um namorado de mentirinha

02

E tudo que consigo sentir e raiva. Uma raiva que eu não sei o por que de estar aqui mas ela está. Nem somos namorados de verdade. Em um sobressalto acabo afastando os dois.

- pelo visto sua velha conhecida ainda não sabe que somos namorados.

- velha, eu!? - a loira finge estar ofendida.

- somos é? - Clark finge confusão.

Mesmo sendo namorados de mentirinha ele deveria me respeitar. É isso que se espera de um relacionamento se quer que ele seja sólido.

- calma amiga.

- estou calma. Calma até de mais.

- tudo bem San, ela é mesmo minha namorada. Acho. - diz me provocando.

A loira apenas sorri e saí calma e plena do jeito que voltou e com a sorte de não ter nenhum fio de cabelo fora do lugar.

Odeio essa risada idiota de quem sabe de tudo e acha que estou com ciúmes.

- isso é ciúmes dona Vick? - ele anda mais rápido para me alcançar.

- de você Clark Kent! Com certeza não.

- certeza Louise lane?

A como esse garoto é irritante. Paramos em frente a montanha russa mega monstruosa a nossa frente.

Hora da revanche. Quero ver se ele vai encarar ou fugir como um garotinho medroso.

- amiga tem certeza que quer ir nisso daí? - Amber parecia bem nervosa ao ver as curvas e voltas em espirais da montanha.

Monstro Negro. E eu nem imagino o por que desse nome.

- claro. Não vai me dizer que está com medo?

- não sei só um frio na barriga.

- você vai comigo não é amor?

- agora você me chama de amor! Né?

- claro. Um casal se apóia nas horas boas e ruins. - digo fazendo ele me olhar de um jeito diferente.

- profundo. Confesso que quase me afetou.

Encaramos a montanha russa por alguns segundos e de fato parecia bem desafiadora e perigosa.

- tudo bem se você não quiser ir. - digo, fazendo ele me lançar um olhar cúmplice.

Senti um frio na espinha, nunca ninguém me olhou assim antes.

- sério?

- sim.

- mas eu quero ir. Não vou deixar você debochar de mim na frente dos idiotas da classe. Não mesmo.

Sorriu.

- tudo bem, então vamos.

Caminhamos até a segunda fileira de seis cadeiras ocupadas apenas por um garoto loiro que Amber senta perto, enquanto eu e Clarke nos sentamos também. O rapaz de boné preto trava bem nossos equipamentos de segurança.
Enquanto sinto uma mão quente se entrelaçando a minha.

- o que está fazendo?

- eu nunca andei nisso antes e estou fazendo isso por você. Então pode pelo menos segurar a minha mão?

- isso foi fofo. - Amber diz ao meu lado.

- tá, tudo bem.

Sabia que hora ou outra ele iria se aproveitar da situação. Vejo que o garoto loiro pediu a mesma coisa para Amber e é inevitável nossos olhares se cruzam e rimos deles. Opa o monstro começou a andar rápido, rápido, curva espiral e frio na barriga, quando entramos no túnel negro passando bem devagar enquanto observamos seres estranhos se mexendo no escuro. Nada romântico considerando a quantidade de seres e bonequinhos assustadores que nunca vi. Já Clark parecia super entretido com tudo aqui. Até a força voltar e irmos cada vez mais rápido deixando nossos cabelos em pé com as voltas inversas.

Finalmente paramos ainda com a adrenalina lá em cima. Não sei se me sinto enjoada ou dolorida por Clark ter apertado fortemente minha mão. Andamos os quatro cambaleando para fora do local.

- então vamos de novo? - eles me olham sérios.

- não. - dizem em uníssono e eu caí na risada até acabar vomitando. Admito foi nojento, mas o jeito como Clarke cuidou e se preocupou comigo foi lindo.

- jura que ainda quer ir de novo? - ele me encara comer meu cachorro quente. E isso não é nem de longe um encontro ou um jantar romântico.

- claro que quero. Mas não hoje.

- então o que quer fazer agora?

Ele se aproximou um pouco mais de mim, perto de mais eu diria. Eu queria sair do seu possível contato tanto quanto queria ficar e descobrir. Somos namorados de mentira mas seu pedido foi o mais real e até meio romântico.

Clarke selou nossos lábios em um beijo casto estranhando quando eu me afasto.

- desculpa. Achei que a gente podia já que somos tecnicamente namorados.

- não precisa pedir desculpas. É só... Vamos devagar. Entende?

- tudo bem. Eu sei que você ainda esta tentando superar o cretino do Adán que te traia com a Shane pelas suas costas.

Queria que isso não me afetasse, afinal já faz algum tempo. Mas ainda é como se um balde de água gelada caísse em minha cabeça toda vez que me lembram disso.

Sério, estou bem. Sem ressentimentos. Sem amor perdido pelo caminho. Tudo superado. Mas as pessoas acham que não, acham que não superei. Eu superei mas toda vez que alguém fala é estranho por que a sensação da traição fica.

- Vick me desculpa eu não devia ter falado isso...

Antes que Clarke possa falar mais alguma coisa eu o beijo. Melhor jeito de calar um língua solta e Clarke tem a língua bem solta.

- isso foi muito bom.

- não me lembra mais disso por favor. Adán é passado, não tem por que ficar relembrando. Sabe todos acham que não o superei.

- e superou? - diz calmo e concentrado em mim.

- claro.

- não sente mais nada por ele? Está livre para sentir por outra pessoa?

Sua doçura até me faz esquecer que ele ama me provocar.

- eu venho tentando fazer isso a um bom tempo mas as pessoas não tem nenhuma credibilidade em mim. - encaro o copo de refrigerante a minha frente pois não quero olhar para Clarke.

Sei que apesar das suas brincadeiras e provocações ele sempre gostou de mim. Só seu ego de criança birrenta que não o deixava me pedir em namoro.

- eu tenho Vick. Por isso fiz o pedido. Para mim não importa se você aceitou só por que queria ir ao baile.

- sinceramente nem sei se ainda quero ir à esse baile. - digo triste.

- o que? Não, você vai sim. Você não vai terminar nosso namoro só por que não quer ir mais a esse baile. - Clarke me parecia bem aflito com a ideia de terminar nosso namoro de uma tarde e uma noite e ainda por cima de mentira.

Mentira essa que Clark queria tornar real.

- calma Clarke! Não vamos terminar.

- ah bom. Não me assusta menina.

Seu comentário me fez rir. E eu não queria mais ficar triste. Nem provocar Clarke, mas era praticamente impossível já que era assim que a gente funcionava.