Bônus

245 34 20
                                    

Durante a leitura de todas as três cartas, Jeon sentia-se impaciente. Sua ansiedade era tamanha que o fazia tropeçar em palavras que seu amado havia escrito à alguns dias atrás.

Ao terminar a terceira - e última - carta, o moreno sentou-se na poltrona próxima a escrivaninha d'onde havia pegado os papéis que Taehyung havia deixado. Que de relance, pareceram apenas folhas velhas para o mesmo.

Jeon olhava para as páginas em suas mãos e franziu suas sobrancelhas na tentativa inútil de entender tudo que acabara de ver. O mesmo estava à 4 dias sem contato com Kim, por uma briga que haviam tido. Da última vez que vira seu homem, estava muito bem e calmo.

Após olhar para cada palavra por mais alguns minutos, a ficha caiu para Jeongguk que se levantou rapidamente voltando a pegar seu casaco, afinal faziam apenas 12° graus do lado de fora. O moreno correu até a porta, e de lá até a rua. Sua correria não diminuiu até que chegasse na casa de seu garoto, mesmo quando o ar lhe faltou.

Em meio a tanta correria, pensamentos e desespero, algumas lágrimas começaram a escorrer pelo rosto pálido de Jeon. O mesmo mal havia percebido que estava em prantos, não até chegar na porta do prédio onde o garoto das cartas habitava.

Por um momento Jeon se viu receoso. Ele tinha medo do que encontraria ao entrar ali, ele não sabia se estava pronto para isso, mas assim mesmo foi.

Ao adentrar o prédio, em seguida o apartamento em questão, viu tudo em perfeita ordem porém não viu o loiro que ali morava. Naquele momento lembrou-se da última carta, Taehyung disse que estaria na banheira. Foi para lá que Jeon correu.

Ao chegar no cubículo azulado viu o amor de sua vida com olhos fechados, inundado em uma grande banheira cheia de água. Viu também cartelas e mais cartelas de antidepressivos e calmantes no chão, junto com uma garrafa de vodka já vazia.

As lágrimas que antes eram rasas tornaram-se pesadas e frequentes. Sua reação foi correr até a banheira, e ao encostar no corpo de Taehyung, sentiu o quão gelada estava a água.

Ele tirou o corpo quase despido de Kim, soltou-o por um momento e ligou para os pais do mesmo. O menor cuspiu a notícia na cara do mais velhos pelo celular, suas lágrimas faziam de suas palavras apenas ruídos altos, apesar disso, os pais do loiro entenderam o suficiente para chorarem e correrem para a casa de seu filho.

Naquela noite a dor perdurou. Gritos, lágrimas e muita dor se fez presentes. Jeon e os pais do garoto hospitalizado permaneceram ali, junto ao mesmo.

Era o fim. O fim de uma história, o fim de um amor, o fim de uma vida.

(...)

Três anos se passaram desde o acontecido, e as feridas ainda não haviam se fechado em Jeon. A dor era presente toda vez que o menor fechava seus olhos. Ele achava que isso nunca iria embora, e enquanto suas lágrimas escorriam naquela noite em questão, o moreno decidiu ir ao parque que ambos iam, em cima de uma grande montanha que dava a eles uma vista aberta do céu.

Sentou-se no balanço esquerdo, onde o menor costumava se sentar, e olhou para o céu, que estava mais estrelado que o comum.
O choro não cessou um minuto sequer, e enquanto a dor e a saudade transbordavam por aquelas gotas salgadas, o moreno repetia para si as palavras "Eu sinto sua falta. Quando eu digo isso, eu sinto ainda mais"

Uma antiga canção lhe veio à mente, e o mesmo começou a cantar. Kim sempre amou a voz de Jeongguk.
"Tudo é inverno aqui
Mesmo em agosto, é inverno aqui
Meu coração faz o tempo correr
Como um Expresso Polar solitário
Eu quero segurar sua mão
E ir para o outro lado da Terra
Para encerrar este inverno
Quanto tempo mais
Terá de cair neve
Para os dias de primavera chegarem?"

Com essa canção através a doce voz de Jeon, uma estrela no denso céu brilhou mais forte. E foi o suficiente para o moreno saber de que seu amado o ouvira naquela noite.

𝑩𝒓𝒆𝒂𝒕𝒉𝒆 » 𝑻𝒂𝒆𝒌𝒐𝒐𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora