No Bar Aconchegante

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 No último semestre de Belas Artes, resolvo sair um pouco para liberar as tenções da semana. Um barzinho muito aconchegante perto da facul me chama a atenção como todas as outras vezes, e de novo, assim que entro, vejo ela em cima do palco, junto a ela uma banda. Não sei se é só eu, mas enquanto a mulher cantava nem se notava a banda que fazia o acústico de fundo.

 Já havia me decidido que no final do semestre iria me mudar com minha cachorra, tentaria algo novo, um emprego no ramo que gosto. Toda vez que re-penso isso no barzinho, meu peito dói. Me mudar significaria que nunca mais veria a mulher que me encanta os olhos, os pensamentos e as atitudes e isso não pode acontecer.

 Apesar de já ser fã e ver ela de mês em mês aqui, nunca a disse nada, perguntei ao barista meu bom amigo e o mesmo só me disse ''Não sei onde vive, nem mesmo sei seu nome. Apenas apareceu aqui procurando um emprego e então ficou''.

 Parece que dessa vez os deuses resolveram me ajudar, cheguei bem a tempo da ultima música, uma muito bela, que não era autoral, mas na sua voz parecia tão diferente. Com jeito meio bobo, meu passatempo era ouvir ela cantar, nem ao menos bebo, e para iniciar a história eu só vinha aqui para ver meu amigo, até essa mulher aparecer.

 Ao final da música as poucas pessoas que ainda estavam no bar aplaudiram, isso me inclui,  claro. Uma reverencia curta acompanha a moça que sai do palco e graças aos céus passa por minha mesa. Uma coincidência de filme acontece, seu vestido enrosca na minha cadeira, toalhas vão ao chão, uma bolsa acompanhada de uma mulata cantora e um par de óculos acompanhado de um desenhista desajeitado também se vão aos pisos.

 Seu rosto perto do meu, nossos corpos só não estão mais juntos pois meus braços seguram meu peso, mesmo assim, consigo sentir as curvas de seu corpo, que antes só admirava de longe.

-Você está bem?

-Acho que melhor do que viva é impossível... e você?

-Sim, claro... deixe-me te ajudar.

 Parece que o vento frio da noite me afasta dela, pois se não, eu não levantava. O pequeno rasgo que apareceu após eu ter ajudado ela a se levantar não parece ser notado, muito menos incomoda as linhas de sua coxa.

-Posso saber o nome da pessoa que acaba de me ajudar?

-Emeline...Emeline Silva. Posso saber o nome de quem quase esmaguei?

-Que nome diferente! E.me.li.ne, é bonito. Pode me chamar de Ana, mas se quiser identidade completa: Ana Julia Ferreira de Souza, é um prazer te conhecer.

-O prazer é meu, cantora.

 E assim conheci mais um pouco sobre a moça misteriosa que me encantava e que agora chamo somente de ''Ana''.

 Meu último semestre acabou, e agora eu e Ana estamos conhecendo os novos vizinhos, nossa cachorra está prenha e eu consegui emprego em uma produtora de jogos no centro. Meu passatempo não é mais vela cantar, é beija-lá, abraça-lá e acompanhar Ana em seus shows. Minha vida se tornou ouvir suas músicas e não me arrependo nem um pouco de ter ficado um pouco mais naquele bar, aquela noite.

 Minha vida se tornou ouvir suas músicas e não me arrependo nem um pouco de ter ficado um pouco mais naquele bar, aquela noite

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