UM

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— Yoongi, você gosta tanto de pirulito, quer um?

O tom malicioso na voz de Dahyun faz eu revirar os olhos. Não respondo, finjo que ela não está ao meu lado, fazendo barulhos suspeitos com o pirulito de maçã verde que ela arranjou na minha mochila.

— Ah, esse era o último, acho que você vai ter que pedir para o Hoseok.

Me sinto irritado. Porém, em vez de soltar vários palavrões, e demonstrar minha fúria que ela usará como desculpa para dizer que sou gay, me levanto, caminhando até a porta de meu quarto, pronto para pegar alguma coisa forte na cozinha, um, na qual meu pai não sentirá falta.

Sei que está me seguindo porque seus passos saltitantes atrás de mim certamente não são do cachorro de minha irmã. E ele também não está com um pirulito na boca, provavelmente girando seu cabinho entre os dedos e fazendo com que um sorriso malicioso brote em seu rosto enquanto pensa em coisas inúteis para me falar.

— Yoongi, amanhã eu e minha doce esmeralda vamos ir na balada, bora junto, tem vários gatinhos lá, todos eles se chamam Jung Hoseok, o garoto da publicidade.

— Dahyun, vá caçar o que fazer, eu te imploro.

— Ué, eu já estou fazendo alguma coisa, estou te falando que amanhã o Hoseok irá na balada e que provavelmente estará esperando você, enquanto segura um copo com uma bebida peculiar, pronto para receber uns beijos na boca e umas mãos no pau.

Eu prefiro me manter em silêncio, abrindo todos os lugares possíveis para encontrar somente uma latinha de cerveja no fundo da geladeira. Eu a abro, dando um gole longo.

— Qual é, só vamos, não precisa beijar o Hoseok. Vai ter vários caras lá.

— Dahyun, qual teu problema? Eu já te disse que não sou gay.

— Ah sim, e eu namoro o Taehyung.

— Tem um negócio chamado incesto.

— Que eu não pratico.

— E eu não sou gay.

— O que você está insinuando?

— Eu que te pergunto.

Ficamos em silêncio, se encarando. Ela ainda chupa o pirulito, me encarando enquanto a latinha de cerveja em minha mão pode a qualquer momento se amassar.

— Sabe, se você não fosse gay, você estaria duro em me ver chupar um pirulito dessa forma. Pronto, saiu do armário.

Antes que eu possa me defender, ela sai correndo, e tudo o que ouço é a porta do meu quarto batendo.

...

— Olá gatos e gatas de toda Coréia — Momo aparece, seus cabelos loiros voando e ela parece uma deusa. Dá um selinho em Dahyun fazendo eu sentir uma vela queimando na minha cabeça.

— Ficar de vela é tão bom que eu vou chamar de ver a cara do meu pai todos os dias — Hoseok solta, jogando um amendoim em sua boca. Ele está jogado na grama, as costas encostadas no tronco da árvore.

— Simples, lasca um beijo no Yoongi que tudo fica de boa — quem fala é Momo, se sentando no chão e pegando o pacotinho de amendoim da mão de Hoseok.

— Pelo amor de Deus, tchau para vocês — reclamo, me levantando e alcançando minha mochila. Eles começam a me chamar, mas prefiro ignorar, sabendo que irei passar muita raiva caso eu me mantenha ali.

Isso me irrita. Sinceramente. Ouvir todos os dias que sou gay, faz com que minha cabeça doa e eu me sinta furioso. Não sou gay, jamais serei. Minha atração por mulheres é mais forte que qualquer coisa, e nenhum homem poderá mudar isso, nem mesmo o mais bonito do mundo.

Entro dentro do salão principal, pronto para subir as escadas que dará até minha sala no quinto andar. Pegar o elevador seria uma ótima opção, porém saber que posso pegar o elevador com alguma pessoa que conversará comigo, me deixa desanimado o suficiente para pelo menos apertar o botão que abrirá as portas.

Os cinco lances de escada que tomam meu tempo até chegar à minha sala, fazem com que o estresse acumulado por conta da socialização anterior, suma feito pó. Respiro fundo, retomando o fôlego antes de andar até a última sala do corredor, onde encontrarei estudantes piores do que eu.

O professor já está na sala quando eu chego, mas ele não parece se importar nem um pouco. Isso me deixa mais aliviado, permitindo que eu possa ir até meu lugar, se sentar e ficar no celular pelos minutos que restam.

No momento em que desbloqueio o aparelho vejo que foi uma péssima ideia. Há varias mensagens no grupo que Momo criou, e todas elas são da mesma e de Dahyun. Eu me pergunto porquê o Hoseok não está mandando mensagens ali, e quando abro o grupo vejo que ele saiu. Não há um motivo aparente, as duas meninas estão se perguntando o que aconteceu para ele sair, e em segundos me vejo em seu chat privado, digitando a questão.

HOSeok: eu saí? eu jurava que tinha saído de um outro grupo

eu: sim, tu saiu

eu: quer que eu te coloque novamente?

HOSeok: pfvr

Quando saio do chat dele e abro o grupo, demoro alguns segundo para adicioná-lo novamente. Havia me esquecido completamente que fazer isso resultaria em comentários vindo de Dahyun e Momo, mas eu não esperava que eles fossem ser tão explícitos e constantes.

Bloqueio a tela do celular, olhando para frente e encarando o quadro branco cheio de anotações, me perguntando se eu deveria ou não copiar agora.

Minha atenção é roubada quando meu celular começa a vibrar no bolso. Eu o tiro dali, vendo minha mãe me ligando.

Sinto um pouco de medo, quando ela me liga sempre é para algo ruim.

— Oi, mãe.

— Oi, meu bebê. Você vem em horário normal hoje?

— Sim, por que?

— Nós precisamos conversar uma coisa séria. Não se atrase. Te amo.

Ela desliga antes que eu possa responder, e antes mesmo de largar o celular, eu já vejo minha vida passando pelos meus olhos.

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⏰ Última atualização: Apr 21, 2019 ⏰

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