✿ 005 - Se ela fosse embora ✿

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- Eu quero contar uma coisa - Ka Eun diz e todos passam a observar. Ela não quer apenas consolar a filha, ela quer descarregar algo que está ocupando grande parte do seu coração a muito tempo - Quando eu tinha cerca de 8 anos, lembro com clareza de passar a viver em um orfanato. Meus pais disseram que iam trabalhar e nunca mais voltaram. Eu passei muito tempo naquele lugar, sozinha, guardando toda a dor dentro de mim. Com 12 anos fui adotada e ao invés de amor, eu recebia ordens e mais ordens. Eu teria vergonha se fosse você de se ofender com tão pouco, você não sabe a vida boa que tem! Você achou que nenhum homem nunca iria te tocar na vida? Pelo visto você tem muito o que aprender e amanhã mesmo você irá para a igreja ser purificada, a culpa em grande parte é sua. Sabia que viriam homens e mesmo assim se vestiu como alguém sem dignidade. Não quero ouvir mais nada a respeito disso, entenderam? - Diz ríspida -

Somin subiu revoltada e bateu a porta de madeira de seu quarto, ela não se importa mais se será castigada ou repreendida, já está grande o suficiente. A única coisa que a preocupa é Nayeon e como ela irá ficar após todo o ocorrido.
Tudo o que a mãe sofreu não justifica suas atitudes ou palavras.

Lisa segura a mão da irmã e a guia pelas escadas. Cada uma vai para seu respectivo quarto, mas após alguns minutos, Nayeon aparece no quarto da irmã mais nova e se ajeita junto com a mesma debaixo das cobertas.

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Na manhã seguinte, a família Manoban se dirige até a pequena igreja localizada no centro da praça principal.
Lisa nunca esteve tão absorta, a fala da mãe passava e repassava por sua cabeça e chegou à conclusão concreta de que não sabe nada sobre seus pais, do que são capazes, o que passaram.

Após o culto, Ka Eun leva Nayeon ao padre, que diz que para a menor ficar livre desse pecado, seria necessário rezar 20 Pai nosso e 10 ave Marias.

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Jessica Kim sempre foi alguém que estudou bastante, aluna número 1 da sala, notas altas e nenhuma recuperação. Isso mudou um pouco ao conhecer um homem bonito, inteligente e alguém que ela achava ser o cara certo.

Chris era estrangeiro e seu trabalho envolvia visitar colégios e saber se o ensino estava de acordo com o aprendizado dos alunos.

Resumindo, aos 18 anos, tiveram relações e Jessica ficou grávida. A partir daí, foi sempre julgada e assunto principal de fofocas. Não há muito o que falar de Chris, a própria Jessica não se lembra de muita coisa, apenas de que ele a levou do céu ao inferno e depois ao céu novamente. Se apaixonaram, ela ficou grávida e expulsa de casa e deu luz a pequena Jennie.

Por Jennie não ter tido contato com outras crianças em sua infância, já que as mães das mesmas não deixavam, ela se dá muito bem trabalhando na pequena cantina da escola.

Os pequeninos lhe dão muito carinho e doces, doces são importantes para as crianças, então elas dão para outras pessoas na qual possuem grande afeto.

Como sempre, Jennie pegou o ônibus em direção ao trabalho. Abriu a cantina e foi separar os alimentos para a primeira refeição do dia na escola.
Ela escuta seu celular vibrar dentro da bolsa e o pega após alguns toques.

- Alô?

- Senhorita, Jennie?

- Sim, é ela mesma

- Aqui é do hospital Simjang, sou a enfermeira Vivi, a encarregada de acompanhar sua mãe no tratamento. Ela teve um mau súbito e precisou vir com urgência para cá. Preciso que o responsável compareça em até 1 hora

Depois disso Jennie não escutou mais nada. A única coisa que fez, inconscientemente, foi pedir para ser liberada, o que foi concedido.

Ela não teve paciência o suficiente para esperar que o próximo ônibus passasse, apenas correu. Ela correu, correu, correu e correu até não sentir mais suas pernas.

Ao entrar no quarto, pôde respirar um pouco mais aliviada por ver que a mãe ainda respira. Por alguns segundos apenas fica abraçada a mais velha e depois as lágrimas tomam contam de seu rosto.

- Nini? - Jessica profere fraca -

- Mãe... mãe - É a única coisa que sai de sua boca, além dos soluços -

- Tá tudo bem querida, eu estou aqui

- Não me deixa, por favor. Eu vou trabalhar o quanto for possível pra pagar seus remédios

- Não se esforce tanto, tudo bem? A culpa não é sua ou a falta de remédios. Sabíamos que uma hora iria piorar e não teria o que fazermos

- Mas eu não posso deixar você assim, sem fazer nada

- E eu não posso permitir que você trabalhe tanto por algo que sabemos que não terá tanto resultado

A jovem não disse mais nada, apenas ficou ali, fazendo um leve cafuné nos cabelos da mãe.

Ela não se perdoaria se a mãe partisse desse jeito. Se ela fosse embora sem ao menos ver Jennie casando, que é o seu sonho, não conseguiria levantar da cama.

Se Jessica for embora, Jennie não viverá mais também.

Forbidden Future - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora