VIII Lughnasadh, 31 de Julho

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Lughnasadh (pronunciado 'loo-nus-uh') significa 'a comemoração de Lugh'. Em sua pronúncia simplificada, Lúnasa, isto é irlandês gaélico para o mês de Agosto. Como Lunasda ou Lunasdal ('loo-nus-duh', '-dul'), isto é escocês gaélico para Lammas, 1o de Agosto; e o equivalente Manx é Laa Luanys ou Laa Lunys. Na Escócia, o período de uma quinzena antes de Lunasda até uma quinzena depois é conhecido como Iuchar, enquanto que na Península Dingle (?) de County Kerry a segunda quinzena é conhecida como An Lughna Dubh (o festival de Lugh obscuro) – sugerindo "que eles são ecos de um cálculo lunar através do qual Lughnasa teria sido celebrado em conjunção com uma fase da lua". (Máire MacNeill, O Festival de Lughnasa, pág.16).

Através das Ilhas Britânicas (não apenas na 'orla Celta' mas também em lugares tais como County Durham e Yorkshire), os costumes populares de Lughnasadh se anexaram quase inteiramente ao Domingo anterior ou Domingo posterior ao 1o de Agosto – não meramente através da cristianização mas porque eles envolviam grandes ajuntamentos de pessoas, muitas vezes em montanhas ou grandes colinas, o que era possível apenas nos dias de lazer que a cristandade tinha convenientemente providenciado.

Do que sobreviveu de Lughnasadh nestas ilhas, a Irlanda oferece uma verdadeira mina de ouro, parcialmente porque, como já destacamos, na Irlanda a cultura rural tem sido muito menos deteriorada pela cultura urbana do que em qualquer outra parte, mas também por outra razão histórica. Durante os séculos quando a religião católica era proscrita ou perseguida, o campesinato irlandês, privado de seus templos de adoração, agarrou-se o mais fervorosamente possível aos lugares sagrados em céu aberto, que era tudo o que lhe foi


deixado. Assim, atendendo à um apelo muito mais antigo que o cristianismo, os sacerdotes e as pessoas escalaram juntos as sagradas alturas ou buscaram os poços mágicos, para marcar aqueles pontos de mutação no ano da Mãe Terra que eram importante para eles por demais para não serem reconhecidos meramente porque suas igrejas não tinham teto ou eram requeridas por um credo forasteiro. Em altitudes tais como em Croagh Patrick eles ainda praticam.

O livro de Máire MacNeill, citado acima, reune uma surpreendente riqueza destes sobreviventes – setecentas páginas de costumes, folclore e lendas de raiz que não se deveria deixar faltar por qualquer estudante sério dos Oito Festivais.

Quem foi Lugh? Ele foi um deus de fogo e luz do tipo Baal/Hércules; seu nome pode ser originário da mesma raiz do latim para lux, significando luz (o que também nos oferece Lucifer, 'o portador da luz'). Ele é realmente o mesmo deus que Baal/Beli/Balor, porém uma versão porterior e mais sofisticada sobre ele. Em mitologia, a substituição histórica de um deus por uma forma posterior (seguindo-se à invasão, por exemplo, ou um avanço revolucionário na tecnologia) é muitas vezes relembrado como a matança, cegueira ou castração do mais velho por parte do mais novo, ao passo que a continuidade essencial é reconhecida ao transformar o mais novo no filho ou neto do mais velho. (Se a divindade substituída for uma deusa, ela muitas vezes ressurge como a esposa do recém-chegado). Portanto Lugh, na lenda irlandesa, foi o líder dos Tuatha Dé Danann ('os povos da Deusa Dana'), os últimos mas não únicos (?) conquistadores da Irlanda no ciclo mitológico, enquanto que Balor era rei dos Fomors, aos quais os Tuatha Dé derrotaram; e na batalha Lugh cegou Balor. Ainda de acordo com a maioria das versões, Balor era seu avô, e Dana/Danu era a esposa de Balor. (Neste caso, o casamento rebaixou (?) Balor, não Dana). Outras versões fazem de Lugh o filho de Balor. O folclore da nossa própria ilha [também_?] o faz, aparentemente; como Máire MacNeill (ibid., pág.408) registra : "De Ballycroy em Mayo vem um dizer proverbial em tempestades (no original consta como thunder-storms literalmente – N.do T.) :

A BÍBLIA DA FEITIÇARIA - Janet e Stewart FarrarOnde histórias criam vida. Descubra agora