Capítulo 2

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Não, não, não...

- Não!- gritei, me levantando com pressa e ofegante. Olhei desesperada para todos os cantos do quarto me localizando onde estava. Esse pesadelo, de novo- Mas que droga!

Olhei o relógio no criado mundo. Cinco da manhã. Bufei. Esses pesadelos estão acabando comigo. Toda noite a mesma coisa. Teve um tempo que com a ajuda da psicóloga, eles pararam por anos, e então, nos últimos meses tem ocorrido sempre.
Decido levantar, já que não iria conseguir dormir mesmo. Me dirijo a cozinha, precisava de uma água e um banho gelado, estou toda suada.

Voltando para o meu quarto, escuto batidas na porta. As cinco da manhã? Ah não.

Tia Amélia me assegurou que aqui era seguro. Mas como pôde? Eu não quero morrer agora, não quero receber essa boas vindas de LA. Espero, imóvel onde estou, esperando que as batidas cessem. Me nego até mesmo a respirar.

Após um longo tempo, pelo menos para mim, percebi que elas não iam acabar e ficavam cada vez mais forte. Tá legal Cecília, pensa, pensa...Isso!

Vou até a cozinha e pego a maior faça que encontrei. Escondo ela atrás das costas, qualquer movimento suspeito, e eu ataco! Destranco-a e assim que abro, vejo um cara de calça pijama azul listrada com branco, e uma camiseta cinza. Mas...o que?

-Posso ajudar?- pergunto com um sorriso pra lá de forçado.
O cara olha pra mim com um semblante preocupado e assustado. E levanta a mão para... Pera! Ele levantou a mão! LEVANTOU A MÃO! Preciso agir antes que ele saque a arma.

-Vai com calma, mocinho, se não eu espeto você! Não ouse tocar nessa arma!- aponto a faca na sua direção, fazendo minha melhor cara malvada. E parece ter funcionado. Ele está bem mais assustado. A-há. Sou dura na queda, arrasei com esse malandro.

O marginal me encarando com os olhos arregalados por segundos infinitos. Por fim, levanta as mãos em sinal de redenção. É isso aí garota!

-E-eu vim saber se...- ele gagueja e parece embolar as palavras- se...por que eu teria uma arma? – ele abaixa as mãos de repente com uma expressão confusa. Dou um passo a frente.

-O ladrão aqui é você, então você me diz por que tem uma arma?
-Pera aí garota, como é que é?- ele diz- sua louca, eu vim saber se você estava bem. Mas pelo visto, você tá ótima.- ele se vira de costas chamando o elevador.

-As cinco da manhã? E o que te fez pensar que eu não estaria bem?- abaixo um pouco a faca, mas não totalmente, conheço a lábia que assaltantes podem ter.

- Bom,- ele responde ainda virado para o elevador- deve ser por que eu moro no andar de baixo?- ele se vira para mim- Que ótima recepção aos vizinhos! Muito prazer, David, do 504!- seu tom é de puro deboche. Aí, merda. Ele é meu vizinho, mas que droga.

-E-eu ima-maginei que...- eu tento me explicar

-Olha só! – finje surpresa- ao que parece, todos nós imaginamos algo não é mesmo? Eu por exemplo, imaginei ter escutado uma garota aos berros as cinco da manhã! Mas que imaginação a minha, você não acha?- ele se vira ao ver que o elevador havia chegado, entrando nele- Mas foi um prazer te conhecer, vizinha, e ah! Pode deixar, que na próxima, eu vô estar mais preparado! Também trarei minha faca, vai que uma louca decida me atacar. Nunca se sabe, não é?

Burra, burra, burra.

-Ei!- eu grito antes que o elevador se feche. Ele segura para não fechar- eu sinto muito! Eu não liguei os fatos, mas convenhamos, um cara na sua porta as cinco da manhã, não é algo comum!

-É claro que não! Assaltante de pijama eu vejo, todos os dias- ele diz e em seguida abre um sorriso. E uau, que sorriso é esse!- Boa noite...?
-Cecília.

-Certo. Boa noite, Cecília.- ele solta o elevador e eu só consigo abrir a boca depois que ele se vai.
-Boa noite.
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Luar: Sob As Estrelas #1Onde histórias criam vida. Descubra agora