Capítulo 03 - Um Problema chamado Leonard Trevine

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Dois dias depois e eu estava rumo à Splendora. Embora eu tivesse urgência para resolver a situação da minha avó sabia que não podia meter os pés pelas mãos. Eu tinha uma única chance e não tinha alternativas, portanto não podia falhar.

Eu não sabia ao certo o que estava sentindo. Quer dizer... era tudo tão confuso e tão pouco tempo pra pensar... Eu tentava não me deixar dominar pela ansiedade e pelo medo enquanto o ônibus se aproximava do destino final.

A rodoviária fica no centro da cidade. Tudo muito comum, como em qualquer cidade de interior: a praça com o coreto central, velhinhos jogando xadrez, crianças correndo atrás dos pombos e a pequena igreja ao fundo.

No entanto havia uma coisa de diferente em Splendora: a sede da Trevine Corporations. Confesso que esperava mais, não um prédio pequeno de 3 andares que mais lembrava um casarão antigo localizado em frente a praça. Ainda assim, apesar do tamanho, ele me intimidava. Havia ali uma austeridade que me impactou.

O anúncio para a vaga de assistente administrativo parece ter caído dos céus. Felizmente era para trabalhar nos vinhedos diretamente com Leo Trevine. Senti o ar faltar só de pensar naquele homem da foto. Eu tinha que controlar minha ansiedade ou colocaria tudo a perder.

O relógio marcava meio dia em ponto. Minha entrevista estava marcada para as duas horas o que me dava tempo o suficiente pra encontrar um local para ficar. Aliás está ai algo que não foi nada difícil, trinta minutos depois já tinha conseguido um quarto na única pousada da cidade.

A ansiedade e o nervosismo não me deixaram almoçar. Decidi então me adiantar e chegar mais cedo, afinal talvez isso contasse pontos ao meu favor.

Não foi muito difícil descobrir como chegar no "Recanto do Sol". Apesar de demorado, bastou apenas um ônibus para chegar a uma pequena estradinha que levava a fazenda.

Suspirei encantada com o caminho repleto de figueiras. O cheiro era incrivelmente doce e por alguns instantes me perguntei se não estava indo para a fazenda errada, afinal esperava por um imenso vinhedo.

Me emocionei ao pensar que uma parte daquelas terras eram minhas. Não importava o tamanho, aquele pedaço era parte da minha família, da minha história!

A porteira estava aberta. Fiquei um pouco preocupada. Será que eles não tinham medo de serem assaltados? Aí me dei conta de que provavelmente não tinham motivos para isso, afinal Splendora era pouco mais que um povoado. Se tem alguém que eles precisavam se preocupar era comigo, pois o que eu estava planejando era um roubo... quer dizer... eu preferia pensar como um empréstimo.

Procurei pela campainha e sorri pela inocência. Eu estava numa fazenda no meio do nada. É claro que não esperavam por visitas então por que teriam uma campainha? Bati palmas e não demorou muito até aparecer um senhor. Estava me sentindo naqueles filmes de faroeste onde o velho caubói caminha com suas esporas e chapéu enquanto tem um matinho entre os dentes.

- Boa tarde senhorita. Deseja alguma coisa? – O homem tirou o chapéu em um comprimento. Ele era já um senhor de idade e tinha um sorriso simpático entre os lábios.

- Boa tarde. – Sorri tentando deixar a melhor impressão possível. – Tenho uma entrevista de emprego como senhor Trevine.

- Qual deles?

- Leonard.

- Ah o garoto ainda não chegou. – Ele disse garoto? Pelas fotos não parecia um menino. Ou será que eu estava enganada e havia mais de um Trevine além dele e do irmão? – Mas vamos entrando. Vem, deixe eu levar a sua mala, está muito quente pra ficar parada aqui fora. – MAGGIE!

Mentiras de CristalWhere stories live. Discover now