Capítulo 1

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Nunca passou pela minha cabeça que com 21 anos eu estaria morando em Los Angeles, ao invés de estar no sítio com meus pais Na verdade, por mais que o Brasil não fosse o país dos sonhos, eu gostava da vida que levava lá. Estar aqui, é um sonho realizado, mas deixei tanto pra trás.

Afastei meus pensamentos ao me dar conta de que estou parada olhando para entrada do meu prédio a 10 minutos. Na boa, qual o meu problema? Esse é o sonho de consumo da minha vida.

Um.Dois.Tres.

Okay , hora de entrar.

Peguei as chaves em minha bolsa, e meu celular. Quando entrei no hall, fiquei maravilhada. Era muito lindo. O chão faltava ser um espelho de tão limpo. Era bem grande, acho que eu moraria aqui tranquilamente. Vi a portaria no canto esquerdo e me dirigi até lá, onde um homem que aparentava ter uns 60 anos, mantinha um sorriso no rosto receptivo. Parecia que ele fazia isso a tanto tempo, que nem percebe o tempo que passa sorrindo sem ao menos querer.

 
     -Bom dia, senhorita!

     -Bom dia!- o cumprimentei com um sorriso de volta- estou meio perdida por aqui. Sou a nova moradora do 604, Cecília Ales.
       -Ah, claro! – ele se abaixou no balcão e voltou com um cartão– me acompanhe, por favor. Ele disse e se pôs a andar. O segui.

  Fomos na direção contrária dos elevadores sociais, em direção ao que me parecia ser outro elevador.

      -Bom, aqui nós temos os elevadores sociais e temos estes, elevadores de serviço. Quando estiver com compras do mercado ou coisas mais pesadas, e que ocupam mais espaço, use estes. Cada morador tem um cartão de acesso, este é o seu. – assinto ao pegá-lo após o porteiro passar o cartão e me entregar.

Subimos com as malas e o agradeci quando chegamos a porta do meu andar. Aqui, cada apartamento ficaram um andar, é bem grande, eu diria que é mais uma casa. Minha tia avó me deu este de presente. Ela insistiu tanto em escolher um lugar para mim por aqui, por querer que eu tenha “o melhor que Los Angeles tenha a apresentar” (palavras dela, vale ressaltar) que acabei cedendo. Afinal, não se recusa nada grátis.

Entrei no apartamento com as malas. Ele era lindo. De cara, consegui identificar a sala, a parede em tom cinza e o chão de madeira. Tinha uma televisão enorme e um sofá que poderia ser minha cama. Atrás, havia algumas estantes com livros, e era muito bem decorado. Eu estava perplexa com tanto cuidado aos detalhes. Era simplesmente um sonho.
Tranquei a porta, e me dirige ao que pensei ser o meu quarto, já que tinha uma placa com meu nome, que fiz um lembrete mental de tirar depois. Tia Amélia com certeza o fez para que eu identificasse meu quarto.

Depois de andar por toda a casa, e passar trinta minutos admirando as panelas antiaderentes, resolvi desfazer as minhas malas.
Levei um susto quando meu celular começou a vibrar ao meu lado e praticamente berrar pro prédio inteiro a música do Graham.

Perfeito.

-Alô?- disse ao pegar o celular e atender sem nem ver quem estava me ligando.

-Oi, meu amorrrrrr!- afasto o telefone ao berro da minha mãe- Estou morrendo de preocupação, por que não me ligou? Você chegou bem? Comeu? Tomou um banho? Por que ninguém merece uma viagem dessas de avião, e ficar fedendo Cecília.

-Oi mãe, - sorri com esse despejo de coisas de uma vez só- cheguei bem, o vôo foi meio turbulento, mas ocorreu bem. A casa é linda, nem imagino o dinheiro que a tia Amélia gastou com isso. -suspirei- acho que vou precisar de outro morador, pra dividir as despesas. Isso aqui deve ser caro de manter. – me levantei ao terminar de arrumar as roupas no closet, indo pegar os sapatos para colocar – ainda não tomei banho, vale constar que cheguei agora- falei rindo.

- Acho que seria bom se você tivesse companhia. E sobre o banho, por Deus, vai logo tô sentindo seu perfume vencido daqui.

Ri alto com esse último comentário.

-Mae, vou desligar agora, tudo bem? Vou terminar de ajeitar minhas coisas, tomar um banho e DORMIR por que não sou de ferro.

-Okay, amorinha,- nunca entendi o por que desse apelido- amo você, fique bem.

Precisa terminar tudo isso. Ajeitei os sapatos, as maquiagem, perfumes e tudo mais. Estava exausta desse dia cansativo.

Tomei um banho demorado, privilégios recém descobertos sobre morar sozinha. Nada de gritos. Nem deboches sobre eu achar que minha mãe é dona da Copasa. Perfeito.

Deitei na cama, e meus pensamentos viajaram para o Brasil. Para os meus  8 anos.


-EU NÃO AGUENTO MAIS VINÍCIUS-
Escutei minha mãe gritar e logo em seguida um estalo. Eu também não aguento mais.
-FALA ASSIM COMIGO MAIS UMA VEZ, E VOCÊ VAI VER O QUE É UM TAPA DE VERDADE.- Vinícius dizia.

Outro estalo.

-ISSO, É PRA VOCÊ ENTENDER O QUE É UM TAPA DE VERDADE- agora era minha mãe. Que inferno. – UMA HORA EU TE DEIXO SO-ZI-NHO, SE NÃO TE MATAR ANTES.

-QUE DROGA CARLA, SE EU NÃO TE DESTRUIR ANTES, VOCÊ QUIS DIZER.

Levantei. Assim que pus os pés na porta do quarto, agarrada a tartaruguinha que uma Tia da escola tinha me dado, dois pares de olhos caíram sobre mim.

-MAS QUE MERDA!- Carla esbravejou- TA VENDO O QUE VOCE FEZ? ACORDOU ESSA INFELIZ.

Vinícius olhou pra minha cara, e bufou irritando.

-VOLTA JÁ PRA MERDA DA SUA CAMA GAROTA! – e então, outro estão. Só que diferente dos outros, esse ardia. Ao invés de escutar, dessa vez eu senti. Foi comigo.
Não consegui conter as lágrimas. Chorei como uma criança de oito anos após levar um tapa de um cara de 25 choraria. Berreiro de dor,e tudo que ganhei foi outro tapa.
-SE VOCÊ NÃO CALAR ESSA BOCA, EU RANCO SUA LINGUA FORA MENINA!- Carla esbravejou- VOLTA PRA MERDA DA CAMA AGORA!

Não conseguia. Não conseguia me mexer. E ao ver que levaria outro tapa, eu corri. Passei pela porta do barraco, e assim que me preparei pra descer o morro do Vidigal em um só pé. Um carro com luzinhas vermelhas e azuis parou na porta da minha casa. E depois, outros foram chegando.

- Tá tudo bem!- um cara de terno me disse- Você está segura agora.

Eu o abracei e o choro alto, virou só lágrimas em uma blusa social. Vi meus pais serem presos, e agradeci a Deus por isso.  A polícia revistou minha casa, a procura das drogas traficadas. Ficou subentendido que eles eram traficantes. E alguém denunciou a agressão que eu sofria.

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Hey, babys.  Bom, eu tô  empolgada com esse livro, e espero que vá pra frente e que vcs sejam minhas futuras e futuros leitores.

Observações: cada capítulo não tem previsão de publicação, conforme eu for vendo se o livro vai pra frente, a gente combina essas coisas.
É isttooooo.



Luar: Sob As Estrelas #1Onde histórias criam vida. Descubra agora