Primeiro dia de muitos ...

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Eu e o Théo nos conhecemos a quase dois anos,me lembro que no dia estavámos nessa quadra e eu estava sentada no chão com as mãos envolvendo o meu joelho,minha visão estava embaçada por conta do choro então acabei não reconhecendo a sua silhueta,estava a ponto de levantar quando senti uma mão meio áspera tocando em minhas costas,virei meio bruta e dei de cara com um menino de aproximadamente  um metro e oitenta e cinco com seus cabelos negros me olhando com um jeito calmo.

-Oi,eu pensei que tava sozinha aqui!–falei um pouco sem graça desviando o olhar para a grande porta vermelha.

-Desculpe,eu vi você aqui chorando e pensei se poderia ajudar em alguma coisa! Isso foi por conta do jogo?–ele falou sem desviar o olhar .

-Sim!Vamos dizer que hoje não dei o meu melhor em campo...– falei com os olhos marejando novamente e passei rapidamente o peito da mão para tirar o exesso de água do meu rosto.

-Faz parte,nem sempre a gente vai bem em algo,tem dias que estão mais complicados que o normal,mas não podemos abaixar a cabeça pra eles,devemos nos levantar e continuar da melhor maneira possível.O jogo não foi bom,e daí? Chorar vai adiantar de algo? Pega essa bola e vai treinar,se esforça em melhorar oque não está bom.– Ele disse fazendo minhas lágrimas pararem de descer,suas palavras vieram como socos na boca do meu estômago,mas era tudo verdade,as pessoas só estavam muito preucupadas em passar a mão na minha cabeça.

-Você tem razão,ficar aqui chorando não vai adiantar de nada,preciso comer pra pensar em algo!–falei dando uma risadinha.

-Que tal irmos comer uma pizza? Hoje é por minha conta! – ele disse enquanto me ajudava a levantar daquele chão sujo.

-Fechado!– falei enquando dava batidas na minha roupa para tirar a sujeira do chão.

Peguei minha mochila e fomos para uma pizzaria perto do colégio,passamos a noite dando risada e contando besteiras, a partir daquele dia eu e o Junior não nos separamos mais e deu no que ainda tá hoje!

Na verdade estamos numa fase um pouco conturbada,desde o fim do ano passado estamos tendo alguns desentendimentos,mas eu espero que isso não acabe com o nosso relacionamento,afinal, o que eu sinto por ele é meio novo,nunca tinha chegado nessa intensidade  com algum cara,uma coisa mais séria não teria espaço na minha vida,mas acabou acontecendo, e hoje me sinto até madura por poder consiliar tudo que eu tenho que fazer,minhas obrigações,deveres,diversões...

Agora entrando por aquela porta me sentia aliviada por saber que eu tinha alguém que tava ali para mim,disposto a sempre estar ao meu lado.

Ele nem esperou eu chegar até onde estava sentado,veio em minha direção com um sorrisinho fácil nos lábios pouco carnudos,pulei em seu pescoço quando a distância entre nossos corpos era quase nula e senti o cheirinho do seu perfume meio amaderado,sorri por isso não ter mudado durande as férias.

- Que saudade que eu tava de ...– falei sendo interrompida por seu beijo quente e lento que me levou a um descompasso dos batimentos cardíacos,sorri durante o beijo feliz por finalmente estarmos juntos .

As nossas familías sempre se deram muito bem,na verdade meus pais amavam meu namorado, porém, diferente das nossas primeiras férias namorando, não passamos essa juntos! Na verdade a avó do Théo morreu uns dias antes das aulas acabarem e sua família acabou indo pra cidadezinha que ela morava lá no interior do Ceará e eu viajei com a minha familía, então depois de quase dois meses separados era bom finalmente poder sentir ele perto,perto até demais,oque não seria um problema para mim,mas sim para a inspetora que no segundo seguinte fez o belo favor de assoprar seu apito no meu ouvido.

O beijo parou no mesmo segundo. A Cara de brava da mulher franzina e de pele rosada fez com que eu e Théo fizessemos uma força pra não rir.

Pegamos nossas mochilas e saimos da quadra,sua mão puxou a minha e saimos andando com seu braço em volta do meu pescoço.Andamos o colégio em busca da minha sala,o Théo me deixou na porta e foi em direção a sua sala,antes de sumir do meu Campo de visão ele vira e diz sem sair o som "Quadra no intervalo?",confirmei com a cabeça e entrei na sala,onde não tinha ninguém conhecido,quanta sorte da pessoa né,conseguir cair numa sala que não conhece ninguém.

Bem... primeiro dia de aula,mais apresentação e apontamentos básicos de iniciação das matérias,foi o resumo das três primeiras aulas. Contei todos os segundos para o sinal tocar e poder fazer o que eu mais gosto,jogar! Era intervalo,aquele momento ninguém poderia me tirar.

Assim que tocou desci para o festiário e troquei a roupa pelo uniforme do time,peguei a bola e fui em direção a quadra.

- Ora Ora,se não é a Maria Macho!– disse a menina morena de olhos negros que estava na minha frente,Camila a ex do meu irmão, Victor teve o bom senso de terminar com essa garota,uma pena que ela não teve esse mesmo bom senso de me deixar em paz.

Não era nem possível que essa garota já tava procurando se aparecer,ai Deus! Me dá paciência para não enfiar a bola na  garganta dela abaixo!

- Ora Ora,se não é o ser mais despresível,que não conhece o futebol feminino,importante conquista na verdade! – falei e ela veio pra responder algo que nem dei importância pois já tava longe!

Tolinha,se acha que vou gastar meu pouco tempo de jogo com ela.

Cheguei na quadra e fui aquecendo, esperando o treinador aparecer.

-Hoje a quadra é minha! – falou um dos garotos vestido com a blusa de time e o Leonardo aparece ao lado dele com a mesmo uniforme.

- Sinto muito,mas não!– disse e continuei aquecendo ignorando a presença dos dois.

- Eu acho que podemos treinar juntos– falou o Leonardo tentando amenizar a cara de indignação do amigo.

Dei de ombros e peguei a bola.

- Vamos treinar então!– falei para os dois enquanto via por cima do ombro do menino que tinha chegado com o Leonardo,o Théo apareceu e sentou na arquibancada,seus olhos se encontraram com os meus e ele deu um sorrisinho.

- Pode ser! Cebola você pega o gol.– disse Leonardo para o menino,que logo concordou e foi para a trave.

- Olha, você tenta me driblar primeiro pra depois fazer o gol, já que tá com pouca gente! Faço a defesa e você ataca.– falei amarrando os meus cabelos com uma xuxinha que estava no meu pulso.

–Fechou! – ele disse enquanto me soltava uma piscadinha.

Eu não sinto esse ranço pelo Leonardo por nada e também não surgiu do nada,na verdade quando éramos pequenos,ele sempre ia na minha casa brincar com o Victor e comigo também,passávamos horas jogando futebol,ou um joguinho no xbox,a gente cozinhava de mentirinha e faziamos guerra de almofadas. Eu fui crescendo,os meninos foram crescendo e fomos mudando,na verdade o Victor odiava que eu saísse com eles para as festinhas,luais,e eu fui me afastando...Depois de tanto tempo a pessoa com que eu brincava e arrancava minhas risadas,agora só arrancava minha raiva,o Leonardo não era mais aquele menininho de coração fácil,ele tinha se tornado uma pessoa distante e fria,que não se importava com as pessoas a sua volta,apenas consigo mesmo.

-Aí – Soltei um grito agudo quando algo atingiu minha cabeça.



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