Prólogo

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- Anda, Joohyun! Vamos nos atrasar, e a culpa será sua!
- Aish! Que chata! Estava difícil pegar aquele cervo, sua chata!
- Sim, mas demorou uma eternidade! Só não envelheço, porque não tem como.
- Idiota. - Me deu língua.
- Tão infantil é ela, meu Deus. - Caçoo.
- Aish! Dane-se. Vamos logo? Já que você está com tanta pressa assim.
- Não.
- E por que não?
- Agora, vamos esperar a Tzuyu.
- E onde ela está?
- Ela foi hoje mais cedo, pegar as bolsas de sangue.
- Ah! Então ok. Se for por isso, espero com o maior prazer de todos. - Seu sorriso é grande, e cheio de felicidade. Rio.
- Boba.
- Não sou! Só iludida, mesmo. Espero que ela traga a minha favorita; O-. Hum… já estou sentindo o gostinho na minha boca. Oh ilusão, por que faz isso comigo? - Ela cantarola, de olhos fechados. E eu rio mais
- Não posso nem reclamar, sou a mesma coisa.
- Hã! Tá vendo? Fique quieta na sua, aí. Que você também é iludida demais da conta, pelo B+. - Joohyun cruza os braços, e um bico extremamente fofo, é distribuído em seus lábios finos.
- Bobinha. Tá, agora vamos esperar a Tzuyu para irmos até a escola. Certo assim?
- Certo! - Ela assente freneticamente.
O cheiro de sangue fresco está pairando pelo ar. Poluindo minhas narinas com o cheiro forte e delicioso. Fungo. Para sentir melhor do odor adocicado e forte que tanto me hipnotiza. E Tzuyu não está tão longe assim… O cheiro de seu perfume enjoado, preenche as minhas narinas, e faz o cheiro bom das bolsas de sangue, sumir num passe de mágica.
- Aish! Quantas vezes já te falei que esse perfume é ruim?! - Joohyun e eu falamos em uníssono, com os dedos; polegar e indicador, tampando nosso narizes, para que o cheiro de chiclete não impregne o local onde estamos.
- Aish! Que saco…! Eu trago dez bolsas de sangue e é assim que vocês me tratam?! Que belas amigas vocês são. - Tzuyu cruza os braços, abaixo dos peitos. E faz um bico manhoso. Meu olhar percorre suas mãos, para procurar as bolsas, e não às encontro.
- Onde estão as bolsas de sangue?
- Ah é! Estão dentro da mochila. - Ela dá de ombros.
- Hum… Me dá aí, as minhas.
- Espera, vou fazer os cálculos de quantas são suas, e quantas são da Joohyun e quantas são minhas. - Ela conta nos dedinhos e eu e Joohyun batemos, ao mesmo tempo, em nossas testas. Reviro os olhos.
- Aish! Quantos trouxe mesmo?
- Dez.
- Então vamos fazer o seguinte, três fica com cada uma, e eu levo uma para o Yoongi.
- Ué, por quê?! - Joohyun pergunta, indignada.
- Porque ele é meu irmão, e porque a Tzuyu deve ser burra demais da conta de deixar de ter trago doze, para trazer dez.
- Aigoo! Da próxima vez você que traga, então.
- O que acha que vou fazer hoje, quando chegar da escola? Não sou besta não, Tzuyu. Quando chegar hoje da escola, vou pra Busan, e pego lá, doze bolsas para nós. E três pro Yoongi. Ele merece umas bolsas de vez em quando.
- Aigoo. Verdade, ele é tão fofo.
- Tira o olho, que o Yoongi já tem dona. Se a Miyeon descobre isso… Tu fica ferrada, Tzuyu. - Nossa amiga a aconselha.
- Eu sei, porra! Aigoo! A pessoa não pode nem mais comentar nada nessa vida! Saco. - Sua indignação é nítida, e me faz rir. Joohyun percebe isso e ri também. - Quê? Agora estão rindo de mim?! Aish! Foda-se! Não quero mais saber, na escola entrego as bolsas. Tô nem aí. - Mexe os ombros.
- Não, Tzuyu! Vai, dá agora. Por favor…?
- Aish! Tá, Unnie. Só porque é você.
- Obrigada.
- Imagina, Unnie. - Seu olhar cruza direto com o de Joohyun, e já sei o que irá acontecer.
- Ah, não! De novo, não!
- O que, Joohyun?
- Você vai me encher o saco, dizendo que “só obedece a Micha, porque ela é a sua Unnie predileta, e a mais velha, dentre as quatro, e blá blá blá…”. Aish! Já estou até cansada de escutar esse diálogo besta. - Seu revirar de olhos, e a voz já irritada, faz Tzuyu rir, baixinho. - Isso é tão chato e cansativo. Nam! Chega. Can-sei!
- Nossa… Eu sou tão previsível assim? - Sua pergunta faz Joohyun rir, pois ela solta a pergunta no intuito da brincadeira, para não ficar um clima “pesado”.
- Sim, é sim. Tá, agora chega. Dá logo as bolsas de sangue, pra gente ir logo pra escola. - Seu resmungo sai baixo.
- Falando assim… Parece que você é estudiosa, e que gosta bastante, de estudar. - Meu semblante de “chocada” é engraçado até para mim. Estou com a mão direita sobre a bochecha também direita, e o braço esquerdo apoiando o outro braço. A boca aberta e os olhos arregalados, são o toque final para todas rirem, e um segundo de silêncio vem de minha parte, até não conseguir me segurar mais, e rir junto de minhas amigas.
- Tá bem, toma aqui, as bolsas. - Ela distribui as bolsas.
Pego as minhas e a de Yoongi. Ás guardo na mochila e me viro para minhas amigas.
- Vamos?
- Sim. - Falam e assentem, em uníssono.
- Ahm… Unnie. - Tzuyu me chama.
- Manda.
- Então… Vai ser de quê? Sabe, vamos de carro ou vamos fazer corrida? Faz muito tempo que não fazemos corrida, e eu quero.
- Corrida, claro! Só pra humilhar… - Rimos. - Não, agora é sério. Corrida, também estou com saudade de correr. - Sorrio. - Anda. Vamos logo. - Me posiciono em meu lugar, e elas fazem o mesmo, e me esperam começar. - Em suas marcas… Preparar… Apontar… AGORA!
Deixo elas irem na frente, e segundos depois, saio em disparada. O vento joga meus cabelos para o alto, e faz eu sentir a leve brisa matutina. Meu sorriso aparece, e se expande conforme eu corro. Ultrapassou minhas amigas. Paro. Estou um quarteirão amenas, para não ser vista, e aguardo, cautelosamente as minhas amigas. Observo meus dedos, cobertos com os anéis, e olho minhas unhas, cobertas pelo esmalte preto, e vejo que já saiu grande parte da tinta, e ainda hoje, depois que chegar de Busan, irei pintá-las novamente. Ajeito o cabelo. Limpo as botas pretas, e a calça. Balanço o braço, para que as pulseiras de ouro fiquem nos pulsos. E estalo o pescoço, depois de ter passado a mão na jaqueta de couro vermelha.
Joohyun e Tzuyu chegam.
- Amém! Acho que até teia de aranha já deve ter criado em mim. - Dou uma volta, e me vejo. Fazendo ambas rirem. - Ganhei de novo. - Sorrio, batendo palminhas e dando pulinhos de alegria. - Nossa. Vendo assim, nem parece que tenho 122 anos, credo. - Faço uma careta, recebendo mais risos das minha amigas.
- Ai, não diga. - Joohyun balança a mão para mim. - Você é uma criança todinha, Min Micha.
- Tenho que concordar com você, Unnie. A Micha é muito infantil.
- Quando quero. Porque, minhas lindas. Eu sou foda na cama. Falando nisso, faz meses que não transo. Tô triste, agora. - Cruzo os braços e faço um bico.
- Quantos meses, Micha?
- Então… Se eu dissesse que faz uns três meses, o que você diriam?
- Caralho?! Três meses?! Nem eu! - Falam em uníssono, apontando para si mesmas.
- Tá, tá. Eu sei! Mas a culpa não é minha. É o Seokjin que é gay. - Resmungo. - Vai terminar com ele hoje?
- Sim, tenho que terminar com ele. Aliás, ele ama o Namjoon. E não eu. A mim, ele só me vê como amiga. Foi bom enquanto durou.
- É verdade… - Tzuyu murmura, para si mesma.
- “É verdade” o quê? - Pergunto.
- É verdade que você é infantil quando quer.
- Ah não. - Rimos. - Socorro! Você nunca reparou? Ai, meu pai! Vou chorar aqui. - Tiro uma lágrima do olho, quando termino de rir. - Certo, vamos lá. Temos que ir para a escola, um termino me aguarda. - Esfrego as mãos umas nas outras.
- Boa sorte. - Joohyun diz, e Tzuyu dá batidinhas em meu ombro.
- Sem problema. - Rio. - Agora, vamos.
Saímos de dentre as árvores, ainda afastadas da escola, e andamos, até um ponto onde já se encontra a rua.
Andamos mais um pouco, e os portões da escola já estão em nossas vistas. Mais um pouco, e atravessamos o campus. Com os olhares sendo diretamente erguidos até nós. Os murmúrios baixos dos alunos são ouvidos por mim. Uns dizem que as “rainhas” da escola chegaram. Outros, mais despeitados. Só bufam e falam que nos amostramos. Já outros, babam sobre nós. Dizem que comandamos a escola, reinamos sobre ela.
Procuro Seokjin com o olhar, e o encontro, conversando com Namjoon, seu amado, meu amigo.
- Jinnie! - O chamo, e os olhares só aumentam. - Eita, que povinho curioso… - Sussurro para mim. - Meninas, daqui à pouco, toca, vão logo para as suas salas. Anda, vai. - Às informo. - Jinnie. - Me aproximo de meu namorado e Namjoon. - Quero te falar uma coisa… Muito séria.
- Eu também. - Ele engole em seco. - Olha, é o seguinte…
- Eu quero terminar, para você ser feliz, Jinnie. - O interrompo, soltando tudo de uma vez. Seus olhos se arregalam.
- C-Como?
- Eu sei que você e o Namie têm algo juntos, não adianta mentir para mim. Eu já sei. Sei que você se apaixonou por ele, e não te culpo. E sei que, você quer terminar comigo também e ficar com ele. E eu quero a sua felicidade, Seokjin. Então. Terminamos, e pode ficar de boa. Porque não vou falar para ninguém que você tem um caso, tá?
- T-Tá. Obrigado, sabe… Por me apoiar, e não ficar contra mim, nem nada…
- Que isso, Jin! Eu nunca faria isso. Não sou uma vaca com ninguém, nem com você. Acha que eu ia ligar? Meu bem, em toda a minha vida. Nunca liguei pra quem terminava comigo, aliás para que iria reclamar? Se a pessoa queria, eu deixo a pessoa livre, poxa! Não quero prender ninguém.
- Obrigado mais uma vez, Micha. Você é a melhor amiga que alguém pode ter. - Me abraça. Retribuo.
- Por que acha que as meninas me amam? - Rimos. - Também te amo, Jinnie.
- Mas eu não… Aish! Deixa, esqueci que você sabe “prever” o que a gente vai dizer. - Rimos.
- Até mais, Jin. Tchau, Nam! Meu casal! - Sussurro sem voz para eles, e ambos coram. Sorrio satisfeita.
Ajeito minha mochila, e ando até as portas do colégio. Perto de minha sala, um cheiro diferente, me inebria. É algo quente. Doce. Forte… É um cheiro que eu nunca havia sentido antes, me faz delirar. Me hipnotiza. É algo tão inebriante quanto qualquer outro cheiro que eu já senti antes. Reviro os olhos, no ápice do prazer, que é sentir tal cheiro. É um sangue diferente, e gostoso. É letal.

Teu cheiro me vicia, e eu adoro…
Seja meu… Do mesmo modo que sou sua… Meu humano tão precioso

My HumanOnde histórias criam vida. Descubra agora