boca do estômago por ser tão imprudente. Pediu para ver Ochaco e então, os dois saíram dali, indo em direção à taberna.

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Chegando ao destino, subiram rapidamente ao quarto de Ochaco, junto com Izuku e Bakugo, já que estavam envolvidos na história. Katsuki tinha a cara amarrada pois estava bravo por Eijirou o ter deixado preocupado. Mas o semblante era de preocupação no restante dos presentes, Shoto explicou as consequências da atitude imprudente de Eijirou e Ochaco e todos ficaram assustados.   

— Alguma pergunta sobre algo? — Shoto estava de pé e disposto a ajudar os irmãos à manter o disfarce, e sabia que poderia contar com Momo também. 

— O que te levou a ser veterinário e o que diabos é enviado? — Katsuki parecia impaciente, mas estava apenas tentando não parecer desesperado.   

— Primeiro: eu prefiro animais à pessoas, vocês são podres. Segundo: Enviados são criações divinas que estão abaixo dos deuses, são servos que fazem o que nós mandamos. Nós, filhos de Rãma estamos autorizados à utilizar enviados de baixo e médio escalão. Apenas nosso pai pode utilizar o alto escalão. Eles são perigosos, tem armas e autorização para usar qualquer método necessário para o êxito da missão. Esses estão atrás desses dois aí. – Apontou para Ochaco e Kirishima, que estavam abraçados.   

— E como nós vamos diferenciar humanos e enviados? — Izuku indagou.  

— Simples. Todo enviado tem uma marca de lua no olho esquerdo. Vocês vão saber se verem um.

Uma discussão se instalou, todos estavam tentando entender como proteger uns aos outros, mas Shoto os acalmou dizendo que voltaria com a irmã, Momo para que todos pensassem em algum plano juntos. Katsuki, Shoto e Eijirou saíram do quarto, desceram as escadas e o loiro se sentou numa mesa para jantar. Os outros dois seguiram para fora do estabelecimento, onde Eijirou, preocupado indagou: 

— Alto escalão, né? Então ela pode estar aqui?  

— É, sim. — Shoto era compreensivo, colocou as mãos sobre os ombros do irmão e sorriu, tentando confortar o outro. – Vai dar tudo certo, Eijirou. Eu prometo. Agora eu preciso ir. Até breve. – Antes que Eijirou falasse algo, percebeu que Shoto já havia ido. 

O ruivo respirou fundo e estava se preparando pra entrar quando seu estômago embrulhou, a voz conhecida chamando seu nome o fez arrepiar.   

— Eu não posso estar aqui, Eijirou. Eu estou aqui. — Kirishima se virou e a visão da velha amiga de infância era nostálgica. Engoliu seco e hesitou em dar sequer um passo. Percebeu que ela não estava sozinha.   

— Olá, Camie. Olá, Tokoyami.

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