Connection

Capítulo 5

Já havia se passado duas semanas desde o encontro conturbado que tivera com Joshua. Era um domingo de uma manhã nublada e com ventos fortes, típico daquela época do ano. Ali, em frente ao túmulo do pai, Jeonghan percebera o quão rápido o tempo passava; já fazia oito anos desde o fatídico acidente "causado" pelo Yoon. Todos a sua volta tentavam convencê-lo de que não havia sido culpa sua, entretanto, nada era capaz de lhe tirar o peso nas costas pelo ocorrido.

Havia sido em mais uma das noites frias de Seoul, quando seu pai foi lhe buscar na casa de Joshua. Os dois já tinham dezenas de discussões acumuladas devido à revelação da opção sexual de Jeonghan, e é claro que seu pai não deixaria aquilo passar – até onde sabia, seu filho estava em casa, em seu próprio quarto e dormindo, não na casa de Jisoo fazendo coisas que sequer era capaz de imaginar. Era uma noite de chuva e no meio do caminho a briga teve início, o que acabou distraindo o Yoon mais velho da pista. E, em um dos gritos de sermão que foi dar à Jeonghan após receber uma resposta, perdeu completamente o controle do carro e derrapou pela pista, chocando o automóvel com outro logo em seguida.

Jeonghan passou dias internado e seu pai, já com vários problemas de saúde, foi incapaz de resistir àquilo tudo.

Nada tiraria da consciência de Jeonghan que havia sim sido sua culpa. Talvez, se tivesse permanecido calado, seu pai ainda estivesse ali, com sua mãe e irmã. Quem sabe até estariam entendidos agora, certo? Mas, como sempre em sua adolescência, era Jeonghan e sua língua grande; não aturava desaforo e muito menos pensava nas consequências de seus atos.

— Já fazem oito anos. — Encostou a mão direita no túmulo frio de mármore, mordendo os lábios. — Me desculpe...

— Não acredito que ainda se culpa por isso. — Uma voz conhecida ecoou por seus ouvidos, juntamente a uma respiração quente em seu pescoço.

— AH! — Deu um pulo, se virando imediatamente e acertando um belo tapa no recém-aparecido.

— AI! — Joshua gritou, colocando a mão na bochecha atingida. Estava vermelha. Jeonghan arregalou os olhos, se aproximando do outro.

— Ai meu Deus, Joshua! Me desculpa! — Envolveu o americano em um abraço apertado, como outro e silencioso pedido de desculpas.

— Foi minha culpa, está tudo bem. — Disse ao retribuir o abraço, mordendo os lábios por conter um sorriso; a proximidade estava perfeita para aspirar o doce aroma de Jeonghan – oh, estava perdido. Perdido em um pecado com nome e sobrenome.

— Eu só faço besteira, credo. — Jisoo se afastou do mais velho o suficiente para encará-lo.

— Para de babaquice, Jeonghan, já disse que a culpa foi minha. — Revirou os olhos. — Também teria feito isso se estivesse sozinho no meio de um cemitério e alguém chegasse por trás sem avisar.

Os olhares se encontraram.

O coração de Joshua já não estava tão agitado quanto antes, estava em paz. Ver Jeonghan novamente o fazia sentir como se nada no mundo fosse capaz de tirar de si a calma que ele lhe trazia.

Já Jeonghan, este sequer sabia o que se passava em seu peito. Seu coração e sua consciência estavam em uma briga constante, complicando ainda mais sua situação. Desde a cafeteria, havia conversado com o Hong cinco ou seis vezes, pelo celular. Receber fotos do americano durante as conversas deixava-o todo bobo, embora tentasse ao máximo pôr na cabeça que não estava sentindo o que sentia. Ainda estava muito confuso com a onda de acontecimentos e não podia concretizar tudo aquilo sem ter 100% de certeza, até porque não queria magoar Jisoo com seus atos precipitados.

— Err... — Jeonghan desfez o abraço, o encarando. — Mas você tá fazendo o que aqui?

— Vim brincar de amarelinha. — Deu de ombros. — Ou você faz outra coisa em cemitérios? — O Yoon fez uma careta.