My Human

Cheiro

Minhas pernas ficam bambas. E não consigo me segurar. Estou fraca. É um cheiro tão novo, tão diferente, e tão hipnotizante. Que me faz cair no chão, atraindo os olhares curiosos. Fecho meu olhos. E sinto algo diferente, algo se aquece dentro de mim. É como se eu voltasse a respirar. Voltasse a ser humana, porque sinto coisas, que há anos não sentia mais.

- Micha! - Meu nome é dito de longe, mas eu não consigo raciocinar, porque franzo o cenho, e não consigo, de jeito algum, me levantar. Alguém me levanta. E eu reconheço o cheiro do perfume, forte e amadeirado de meu irmão. É Yoongi. - Micha. Dá pra abrir os olhos? Por favor, maninha. O que houve com você? Me responde. Vai... - Abro, lentamente, os olhos. Tentando normalizar a minha "respiração". E busco os olhos de meu irmão. - Micha, o que foi isso? - Ele pergunta, espantado.

- Yoon... - Gemo. - Me leva para um lugar mais afastado daqui... - Solto, com certa dificuldade.

- Tá...

Seu braço esquerdo passa por minhas coxas, e o direito está posto abaixo de minha nuca. Ponho as minhas mãos ao redor de seu pescoço. E sou levada para longe dos olhares curiosos. A luz do sol é refletida sobre meu rosto, e faz com que eu aperte os olhos, com a luz que tanto me incomoda. Minha garganta seca, e eu só tenho vontade de experimentar aquele gosto doce, e inebriante que eu senti agora a pouco. Meus olhos tremem, minha visão fica turva, e minhas íris queimam. Meus olhos estão vermelhos. Estou com fome, e eu a quero saciar. Abro e fecho a boca, para fazer saliva. Mas, estou com fome, e aquele cheiro é gostoso demais...

- Aish. - Resmungo.

- O que houve, mana?

- Yoon, estou com fome. E eu senti um cheiro bom de sangue...

- Mas você já se acostumou, maninha.

- Não! Esse sangue, ele é diferente. É gostoso de se sentir, e eu quero provar.

- Como assim?

- Eu quero aquele gosto, na minha boca, mas não posso atacar a pessoa, Yoon... - Resmungo, me mexendo em seu colo.

- Micha, me escuta. Eu não senti cheiro algum, só o de sempre. Você comeu hoje? Já caçou? Noona, isso é sério, você tá pálida, e quando eu te peguei no colo... Você tava respirando?

- Acho que sim... Yoon, eu comi sim. Hoje eu cacei com a Joohyun. Mas essa é uma fome diferente. - Meus olhos ainda estão fechados.

- Micha, abre esses olhos, agora. - Á voz grave, ele diz. É autoritário. Ele está preocupado. Abro os olhos. - Micha, que porra é essa?! Você tá mesmo com tanta fome assim?

- Yoon, eu juro que não sei como isso aconteceu, ou porque aconteceu. - Me defendo.

- Então, esse sangue deve ser muito bom, para você ficar assim... Eu raramente te vejo neste estado. - Admite, pensativo.

- Yoon. - O chamo.

- Hum...?

- Me põe no chão, e vai pra aquela árvore ali. - Aponto.

- Certo, Noona.

Sinto o leve atrito da grama, levemente molhada, abaixo de mim. Estamos debaixo da árvore que eu havia pedido para ficarmos. Minha cabeça dói, lateja, e eu permaneço com a fome descontrolada que estou a sentir agora.

- Trouxe bolsas de sangue. - Comento.

- Ótimo! Espera aqui, vou na cantina da escola, para pegar um copo para você. Tá?

- Eu trouxe o meu copo, não preciso do da escola, é feio. Nam. - Faço careta. - Aqui. - Abro a mochila, e amostro o copo de plástico vermelho, transparente, com canudo preto e campa também vermelha. - Que é? Sou precavida, ué! Tem que ser esperta, o da escola é feio e é um nojo. Já o meu, é só meu, e é bonito. Ah é, e não é um nojo. - Dou de ombros.