Um Café Em Parque Güell

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-Verdade ou desafio?

-Desafio.

-Te desafio a beijar...

Era sempre assim, se não fosse para beijar ninguém brincava. Mas não tenho do que reclamar já que graças a esse jogo bobo de criança, tenho agora essa história para contar.

Por volta dos meus quatorze a quinze anos começaram um burburinho na escola na qual eu estudava, era o seguinte: se você tem no mínimo treze anos já devia ter beijado, pois se não era.... bem, digamos “mal dotado”. Na época eu nem sabia como uma boca se sentia, nunca tinha beijado.

Quando se é jovem é normal você ter uma roda de amigos, aos poucos essa roda vai diminuindo e vão ficando apenas os mais próximos. Dentre as pessoas dessa roda estavam os meus amigos que considero até hoje, estes mesmos  já tinham beijado, e “preocupados” comigo resolveram que eu também iria beijar. Mas como eles iriam fazer isso? Com um jogo é claro!

Então o plano estava armado, minha boca não seria mais “virgem”. As férias iriam começar em uma semana então os professores já não passavam nada, ou seja, oportunidade perfeita. A professora estava saindo da sala constantemente no dia, para atender os caprichos da diretora, aproveitando essa “deixa” o pessoal decidiu fazer uma roda, “vamos jogar o jogo do beijo!” diz um, “é verdade ou desafio burro!” grita o outro, um tempo de alvoroço depois começaram com a brincadeira. Uma garrafinha de água no meio de todos, meus amigos se entre olhando e rindo de algo que tinham sussurrado.

A garrafa para, “Lucas  e Marina!”  grita a dona da garrafa, Marina era uma garota que veio da Espanha morar com os avós aqui no Brasil, ela era linda! Tinha os olhos verdes e tanto a pele quanto o cabelo eram morenos. Já Lucas era um dos meus amigos, tenho contato com ele até hoje e gosto muito do mesmo, mas naquele dia quis matá-lo.

Esperto o garoto sorriu para Marina, então olhou para mim. “Desafio-te a beijar  Ariel”, sim eu tenho nome de produto de limpeza. A menina olhou para Lucas um pouco descrente e então resmungou algo ,  “ Manda Ariel vir aqui me beijar!” disse ela cruzando os braços. Acho que a intenção dela era que eu desistisse graças a timidez,mas já havia me decidido eu iria beijar a garota espanhola que encantava tanto meninos quanto meninas.

Beijei –a , não foi de língua nem nada, mas até que foi bom, pelo menos ela não reclamou. Meus amigos estavam comemorando silenciosamente quando voltei para onde estava antes, não sei se foi impressão mas me lembro dela me olhando até o final da tarde.

Quando voltamos das férias descobri que Marina tinha voltado a Espanha, surpresa me atingiu, mas vida que segue, e assim eu segui.

Estou agora num café em Parque Güell na Espanha,  eu sou do tipo que gosta de escrever em um café ou lanchonete, acho relaxante. Pedi um café preto a alguns minutos.

Alguém se aproxima, mas com a cara enfiada no Laptop não vejo seu rosto, até levantar um pouco os olhos, pegando de relance um café sendo colocado na mesa e lindos olhos verdes me observando tão surpresos quanto meus olhos castanhos.

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