o dia em que Kim Namjoon quebra meu braço

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Minha vida certamente não é um clichê adolescente.

Eu certamente não sou um nerd invisível, residente do último nível da cadeia alimentar da escola. Meus amigos com certeza não são tão nerds e invisíveis quanto eu, os caras mais estranhos do universo. E eu certamente não estou completamente apaixonado pelo garoto mais popular da escola, de forma alguma.

Quem eu estou querendo enganar? Minha vida é sim um clichê adolescente, daqueles bem bobos e previsíveis. E como se isso já não fosse suficiente, o amor da minha vida leia-se Kim Namjoon, nem sabe da minha existência, nunca nem me dirigiu um olhar, muito menos palavras.

Tudo o que eu faço é observá-lo de longe, e de forma nada discreta, admito. Mas, não importa, porque Kim Namjoon é um cego e tudo em sua vida se resume a basquete, seus três amigos e, muito provavelmente, heterossexualidade.

Entretanto, o clichê para por aí. Eu podia até ser um cara estranho, mas não era estranho e feio. Nada disso. Eu sou lindo e tenho plena consciência disso, o resto da escola é que não vê. Então, não tem nada do tipo "ele não tem ideia do quanto é lindo".

Além disso, Kim Namjoon é um gostoso, um verdadeiro homão da porra, mas minha atração por ele para por aí. Ok, eu acho tudo o que ele faz incrível? Definitivamente. Mas, sei bem que ele é daqueles caras durões, sérios e ignorantes, que não vêm um centímetro para fora de seu mundinho de popularidade. Kim Namjoon é exatamente o contrário do que chamam de paixão intelectual, porque na verdade eu acredito que ele não possua intelecto algum para se apaixonar.

Isso me impedia de imaginá-lo se declarando para mim de inúmeras formas? Nunca falei isso. Muito pelo contrário; todas as noites, antes de dormir, eu me imaginava beijando aqueles lábios carnudos – ou acabava indo dormir totalmente iludido ou com uma ereção. As duas coisas eram ruins, já que não havia realmente um Kim Namjoon ali para me ajudar com esses problemas.

- Você tá babando, Jinnie.

- Acha que eu não sei? – Rebato sem tirar os olhos da quadra.

Era o horário da aula de educação física e, obviamente, eu e meus amigos estávamos matando tempo nas arquibancadas. Como sempre, sem participar das atividades. A questão é que os garotos machões time heterossexualidade sempre tomavam a quadra para jogarem basquete. E sempre basquete. Nunca futebol ou vôlei ou, sei lá, amarelinha. Para completar, o professor estava cem por cento nem aí, então não interferia ou exigia que eu e meus amigos participássemos. No final do trimestre, todos ficavam com a nota muito além da média; mesmo eu que nem soubesse correr direito.

Mas, dessa forma, eu estava livre para admirar o amor da minha vida em ação. Ele na quadra sendo o deus do basquete e eu nas arquibancadas fazendo a Gabriela Montez. Só faltava uma música começar a tocar e eu fazer um dueto com meu Troy Bolton.

Como minha vida segue um clichê adolescente a risca, também há uma Sharpey Evans. O nome dela é Lalisa alguma coisa. Mais conhecida como Lisa, a melhor integrante do grupo de dança da escola. Meu deus, se eu tivesse pelo menos um pouco de heterossexualidade em mim, essa menina não estaria solteira. Ela é linda e dança muito bem; inveja do talento dela, inclusive.

Todo mundo na escola sabia da queda, do abismo que ela nutria por Namjoon. Menos ele, é claro. Sendo assim, enquanto os garotos jogavam basquete, as meninas da turma que faziam parte do grupo de dança ensaiavam alguma coreografia cheia de rebolados e descidas até o chão. E Kim Namjoon olha para elas? Nem um pouco. Eu posso até não ter chance com ele porque ele não é gay, mas Lisa não tem chance porque, eu começo a desconfiar, ele só tem tesão em basquete.

- Lisa ainda não desistiu? – Park Jimin, um de meus melhores amigos, ri da menina.

- Eu sei? – Respondo indignado. – Sinceramente, ela deveria juntar o resto de orgulho que ainda possui e partir pra outra.

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