Voltando de uma rota Genocida.

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Pov. Papyrus:

Acordei assustado, gritando e me debatendo, estava suando frio vendo minha vida passar por meus olhos novamente, me levantei em posição de ataque com um osso alaranjado em minha mão. Com o tempo me acalmei e me vi de novo na minha tão adorada casa, especificamente no meu quarto, bagunçado e escuro, com luvas no chão e Toby amedrontado na parede, em meio a minha respiração desregulada tive pena do cachorrinho que com certeza acordou (do seu sono e dos mortos) por minha causa.


- SANS!!! – Corro o mais rápido que posso para fora do meu quarto, tanto que caio de cara no chão e faço Toby latir em preocupação, me levanto apesar da dor da queda, que mesmo sendo feia não me tirou muito HP (graças, já que só tenho 1) e vou até o quarto dele, antes de colocar a mão na maçaneta eu paro, paraliso no corredor, mas não era por conta da dor ou outra coisa, era um sentimento bem mais carnal e presente, sempre usado para preservar nossa vida, estado físico ou psicológico, no meu caso, emocional: o medo.

Medo de que Sans não estivesse lá, de que ele ainda estivesse... estivesse... M-Morto. Demorou para eu conseguir formar essa palavra em minha mente, estava e ainda estou fugindo dela e todo o peso que ela carrega, ela é de uma intensidade que foge do meu controle, que leva minhas lagrimas e minhas cicatrizes a mostra, me faz sentir inútil e sem importância, impotente, que me faz voltar ao momento em que eu senti o lenço dele em minhas mãos e sabia que era tudo que eu poderia ter dele agora. Morte, essa certeza já sentida por mim, é a coisa que mais me apavora, se não aquele que a provocou.


Deixei minha respiração pesada levar essas dores embora, precisei me concentrar em algo além delas. Limpei o rosto, segurei a maçaneta e abri a porta. Sans estava lá dormindo, babando até, tendo bons sonhos, acredito. Em sua cama, sem ideia de que ele era pó minutos atrás, ou seriam horas? Não sei tanto assim sobre linhas do tempo...


Eu não entendia como isso era possível, me lembro de absolutamente tudo (de forma tão clara que chega me assustar), da sua chegada até o nosso encontro no Salão do Julgamento, e consequentemente, minha morte, conseguia sentir ainda presente o aranhão feito pela lamina daquele demônio, e a dor... É inesquecível. Era como se os eventos passados tivessem sido apenas um sonho ruim, se esse fosse o caso, seria um pesadelo mais que horrendo, impossível, até mesmo inimaginável, meu cérebro não conseguiria criar aquilo, ele é como eu, preguiçoso demais. Me afastei um pouco desses pensamentos.

Fechei a porta para não acorda-lo com meus soluços, agora de alivio e felicidade, meu corpo cansado se apoiou na porta e deslizou ao chão onde tentava recuperar o folego e cessar as antigas lagrimas que por pouco ainda caiam, parecia uma criança que avia se machucado e teve que parar de brincar, estava em posição fetal tentando imaginar o destino do "monstro" que matou a todos e foi morto por mim...


AQUELA DESGRAÇADA DEVERIA QUEIMAR NAS CHAMAS DO INFERNO POR SUAS AÇÕES!!!


A-Aquela garota não era humana, não era possível, consegui ver isso em seus olhos em nosso primeiro encontro, eles não possuíam brilho, eram vazios, mortos por dentro, ou no nosso aperto de mão, frio, automático, era quase impossível crer que a mesma tivesse alma. Ela não lutava para sobreviver, e sim para ganhar LOVE, ela queria matar, tinha sede de sangue, o que me fez pensar, por que não a matei naquele momento? Eu senti a poeira em suas mãos frias, porém antes de cravar um osso nela, minha promessa veio à tona, e tomei minha pior decisão, dei a ela misericórdia.

Ao Atravessar uma Porta (Bem Vindo a Underswap!)Where stories live. Discover now