Prólogo

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Sacramento, CA.

Teresa sentiu todos os pelos do corpo se eriçarem quando uma corrente de ar gelado cruzou seu caminho logo quando abriu a porta principal de casa, as noites de outono em Sacramento costumavam ser consideravelmente geladas e ela havia esquecido esse fato, visto que, dentro de casa ficava constante acompanhada de um belo aquecedor.

Já passavam das oito quando ela decidiu colocar o lixo para fora, a rua já estava vazia e escura, não havia crianças brincando e nem adolescentes andando de skate como de costume, sentiu uma pontinha de medo enquanto caminhava em direção à lixeira, apertou os passos para que não prolongasse sua estadia. Uma mulher sozinha na rua aquela hora da noite era extremamente perigoso, ainda mais uma mulher grávida.

Quase correu em direção a casa quando depositou os sacos dentro da grande lixeira, quando entrou trancou a porta atrás de si e sorriu sozinha, como uma mulher da sua idade ainda conseguia ter medo do escuro, no mínimo era cômico.

Foi em direção ao banheiro se despindo no caminho, tirou seu casaco e deixou sobre a poltrona da sala, tirou o colar e deixou na cômoda do corredor, quando ia desabotoar sua camiseta ouviu o barulho da porta dos fundos sendo aberta, não achou estranho, porque como havia trancado a porta principal seu marido teria que usar a outra entrada de qualquer forma.

— David? – Ela perguntou e não obteve resposta, Teresa então colocou a cabeça para fora do banheiro.

Tudo permaneceu em silêncio e então ela imaginou que talvez tivesse ouvido demais, voltou para o banheiro e se encarou no espelho, seus cabelos loiros caiam sobre os ombros, seu rosto era do tipo angelical, nenhum defeito, nenhuma marca. Era linda, como uma boneca de porcelana.

O novo visitante a encarava de longe, suas mãos suavam, ele não sabia se era por ansiedade ou por medo. Medo? Mas ele não sentia medo, pensou, quem devia ter medo era ela. Ergueu o Calibre 22 com confiança, andou silenciosamente em direção a moça e então uma tábua mal colocada no assoalho denunciou sua presença, ela se virou assustada e quase a cor desapareceu do seu rosto quando o viu, ele se surpreendeu também quando viu sua barriga de grávida. Ele teria dois! Dois em uma noite só, que sorte ele tinha, tudo ficaria sobre controle durante esse tempo com esses dois, não teria que procurar outros tão cedo.

Ainda sorrindo ele apontou a arma em direção à cabeça da boneca de porcelana, o grito não foi tão rápido quanto às balas que foram em sua direção, ficando assim engasgado em sua garganta... Para sempre.

PsiqueWhere stories live. Discover now