Chapter 2 - Chugyeoghada (Perseguição)

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  Ele mantinha o olhar sobre mim e aquilo era como um peso . Podia sentir me atravessar e observar minha alma. Me separei.

  - Desculpe. – Me curvei em "respeito".

  Não que eu fosse submisso. Achava aquilo ridículo, você poderia ser qualquer coisa que quisesse. Mas me abaixei pela vergonha, queria esconder minhas bochechas avermelhadas.

  O garoto nada respondeu e eu voltei a minha posição ereta olhando para o mesmo que me analisava da cabeça aos pés. Ele deu de ombros e colocou a mão nos bolsos da calça.

  Lembrei daquela linha e dei atenção a minha mão que, novamente, não havia nada. Olhei para o acastanhado com curiosidade e o mesmo me olhava na mesma intensidade. Me virei e fui andando de volta para a porta da boate, não queria ficar mais envergonhado do que já estava.

  Ouvi passos atrás de mim e olhei por cima do ombro, ele estava me seguindo. Parei e fiquei de frente para o mesmo que quase tromba em mim.

  - Porque está me seguindo? – Olhei para cima já que o mesmo era um pouco mais alto que eu.

  - Não sei... – Ele desviou o olhar para o outro lado da rua.

  - Se me der licença. – Abri a porta do táxi do meu lado e já ia entrando quando ele entrou junto. – Está ocupado, não está vendo?

  Ele olhava curioso para um ponto específico e eu segui a direção que acabou dando em sua mão. Aquela fita estava presa no dedo dele e o outro lado estava preso no meu. Tentei pegar mas minha mão passou direto como se aquilo fosse invisível.

  - Vão entrar ou não? – O motorista virou para trás nos olhando. – Porque estão olhando pro nada? Vocês são esquisitos...

  Desviei minha atenção para o homem e quando fui olhar para o laço vermelho, ele havia sumido mas eu ainda o sentia ali. O garoto me empurrou para o lado se sentando no banco e fechou a porta do táxi.

  Será que só nos podíamos ver aquilo?

  Me afastei um pouco ficando do outro lado do carro e quando puxei minha mão a dele veio junto posicionando em cima de minha coxa. A empurrei e a minha foi junto. Me aproximei para que não precisasse ficar com o braço esticado e para previnir uma caimbrã futura, suspirei alto. Aquilo parecia uma tortura ou um castigo daqueles que você tem de ficar preso em alguém por algemas.

  Ficamos o caminho todo até minha casa em completo silêncio e senti um alívio em meu dedo, parecia que havia se soltado. Certifiquei me afastando meu braço  e realmente não tinha algo nos aprisionando. Abri a porta e em um pulo sai daquele carro, parecia que o ar tinha ficado pesado ali e que eu tinha segurado minha respiração por um tempo, respirei fundo e entrei em casa.

  Essa fora a noite mais louca da minha vida. Sai para me divertir com meus amigos e acabei com uma linha vermelha invisível me prendendo a um completo estranho e já nos fez ter momentos constrangedores.

  Precisava de um banho, isso sim. Subi as escadas para o meu quarto e entrei no banheiro já tirando minhas roupas e entrando no box. Liguei o chuveiro na temperatura fria e me enfiei de baixo da água. Me arrepiei ao sentir o contato dos pingos gelados caiando em minhas costas.

  Após algum tempo ali, desliguei e peguei uma toalha para me enxugar. Sai do banheiro, coloquei apenas uma boxer com um moletom e me joguei na cama.

  Observei meu dedo e tentei entender o que estava acontecendo. Acabei adormecendo perdido em meus pensamentos.

  {...}

  [Seul, Coréia do Sul - 11:50]

  Sentei na cama me espreguiçando e bocejando. Demorei um tempo para acostumar com a luz que invadia o quarto e me levantei indo para o banheiro. Escovei meus dentes e desci as escadas dando de cara com meu pai de cara emburrada e minha madrasta.

  - Bom dia. – Falei de forma irônica para a mulher.

  A história que tenho para contar sobre meu relacionamento com ela é bem grande. Porém o que precisam saber por hora é que nos odiamos, bem clichê mas era verdade.

  Sentei na baqueta e peguei um pedaço de bolo colocando-o na boca em seguida.

  - Que horas chegou ontem? – Meu pai falou e veio me dar um beijo na bochecha.

  - Duas da manhã. – Resmunguei tentando não fazê-lo ouvir mas sabia que seria falha já que ele era um alfa.

  - O que? – Ele virou para mim com uma frigideira na mão. – Tem que aprender a ter responsabilidades, Park Jimin! – Me ameaçou bater com o objeto e escondi atrás de um pano jogado ali.

  - Sexta-feira, Appa! – Vi que ele abaixou a guarda e eu coloquei o pano de volta no lugar. – Além do mais, eu estava com meus amigos em plena segurança. – Eu acho, pensei.

  - Você deveria educar melhor seu filho, assim ele não faria essas coisas. – A mulher falou e eu a fuzilei com os olhos enquanto a mesma deu de ombros e continuou tomando de sua xícara.

  Ela sabia como deixar o ambiente pesado ou constrangedor. Estabeleceu um silêncio em que só se ouvia o ovo fritando no óleo. Raspei a garganta e me levantei tomando todo o suco que havia no copo em que meu appa colocara para mim antes de eu descer.

  - Preciso ir.

  Despedi do homem com um beijo na bochecha e sai de casa.

   A caminho do restaurante que marquei com meus amigos de nos encontrarmos senti que alguém estava me seguindo. Olhei para trás por cima dos ombros e vi que era um um homem, mais alto, com o rosto coberto por uma máscara preta e um boné na mesma cor. Comecei a andar mais rápido e ele seguiu meu ritmo se posicionando ao meu lado. Parei repentinamente olhando de soslaio para o outro que me olhou de volta.

  – Tá me seguindo? — O reconheci pelos olhos. 

  Ele negou com a cabeça e desviou sua atenção para o outro lado da rua.

  – Preciso conversar com você...

  – Pois diga e me deixe em paz. — Revirei os olhos e cruzei meus braços.

  – Você também viu, certo? — Ele me olhou e eu senti a intensidade da cor de sua íris castanha aumentar.

  Primeiramente eu me afastei. Aqueles olhos eram de um Hwansang e eu queria me manter longe. Segurou meu braço e eu tentei me desvencilhar de suas mãos.

  – Se não me soltar eu grito. — Ameaçei e ele fez o que pedi.

  Segundo, tentei correr mas não conseguia sair do lugar por algo estar me segurando ali. Olhei para nossas mãos e lá estava novamente aquela maldita fita.

  – Porque isso está acontecendo? — Olhei para o laço.

  – Isso que também queria saber.

  Minhas esperanças de que ele pudesse me explicar haviam ido por água a baixo. Nenhum de nós sabia o porquê de estarmos com aquilo em nossas mãos e porquê não podíamos ficar afastados.

  – Tinha que ficar preso logo com um de sua espécie. — Olhei para ele esbanjando raiva.

  – O que? — Me olhou com uma expressão de dúvida que depois se transformou em uma de ironia e riu baixo. — Acha que sou um daqueles?

  – Seus olhos te denunciam. — Lancei um olhar mortal para ele.

  Ele piscou algumas vezes e seus olhos voltaram ao normal. Tentei me soltar daquele amarro em meu dedo mas foi em vão, aquilo nem mexia. Desisti jogando meus braços para baixo em frustração. Comecei a andar e a puxa-lo para que pudéssemos chegar a tempo no local marcado.

  – Eu não sou! Posso garantir isso. — Andava ao meu lado com as mãos no bolso e o olhar fixo no chão.

  – Nem te conheço e nem confio em você.

  – Olha, não temos tempo. Quero que você me ajude a pesquisar sobre isso já que também está envolvido. — Ele colocou sua mão em minha frente mostrando seu dedo.

  – Não agora... Tenho um compromisso. E estou amarrado a você. — Bufei.

  – Posso ir com você mas depois vamos procurar saber o que é isso.

Akai Ito: Fio Vermelho do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora