° Reino Sekaiㅡ Neema, ㅡ Sussurrou, enquanto chacoalhava sua melhor amiga. Essa, de início resmungou em protesto, mas não tardou a abrir os olhos. ㅡ Preciso da sua ajuda.
ㅡ O quê? ㅡ Neema pôs-se sentada, e ainda muito sonolenta, acompanhou Sade pelo quarto. Oloyade colocou novamente suas sandálias, e alcançou a lamparina que ficava em cima da mesinha do lado da cama. ㅡ Por quê está acordada?
ㅡ Preciso da sua ajuda. ㅡ Repetiu, puxando Neema para fora da cama, pelo braço. ㅡ Temos que ir até o Zola.
ㅡ Por quê? ㅡ Disse, confusa. Mas mesmo sem entender, Neema colocou-se de pé, e buscou pelo seu par de sandália. ㅡ O que tem no rio?
ㅡ Um mzungu. ㅡ Falou, em um suspiro.
Neema parou de calçar, e depositou seus olhos arregalados em Sade.
Todos os habitantes do reino Sekai sabiam da batalha que se desenrolava no deserto de Davu. Omari, um dos mensageiros de guerra, reportara que os invasores eram mzungus, e que estavam tirando a vida dos guerreiros Sekai, sem pensar duas vezes. De tempos em tempos, era normal haver conflito com outros reinos, mas antes que tudo se transformasse em um terrível banho de sangue, Obasi propunha a busca por uma solução através do diálogo. Esse método sempre dava certo, uma vez que nenhum reino preferia perder a vida de milhares de guerreiros, ao invés de se contentar com uma permuta. Normalmente, os conflitos se davam por conta de uma grave estiagem.
Professor Otis, único mzungu habitante do Reino Sekai, seguiu com Omari até o campo de batalha, na esperança de dialogar com os invasores, e procurar uma solução que poupasse o restante das vidas. Mas, o outro lado deixou bem claro que não estava nem um pouco interessado em conversar, quando assassinaram mais de quatrocentos guerreiros Sekai, como resposta a sugestão pacífica.
ㅡ Mzungu? ㅡ Inquiriu, perplexa. Sade apenas assentiu. ㅡ Ele está morto?
ㅡ Não, ㅡ Balançou a cabeça, negando. ㅡ Ele ainda está respirando, eu chequei.
ㅡ Sade, ㅡ Começou, cruzando os braços, já um pouco aborrecida. Neema odiava ter seu sono interrompido. ㅡ Por quê temos que voltar para lá? Deixe que as patrulheiras lidem com ele!
As Patrulheiras era o nome dado ao grupo de mulheres encarregadas de manter a segurança no interior do reino, zelando tanto pelo Rei e pela Rainha, quanto pelo resto do povo Sekai. Toda manhã, era comum ver parte desse grupo andando pelo reino, em busca de algo fora do normal, principalmente na época em que as batalhas aconteciam. Muitos anos atrás, durante uma guerra contra o reino Maha, alguns guerreiros conseguiram invadir e tirar a vida de centenas de pessoas. Desde então, para evitar que algo assim ocorresse novamente, o Rei Tau Oloyade, selecionou milhares de guerreiras, e as incumbiu a missão de manter todos seguros. O filho do Rei Tau, Talib, ao assumir o trono, decidiu manter em vigor a prática desenvolvida pelo pai.
ㅡ Talvez ele seja que nem Shaka, Neema, já pensou?!ㅡ Falou, encarando sua melhor amiga. ㅡTalvez esse mzungu nem queria estar em um campo de batalha, tirando vidas, e sim em uma sala de aula, ensinando as crianças a ler e a escrever!
Shaka Ade, atualmente tido como o segundo melhor guerreiro do reino Sekai, se viu obrigado a se juntar aos demais guerreiros como tentativa de dar uma vida melhor para sua família. Fugindo da terrível seca que assolou o reino Haji, Ama Ade, uma viúva e suas três crianças - Shaka, Jamilah e Dalia - chegaram no reino Sekai em busca de uma vida melhor. É regra em Sekai, que os primogênitos e primogênitas das famílias que vêm de fora de tal reino, vivam a serviço da família real, como demonstração de gratidão. No caso dos homens, desde seus dezesseis anos, são treinados para se tornarem futuros guerreiros, mesmo que não seja esse o futuro que imaginaram para si. Caso alguém se recuse a seguir tal regra, o indivíduo e todos os seus familiares, são colocados para fora, abandonados no deserto de Davu, à mercê da sorte.
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The King. // hs
FanfictionOnde um jovem Rei se apaixona pela Princesa de um reino distante.