Página 2: Somnia

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GaHyeon era sempre forçada a fazer as coisas, por mais que não gostasse, era essa sua vida e reputação de "esquisita" no colégio em que estudava.

Nunca conversava, diziam sobre ela ser "autista".E quando alguém tentava chegar perto, ela fugia.Sua vida sempre foi assim, dizia sua mente ser como "um filme de ação policial" e ela ria do que sua mente falava, ela era a melhor amiga de sua mente, assim como sua mente era sua única e melhor amiga, tanto que criaram uma cidade fantasma onde somente elas conheciam nas aulas entediantes e -pareciam ser- inacabáveis aulas de história.

Mas nesse dia foi diferente, sempre que ela tentava correr, os outros alunos corriam atrás dela, e era sempre pega. Seu coração dizia sob seus velozes batimentos cardíacos "Por favor resista!", mas sua mente sempre repetia atônita "Socorro!". Mas infelizmente, GaHyeon nunca poderia ser ouvida por ninguém além de si mesma e sua mente, vozes estranhas que ecoavam em sua cabeça, falando coisas estranhas e inaudíveis, e quando entendia-as eram frases maldosas. Mas não ligava para nada disso, já que ela sabia que sua mente não seria capaz disso, certo?

Chegava em casa, depois do que sua mente denominava de tortura, e ela novamente riu, mas percebeu que não estava sozinha, quando sua mãe novamente murmurou um palavreado um tanto cruel para GaHyeon, mas que felizmente já havia se acostumado com tal coisa.

Entrou em seu quarto-um tanto organizado e pequeno- colocando sua mochila num pequeno sofá que se encontrava por ali, ocupando maior parte de seu quarto. Olhou para o céu, vendo a lua já visível aos seus olhos negros e demasiado grandes.

A lua era sua amiga de longa distância, como um sonho impossível de sonhar novamente. Incluindo sua melhor amiga, a mente, que adorava participar de seus segredos noturnos.Elas riam juntas, faziam tudo juntas, até o amanhecer, elas eram inseparáveis. Era seus sonhos, quando dormia em plena cinco horas da manhã, quando a lua e a mente tinham que descansar ela também obedecia.

E todos os dias, ela acordava pensando na noite, na lua.

Pensava que um dia poderá conhecer sua amiga de longa distância, poder abraçar quem realmente lhe ajudava a viver e continuar vivendo.

Era uma nova noite, uma nova conversa, um novo sonho.

Mas talvez o que GaHyeon tenha tido não era realmente um sonho, e sim, um pesadelo. Ela era sonâmbula, mas não ao ponto de fazer aquilo consigo mesma, algo imperdoável. Por quais motivos ela teria para se enforcar? Ainda mais em seu quarto, num lugar tão confortável. Ela não seria capaz de se auto-machucar e ainda por cima abandonar suas únicas amigas. Ela morreu olhando para a lua.

Mas, pelo menos agora ela não precisaria mais correr quando é observada, GaHyeon não seria forçada a fazer coisas, nem apanharia mais dos outros. Talvez agora, ela não precisaria mais sonhar.

The other side of the mirrorOnde histórias criam vida. Descubra agora