Capítulo 1. Se For Para Ser, Será

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Setembro, 2012.

Era uma manhã de sábado e os raios solares entravam pela janela aberta, mas não foi isso que me despertou, e sim o meu celular, que tocava insistentemente. Abri um olho e a claridade me ofuscou, o que fez com que eu o fechasse novamente, contraindo a face. Virei para o outro lado da cama, sem ter a menor ideia de que horas eram, mas mesmo assim me perguntava quem estaria me ligando de manhã cedo. Abri os olhos novamente, segura de que a claridade não ia me cegar, e estiquei o meu braço tentando alcançar o celular que teimava em tocar. Alcancei o aparelho e olhei para a tela. A primeira coisa que eu vi foi quem estava me ligando. Era Sarah, a minha melhor amiga.

Sarah é aquela amiga que Deus mandou para você para ser o seu anjo da guarda, a irmã que não é irmã de sangue e que por muitas vezes é até melhor que a sua própria irmã. Sarah é a única das minhas amigas em Los Angeles que me conhece por inteiro. Ela sabe de todas as minhas feridas, de todos os meus traumas e, por essa e outras razões, ela está sempre por perto e é capaz de enfrentar o mundo por mim. Sem ela, eu não sei como eu conseguiria enfrentar os meus pesadelos.

Olhei as horas na tela, que marcava 09h10, e resmunguei:

— Eu espero que seja um caso de vida ou morte.

Atendi a ligação ainda sonolenta e ela ralhou:

Melanie, não me diga que você estava dormindo!

— Sarah, eu... – forcei o pensamento para me lembrar do que eu tinha esquecido, mas não foi preciso, pois ela continuou:

Eu estou aqui na praia te esperando há uma hora!

Sarah continuou resmungando, enquanto eu, sinceramente, não me lembrava de termos combinado nada. Mas era aceitável, já que eu e ela tínhamos enchido a cara de vinho na noite passada. No entanto, Sarah não ia aceitar essa desculpa, pois nós íamos à praia todo sábado.

Estou aqui na praia há uma hora e você aí dormindo! Você sabe que horas são?

— Se você que está acordada há mais tempo não sabe, como é que eu que estava dormindo vou saber?

Melanie, deixa de palhaçada! Não tem graça!

— Está bem, está bem, eu sei, são nove e... – olhei rapidamente para a tela – onze.

E por que você ainda estava dormindo? A que hora nós marcamos?

— Desculpa, Sarah, eu esqueci. Depois que você saiu daqui, eu estava tão bêbada que apaguei na cama sem acertar o alarme.

Está bem, mas você vem ou não?

A sua pergunta me deixou em um dilema: Dizer não e voltar a dormir, deixando Sarah voltar para casa furiosa comigo; ou ir ao encontro dela e evitar a terceira guerra mundial.

Evitar a terceira guerra, para o bem da paz mundial.

— Vou, sim, daqui à uma hora eu chego aí.

Uma hora? Mais uma hora?

— Eu não tenho helicóptero, senhorita Smith – respondi com ironia.

Está bem, mas vem logo. Já saiu da cama pelo menos? – perguntou e eu ainda estava deitada.

— Já, sim – respondi saindo rapidamente da cama, o que me fez tropeçar no lençol e cair de joelhos. Levantei-me rapidamente, como se ela pudesse me ver. – Daqui a pouco eu chego aí.

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Já tinha se passado meia hora desde o telefonema da Sarah e, se eu não chegasse lá em vinte minutos, ela me mataria; e era provavelmente o que aconteceria, porque chegar até a praia de Zuma em Malibu na manhã de um sábado e saindo de Santa Monica, não era uma tarefa fácil.

Só Faltava V💋cê! - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora