Hoje - Sample

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"Não é ele, eu estou projetando-o nele, impossível que ainda haja algo pra sentir. Acabou, depois de tantos anos, todo esse tempo não pode ter sido em vão" ou pelo menos era no que ela queria acreditar, por incrível que pareça, depois de tanto tempo a sensação permanece, o modo como ele a tocava continua sendo o mesmo, infelizmente, todos os anos que ela passou tentando esquece-lo foram em vão. Sample, pobre Sample, como perdia o controle de si em sua presença, em seu toque, de repente, se encontrava totalmente nostálgica, sonhando acordada em um banheiro do ofício até ser despertada por um bater na porta, ela precisava sair logo da li.

Conforme o tempo passava, o prazer foi substituído por raiva "Quem ele pensa que é? Pensa que pode chegar do nada e fazer o que bem quiser?", a mulher estava magoada, ela se fez acreditar que não fora amada, que aquilo não passou do produto dos hormônios adolescentes, por isso, não queria mais "brincar", já tinha 25, acreditava que era idade suficiente para começar a criar relações duradouras, portanto, decidiu-se que precisaria ignora-lo, pois já viu que esquecer não era uma alternativa.

O dia se passou sem interrupções, o novo ambiente e projeto a distraía, ao término do expediente ela não se encontrava cansada, muito pelo contrário, sentia que precisava respirar um ar e beber um copo de Tequila como se fosse água, pensando nisso a mulher apressou-se em ligar para sua companhia mais fiel, seu melhor amigo Andrew, que atendeu no segundo toque.

- O que foi, pirralha?- Sua voz denunciava um homem que tinha acabado de acordar.

- Olha só como fala! Eu acabo de ser indicada para o Óscar e preciso de um acompanhante feio para destacar minha beleza. - Cantarola enquanto gesticula seu corpo.

- Entendo agora porque ganhou tal prêmio, deve ser mesmo uma puta atriz para fingir que eu sou feio. Aonde deseja ir e quantas bebidas planeja pagar para seu acompanhante?

- Hm... Vamos ver, me surpreenda, estou aqui a pouco tempo, você conhece essa cidade melhor do que eu.

- Eu te conheço Sample, você quer mais é que eu seja seu motorista. - Fala com um tom risonho. - Ok, em uma hora eu apareço na sua porta.

- Uma hora? Não dá tempo nem de eu me... - O homem desliga, não deixando que terminasse de falar.

Ela estava pronta, com uma calça preta, cabelo solto, batom vermelho, sandálias confortáveis e uma camiseta dos Mamonas Assassinas, banda que guarda no peito. Agora só bastava esperar a sua carona, que foi assustadoramente pontual, ele estava de tirar o fôlego, como sempre esteve. Andrew fora uma rapaz muito desejado na adolescência, mas mesmo rodiado de pessoas, sempre sentia estar sozinho, esse foi um dos motivos de ter se aproximado de Sample, a garota parecia não se importar com sua aparência, ela de fato não o desejava fisicamente, muito menos queria algum tipo de relacionamento romântico com ele, junto dela ele finalmente conseguiu construir uma amizade verdadeira, que pendura até os dias atuais.

- Eae, delícia! - Fala após a mulher abrir sua porta. - Como nos filmes antigos, não acha?

- Claro, temos até um idiota que pensa que vai levar alguém pra cama com um "delícia", vamos logo, preciso me divertir um pouco! - Fala jogando as mãos para o alto.

O homem para o veículo em um estabelecimento com placas em Japonês, Sample tinha que admitir, não estava esperando por isso, o lugar a intrigava, tentou buscar respostas no rosto de seu amigo, mas o mesmo só a respondeu com um sorriso. Somente depois de os dois estarem fora do carro que ele se pronuncia.

- Relaxa, é um lugar que você sempre quis ir.- Diz olhando para o local.

Quando ele abre a porta revelando um animado bar-karaoke, os olhos dela brilham como os de uma criança que acabou de ganhar um presente incrível de seus pais. Imediatamente coloca suas mãos na boca para abafar um "palavrão", com seu estado genuíno de felicidade ela se direciona para agradecer o amigo com um abraço apertado, que é retribuído com um "peteleco" na testa. O ambiente é realmente animado, tendo pessoas de diversas idades e o principal para ela, o karaoke! A noite foi realmente divertida, ambos cantaram diversas musicas, como se estivessem no Ensino Médio, pela quantidade de álcool ingerida por ela, logo logo estaria dormindo em uma cadeira qualquer, o que o avisava que precisavam ir.

- Embora eu não tenha bebido uma gota da "água milagrosa" foi bem divertido, na verdade, bem mais do que eu imaginava. - Ele comenta com uma Sample quase inconsciente no banco de trás. - Se você fica assim quando bebe, não beba longe de mim - Fala enquanto a observa pelo espelho. - O que deve ter acontecido? Você quase nunca bebe...


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